Nota:
Olá!
Antes de começar a leitura, quero avisar que os nomes dos personagens foram mantidos como na obra original.
Jaskier = Dandelion
Plotka = Roach/Carpeado
Esta história se passa depois de The Witcher Assassins Of Kings e antes de Wild Hunt.
Boa leitura!
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O som da água um pouco distante dali era relaxante. Os pássaros também podiam ser escutados, e Jaskier desconfiava que alguns deles não eram dos mais amigáveis, porém, ele não temeu, até mesmo se empolgou com uma nova história completamente inventada que surgira em sua cabeça. Ele se debruçou sobre a pequena mesa de madeira clara, e com pressa mergulhou a ponta de uma pena na tinta escura. Precisava ser rápido, ou outra letra para outra balada cobriria a ideia inicial. Sua imaginação era demais para acompanhar, era o que Geralt dizia, e o bardo no fundo concordava; até ele mesmo em algumas ocasiões sentia dificuldade para acompanhar tantas histórias e os acordes que surgiam em sua mente com uma naturalidade espantosa. Era exatamente por isso que Jaskier sempre tinha papel e pena em mãos, para não deixar escapar nenhuma palavra, e, mais tarde, talvez ele escolhesse cantá-las para o mundo ou guardá-las para si mesmo.
Desta vez, a estrela de sua balada seria uma sereia. Ele ainda não havia tido um contato profundo com uma delas, mas podia imaginar com clareza como poderia ser. Geralt já havia entrado em contato direto com elas diversas vezes, e segundo o bruxo, até podia falar a mesma língua, ainda que com imperfeição. Jaskier riu sozinho. Poderia ele escrever sobre um bruxo e uma sereia cantando juntos no mar ou no ar? É claro que poderia, até mesmo transformaria Geralt em um ser aquático no final da balada, se fosse empolgante o suficiente.
Ele riu outra vez, contente demais ao imaginar o quanto o bruxo ficaria furioso com aquela história, e com este incentivo, tocou o papel amarelado com a tinta preta. Foi apenas um ponto escuro, e nenhuma palavra saiu. Junto dos sons naturais do lado externo daquela fortaleza, viera outro, bastante curioso de início, mas que ao se repetir demais, passou a desconcentrá-lo e a irritá-lo.
"Tuc, tuc, tuc", era madeira, com certeza era, e vinha do chão, bastante distante de onde era o quarto em que estava hospedado.
"Tuc, tuc, tuc", as sobrancelhas de Jaskier se juntaram, o olhar foi para a janela, e voltou para o papel. A tinta havia se espalhado, o ponto expandiu no papel, que foi amassado e substituído rapidamente.
"Tuc, tuc, tuc", o bardo fechou os olhos e respirou fundo. A pena foi molhada novamente, e antes de tocar o papel, a tinta pingou e o "tuc, tuc, tuc" continuou. Ele a apertou com força, e soltou um baixo xingamento. Já não se lembrava mais qual era a história que o fazia rir minutos atrás. Agora, Jaskier pensava em acordes que acompanhavam aquele "tuc, tuc, tuc" e não tinha letra alguma para aquela melodia.
A pena foi deixada de lado; a mesa foi manchada no lugar do papel, mas o bardo não notou por ter se levantado logo em seguida. Os passos foram rápidos até a janela, e o braço se apoiou na lateral enquanto inclinava a cabeça para baixo. Dali, podia ver o campo de treinamento dos bruxos. O "tuc, tuc, tuc" vinha de lá, onde três troncos grossos demais se moviam com rapidez e força enquanto pendurados, causando o barulho que o desconcentrou enquanto servia de obstáculo para o bruxo de cabelos escuros que se esquivava deles com maestria. Os pés eram ágeis e a espada de aço balançava no ar com bastante elegância enquanto treinava, era bastante empolgante de ver, porém, ainda assim, Jaskier torceu o nariz. A mão livre foi até a cintura, e o peso ficou totalmente sobre o braço encostado na janela.
— E depois, eu é que sou o barulhento — ele resmungou. — Como posso escrever deste jeito?
— Falando sozinho de novo?

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De Kaer Morhen à Kaer Trolde
FanficUm evento inesperado fez com que Geralt e Jaskier se abrigassem em Kaer Morhen. Após um mês se assegurando de que tudo estava bem novamente, Geralt recebeu um convite para a fortaleza do Clã an Craite, enquanto Jaskier estava impaciente para cumpri...