(três)

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– James –


Estávamos assistindo televisão com o pai de Lily.

Ele não estava vendo nada de muito interessante, mas era isso ou ficar com a irmã dela, Petúnia, que estava fazendo testes de amor com uma amiga. As duas queriam saber se eram compatíveis com um cantor que elas amavam.

Tecnicamente, nós até poderíamos fazer outras coisas. Visitar nossos pais, por exemplo. Ou Peter. No entanto, eu estava com medo de fazer aquilo e eu imaginava que os meninos também. Eu não queria ver quais tinham sido os efeitos da minha morte na minha família. Será que minha mãe estava em depressão? Será que meus pais tinham se separado? Ainda era muito cedo para ter que lidar com mais essa dor, eu ainda estava me acostumando com a ideia de estar morto.

Lily tinha ido falar com a reitora da sua universidade.

Ela tinha decidido destrancar o seu curso, agora que sentia a música correndo por suas veias novamente. Eu estava feliz por ela. Também estava feliz pelo mundo, que teria a chance de ouvir aquela voz. Era uma voz tão potente, mas tão delicada.

– Ela é linda – murmurou Remus.

– O que? – perguntei, olhando rapidamente para a porta.

– Essa garota – ele explicou, apontando para a televisão.

– Ah, certo – ri.

Sirius deu risada.

– James, você é tão previsível – ele murmurou.

Revirei os olhos.

– Cala a boca – grunhi.

Remus nos encarou.

– O que foi? – ele perguntou. – Não entendi.

É claro que não entendeu. Remus não perceberia um sentimento nem se ele estivesse dançando de tutu na sua frente. Talvez Sirius devesse vestir um tutu, na verdade.

– Nada – respondi, antes que Sirius falasse alguma coisa.

E Sirius apenas continuou rindo.

A porta da casa se abriu e Lily entrou, parecendo um pouco desanimada. O seu nariz estava um pouco avermelhado, e me perguntei se ela estava chorando no carro, antes de entrar.

Ela se virou para nós, sentados com seu pai, e tentou não expressar nenhuma reação.

– Oi – ela sorriu.

– Oi – respondi.

– Oi filha! – disse o sr. Evans. – Como foi com McGonagall?

Ela suspirou.

– Ela disse que eu preciso me apresentar para ela, os professores e quem mais quiser assistir – ela disse, se jogando no sofá ao meu lado. – Como minha matrícula ficou trancada por muito tempo e é um curso prático, é como se eu precisasse provar que ainda sei cantar e tocar algum instrumento.

– Isso é ridículo – murmurei. – Não é como se fosse possível esquecer algo desse tipo.

Ela me encarou, em silêncio.

– Bom, você acha que está pronta para isso? – perguntou o pai dela.

– Eu não sei – ela murmurou. – Espero que sim.

– É claro que está – disse Sirius.

Ela deu um sorrisinho.

– Mas o que aconteceria se você não conseguisse se apresentar? – o sr. Evans perguntou. – Você seria expulsa?

The Edge of GreatOnde histórias criam vida. Descubra agora