Presentes

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No avião, os agentes falavam por webcam com a Garcia.

_ Não tem muita coisa nessa pasta.

_ Tem uma digital oculta, que está passando pela segunda vez no sistema, assim que eu souber de alguma coisa, eu aviso. Tem também algumas fotos da cena do crime, com notas escritas pelo agente Rossi, que ainda estou analisando.

_ E ele esteve na cena do crime com os investigadores locais?

_ Deve ser por isso que o atormenta tanto.

_ Eu dúvido que foi o primeiro caso dele.

_ Tá, mas foi um caso grave, a arma foi um machado de cabo longo.

_ Tá, mas a gente já viu pior, desde que ele voltou.

_ Não tem mais nada pra comparar, nenhum crime relacionado?

_ Não achei nada, pelo menos não com esse padrão de assinatura.

_ Então é um homicídio duplo, sim. Mas uma única ocorrência sem cruzar fronteiras estaduais. Houve algum pedido das autoridades locais pela ajuda do FBI?

_ Eu acho que não.

_ E por quê é um caso da UAC?

_ Eu acho que não foi.

_ Olha Garcia, verifica outros crimes sem solução em Indiana ou nos estados fronteiriças, na mesma época. Um crime tão brutal não pode ter sido isolado.

_ Deixa comigo.

Garcia fala e logo após desliga a web chamada.

_ Mas qual é a dele com esse caso?

_ Não faço idéia.

Ao desembarcarem são avisados pela Garcia que o cartão do Rossi foi usado a menos de cinco minutos no bar do hotel que ele esta hospedado.

_ Se pagar, eu bebo!

Evy brinca.

_ Eu acho que a gente não pode pagar em um lugar desses.

Morgan fala em um tom divertido

_ Eu não posso.

J.J olha o ambiente ao dizer.

_ Vão embora.

_ Achamos que precisa de ajuda.

_ Se enganaram.

_ Ah, qual é Rossi, discute algumas teorias com a gente. Uma nova perspectiva, vai bem.

_ Esse não é nem um caso da UAC.

_ Pode não ser, ainda, mas eu faço qualquer coisa para virar caso da UAC, se quiser, é questão de papelada e eu entendo disso.

_ Por quê se importam?

J.J olha para Morgan, que olha para Evy.

_ Porquê importa pra você.

Evy responde.

_ Vamos sentar em uma mesa, vou contar a vocês.

_ Eu vim atrás de um estuprador psicopata, em oitenta e oito, foi um trabalho rápido, o cara não era nenhum campeão do QI, um dia depois que o algemamos, um investigador foi me levar até o aeroporto e aí ouvi um chamado de crianças no rádio, gritando numa casa próximo de onde nós estávamos. Ele perguntou se eu me importava de ir com ele, fomos os primeiros a chegar, dentro nós achamos...

_ Acharam isso.

Morgan entrega os arquivos com imagens dos crimes.

_ O machado tinha ficado, mas tinha sido limpo. Ele pertencia a família, a filha mais velha, Kone, me disse que o pai tinha comprado na véspera do natal, a uns meses para cortar a árvore de natal.

_ Agora, eu sempre associo isso tudo ao natal, nunca mais consegui montar a árvore na vida.

_ E ele não machucou as crianças?

_ Fisicamente não.

_ Mas ele sabia que às crianças estavam em casa?

_ Ele só matou os pais e depois saiu.

_ Ok, então usar uma arma que ele achou na cena e não eliminar todas às possíveis testemunhas torna ele desorganizado.

_ Mas ele não deixou prova, o que sugere organização.

_ Tinha uma digital.

_ Mas estava atrás da porta do quarto, eu acho que ele nem sabia que estava lá. Deve ter havido digitais em outro lugares, mas foram removidas. A porta dos fundos estava aberta e tinha um copo na cozinha, a única digital boa, não foi identificada. Já revi o caso milhões de vezes e eu fico pensando que se tivesse só mais uma pista, mais um rastro a seguir, a resposta apareceria na minha frente.

_ Ele pode está morto.

_ Eu preciso ter certeza.

_ Se ele está morto, você pode não saber nunca.

_ Quando chegamos na cena, antes das outras viaturas chegarem, eu podia ouvi-las, antes mesmo de sair do carro. Era uma manhã quente, às janelas estavam abertas no quarto de cima, às vozes pairavam pela rua. Elas choravam, chamando papai, mamãe. Três crianças apavoradas gritando pelos pais assassinados. Eu já vi, muita morte e dor, mas aquele som..

_ Já faz vinte anos e eu ainda escuto, eles gritando toda noite, chorando. Se eu não tiver certeza, que o responsável nunca mais vai fazer isso, esse choro nunca mais vai parar.

_ Onde eles estão agora?

_ A vó criou eles, ela morreu a um tempo e eles continuam morando lá.

_ Seria uma boa, irmos falar com eles.

_ Vamos lá.

Ao chegarem na residência, encontram Kone, a irmã mais velha do lado de fora da casa.

_ Oi Kone, eu trouxe a equipe...

_ Você quer parar com isso.

_ O que disse?

_ Achamos que se não retornassemos as suas ligações, você desistiria e nos deixaria em paz.

_ Eu sei que é doloroso, mas eu só quero garantir que alguém pague pela morte de seus pais.

_ A gente não se importa mais, já faz vinte anos, a gente tem que seguir em frente. Por favor!

_ Tá, eu não vou perturba-los de novo.

_ E para de mandar presentes.

_ Presentes?

_ O que quer que a gente faça com  um monte brinquedos que lembram o pior dia das nossas vidas?

_ Eu nunca mandei presentes.

A novata do FBI (Criminalminds)Onde histórias criam vida. Descubra agora