Dark Angel [Harry Styles Fanfiction]

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A minha cabeça ainda dava voltas quando deixamos a cantina, juntos. Após o espetáculo que foi aquele beijo, Harry entrelaçou nossos dedos e ainda em estado de choque, o acompanhei até a fila do almoço. Ele calmamente encheu nossas bandejas com comida antes de sorrir torto para a mulher de touca e avental atrás do balcão e ela nem tentou disfarçar o espanto quando deixou cair uma concha cheia de soja no chão.

Eu própria não conseguia acreditar no que tinha acontecido e penso se aquilo tudo não passou de apenas fruto da minha imaginação. Harry Styles me beijou, na boca — embora tenha sido somente um pressionar rápido de lábios — na frente de todos os nossos colegas e alunos de outras salas. O que Harry fez mudou completamente a reputação dele e a minha, que já não é muito boa. Eu não estava com raiva dele ou com vergonha dele, mas estava pasma com o que ele fez.

Quando a campainha de retorno para as salas soou, eu me escondi no banheiro feminino e Harry me seguiu. Ele barrou a entrada de outra garota que estava prestes a entrar no banheiro e tremi junto com a porta quando ela sacudiu com o punho irritado da menina. Será que ela viu Harry entrar comigo?

— Ei, me deixa entrar. — Ela exigiu do lado de fora.

— Ocupado. — Fui obrigada a gritar quando Harry me deu um olhar alarmado, já que ele não podia responder porque seria facilmente reconhecido pela voz grossa e rouca. Como em toda escola, não é permitido a entrada de meninos aqui.

— Qual é o seu problema? Por acaso é tão gorda que precisa ocupar todas as cabines? — Ela provocou numa tentativa de me fazer abrir a porta e confronta-la.

Seu comentário gordofóbico me irritou, mesmo que eu seja bem magra e tão pequena quanto um filhote de cão.

Me debrucei na borda da pia de granito e meus olhos raivosos encontraram o enorme espelho que cobria boa parte da parede em frente as cabines. Senti os olhos verdes floresta do Harry em mim, observando cada movimento que eu fazia. Eu arrisco dizer que ele não estava feliz com a perturbação da menina do lado de fora, mas eu não ia me calar dessa vez.

É só responder de volta, ela não pode me machucar aqui dentro. Existe a possibilidade de ela me esperar sair, mas eu iria me defender caso ela tentasse me intimidar por uma besteira idiota como essa. Não vou mais recuar como um bichinho perdido, tá na hora de crescer e por um fim nisso.

''Não deixe que as pessoas confundam bondade com fraqueza.'' As palavras de mamãe retornaram a minha consciência. Alene King não me criou para ser fraca, ela me instruiu para ser uma mulher independente, decidida e acima de tudo, corajosa. Mas em todos esses anos vivi escondida nas sombras das minhas próprias inseguranças, com medo de ser julgada pelas pessoas à minha volta e por causa disso, fui atormentada pelos que pensam ser os mais fortes.

Mas se tem uma coisa que eu aprendi de tudo isso, é que eles só são mais fortes se você deixar. E eu nunca mais permitiria alguém me gritar novamente e muito menos me bater. Minha mãe não sentiria orgulho vendo a filha que ela criou abaixar a cabeça. Eu não quero mais ser essa garota.

Apertei as mãos na pedra gelada da pia e estufei o peito.

— Bom.. eu disse que está ocupado, ou além de gordofóbica também é surda? — Estalei e minha respiração se instabilizou enquanto minha coragem aumentava de nível. De certa forma, esqueci por um segundo que estava na companhia de Harry e me empolguei com os meus pensamentos motivadores. — E talvez eu seja realmente enorme, tão grande que minha mão pode dividir sua cara em duas com uma bofetada se você continuar me aborrecendo. — Me surpreendi quando minha voz soou bem mais forte e áspera que o normal e fiquei ainda mais surpresa quando as investidas na porta cessarem e ouvi passos apressados no corredor.