Quem é ela?

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Estava com uma mulher na minha casa e não sabia quem ela era. Não sabia como tinha entrado e como faria pra ela sair. Antes que eu pudesse pedir pra ela se retirar, fui interrompido.

- Estou com fome. Olhei para ela, estava vestida com um vestido longo da cor branca, parecia que tinha saído de uma festa.

- Eu vou ver o que faço para você comer. - se levantei da cama, ainda com sono. Percebendo que ela ficaria no meu quarto, voltei.

- Me acompanha até a cozinha, por favor. 

A mulher que aparentava ter mais de 20 anos, me acompanhou com passadas curtas e cautelosas. Ela olhava para todos os lados, com a intenção de conhecer cada detalhe. Preparei um lanche pra ela e sentei na mesa, observando-a.

- Você é de onde? Ela terminou de tomar o leite e então me respondeu.

- Não venho de muito longe. 

Sua resposta foi curta e sem sentido.

- E seu nome, realmente é solidão?

- Sim. Mas se preferir, me chame de Ocitonina.

 Fiquei olhando para seu rosto durante alguns segundos e então se levantei.

- Você quer que eu fique, não é mesmo? - perguntou ela, me olhando.

- Por que acha isso? Sua resposta foi se levantar e me abraçar.

Fiquei naquele abraço durante 20 segundos e então sorri um pouco envergonhado.

- Deixa eu ficar? 

Continuei olhando para ela, não sabia exatamente o que estava fazendo, mas depois de seu abraço, percebi que sua presença seria importante pra mim. Fui até meu quarto e preparei a cama para ela, dormiria na sala até que tudo se resolvesse. No período da tarde, peguei alguns livros de minha estante e comecei a limpá-los, Ocitonina veio até a mim e se sentou no chão, olhando os livros.

- Gosta de ler?

- Muito. - respondeu, animada.

- Fique a vontade. - disse, entregando alguns livros pra ela. Folheando algumas páginas do livro O estudo em Vermelho, ela me olhou.

- A leitura é uma companhia a mais para a nossa vida, você já percebeu isso?

- Sim. É por isso que leio.

- Então por que se sente tão sozinho? A pergunta dela foi a mesma que faço para mim mesmo, todos os dias. Por que se sentia tão sozinho?

- Talvez porque os livros não conseguem me abraçar. Solidão olhou para mim e ficou admirando minha resposta. Peguei alguns livros e voltei no lugar em que estavam. Fui até a varanda da minha casa e fiquei olhando a lua. 

Ocitonina não queria ficar sozinha e por isso, veio atrás de mim.

- Você pretende casar um dia?

- Eu não sei. - respondi, estranhando a pergunta dela.

- Você já amou alguém na vida?

- Já. Sinceramente, acho que ainda amo.

- Essa mulher sabe disso?

- Sim. Mas ela não sente o mesmo por mim.

- E você acha isso ruim?

- Muito. Eu amo muito ela e isso ainda vai me matar. - desabafei, suspirando.

- E você, desistiu dela?

- Eu não sei. Não consigo deixar ela pra trás, mesmo que ela queira isso, é mais forte do que eu. Ocitonina me olhou e assim ficou, focada em mim.

As cinzas de um Coração FUDIDOOnde histórias criam vida. Descubra agora