I - Lembranças de uma única despedida

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Sua mãe deixara o quarto após ouvir uma batida na porta, era a mulher designada para ser a dama de companhia da futura monarca.

Após a retirada de sua mãe, Catherine voltou-se a encarar o nada, mesmo diante da ama que apressadamente soltava seus cabelos loiros escuros prontamente a escová-los.

Lembrando do episódio doloroso no qual corruía lhe o peito, ocorrido naquela mesma manhã, ela se sentia como se estivesse no local. Era como se tivera sido transportada a ele, via claramente o celeiro e sentado em um pequeno reboque velho de madeira — cuja não fora usado novamente, pois faltava duas de suas rodas traseiras — estava seu primeiro e único amor carregando um olhar gélido, após tê-lo dado a temida notícia de sua partida.

" —  Eu não farei nada disso que minha mãe tanto deseja! – a jovem andava de um lado a outro, com a mão no pescoço, como se estivesse com um nó preso na garganta.

—  Catherine, meu amor pensa bem, esta será uma grande oportunidade para ti e sabemos que eu... Bem, não sou digno de estar ao teu lado. – o rapaz com que conversara a observava cabisbaixo.

— Não diga isso! Você é o homem que eu amo e não me importo com títulos, cerimônias, vestidos deslumbrantes, nada disso importa, não quero passar o resto de minha vida sendo vista como uma esposa troféu.

O rapaz se aproximou da jovem intrigada e acariciou suas bochechas levemente rosadas, fazendo com que a mesma levasse a mão direita a sua mão apertando as contra o próprio rosto, como se fizesse que aquelas carícias durassem eternamente.

Eu havia lhe dito que essa seria a nossa última noite..., Mas a realidade é que eu não quero me despedir de ti.

O rapaz se afastou, e voltou seu olhar ao horizonte, fechou lhe os olhos, sentindo o cheiro que trazia, a brisa leve da manhã, no qual batia em seus cabelos negros , fazendo-os ficarem um pouco mais desgrenhados do que normalmente. Catherine apenas o observava , seus olhos rolavam sob os ombros largos do rapaz que tampava a pequena porta de madeira, deixando apenas escapar algumas meras faíscas de luz solar. Ela continuava quieta, dando lhe um tempo para pensar, apesar de não está se contendo por dentro.

Necessitava de respostas.

Não suportando o silêncio, ela continuou.

—  Peça que eu fique, por favor só peça e eu ficarei por ti, por nós. – completou a jovem aguardando súplicas para que ela pudesse, soltar finalmente o suspiro de alívio engasgado.

— Amo-te eternamente. – disse o jovem se virando.

Os dois se aproximando, fecharam o único espaço no momento que os impediam. Então ele a beijou, como se estivesse numa corrida contra o tempo, como se o mundo estivesse acabando, como se fosse a última vez.

—  Então é uma despedida. –  sussurrou Catherine após tê-lo soltado os lábios.

—  Eu não posso carregar a culpa de vê-la rejeitando algo que lhe pertence, infelizmente esta é a realidade vivemos um amor impossível. –  disse lhe afastando da jovem.

Encarando o chão ele concluiu.

— Por mais que machuque, – o moço levou a mão ao peito sinalizando a dor que carregava o coração – temos que ser compreensíveis, tu mereces o mundo Catherine e eu infelizmente não posso entregá-lo a ti."

De repente uma voz invade seus pensamentos, fazendo a se desprender de suas preocupações.

-—  A senhora está bem ? - disse a ama após terminar a bela trança que havia feito.

Seus olhos encontraram os dela em meio ao reflexo do espelho.

—  Estou sim... o que estavas dizendo?

—  Eu havia perguntado qual jóia a senhora gostaria de usar. – disse lhe apontando as maravilhosas jóias que estavam sob a penteadeira, na esquerda uma esmeralda, verde como os campos de Greensburg e a direita, um rubi escupido minuciosamente, vermelho como uma rosa.
—  Sinceramente não sei, escolha o que for do teu gosto.

A ama ficou impressionada com a atitude de tua futura soberana, como pode ser tão humilde a ponto de deixar uma escolha importantíssima nas mãos de tua mera serviçal?

Bom, sabeis que Catherine não é uma " princesa" comum e muito menos será uma Rainha deste porte.

— Qual és mesmo o teu nome? - perguntou-a a ama que estava vestindo lhe os sapatos de gala.

— Me chamo Evaline, assim como a rainha que antecedera –  percebendo a expressão do rosto de Catherine mudar, Eva se apresou em se desculpar. – Oh, perdoe-me senhora, é que as vezes eu falo demais e...

— Não precisa continuar, não tenho nada contra a Rainha, ou melhor, a falecida Rainha de Alarcour e ex esposa de Teodoro, suponho que és um acontecimento muito doloroso para ti.

— Eu era apenas uma dama de companhia. – disse a moça abaixando lhe a cabeça.

— Não se menospreze, uma dama de companhia é deveras muito importante para uma Rainha, pois quem poderia realizar todas as minhas fúteis vontades ?

As duas se olharam e sem conseguir segurar soltaram uma risada alta.

— Tu sabes se o Rei já desceu ?

— Sim, senhora estão todos aguardando a tua espera.

— Então Vamos, chegara a hora de encarar o meu futuro e acho que estou mais que atrasada. — disse Catherine num tom de convicção talvez fosse pra afirmar mais pra si mesma do que qualquer um que estivesse ali presente.

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