II - O noivado.

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Todos aguardavam ansiosos para a revelação da futura esposa e Rainha de Theodoro II. Mesmo com a chuva forte, ao redor do castelo, o povo Alarcouriano, não se importavam, pois para eles valeria a pena encerrar de vez a curiosidade que os tomam por dentro. Faziam diversas especulações de com ela seria.

" Ela deve ser jovem, para trazer nos herdeiros", diziam uns ," Será mimada como todas são" outros sussurrava, " Dizem que ela vem de Cantalonna, aquela princesa está há anos encalhada", gritavam do sul da multidão.

Murmurinhos tomavam o lado de fora.

Enquanto isso, dentro do castelo, descia as escadas como um anjo descendo do céu, Catherine, que finalmente era apresentada aos nobres convidados e autoridades da corte.

Ninguém seria capaz de desviar, ao menos por um estante o olhar daquela moça de traços lindos, olhos penetrantes, cabelos macios e brilhosos – presos em uma trança que ia até um pouco abaixo de seus ombros magros e expostos –,  lábios finos e pouco avermelhados como um doce de cereja, chamava a atenção. Não havia um, que estivesse presente no salão, que não tenha se encantado com tamanha beleza.

De fato, Theodoro soube escolher.

— Caríssimos é com muita alegria, que vos apresento minha futura esposa, Catherine Cassius! – todos aplaudiram a, que apenas agradeceu com um sorriso.

Aproximando da mesma, Teodoro estendeu lhe a mão convidando a acompanhá-la até o seu lugar de destaque. Neste momento Catherine pôde notar que todas as suas inúmeras imaginações de como seria o tão temido e prestigiado Rei, estavam mais que equivocadas. Apesar de ser mais velho que ela – pois quisera o destino que ficasse viúvo aos 38 anos de idade – e também um homem maduro cheio de responsabilidades e preocupações, ele tem uma aparência que para as outras, era um tanto encantadora.

De uma postura admirável, chamava antenção principalmente pelos seus olhos azuis de cor acinzentada, seus cabelos castanhos estavam grandes o suficiente para que as pontas quase conseguissem alcançar seus ombros largos.

Ao sentar-se a mesa, a jovem não pôde deixar de notar os lindos pratos, delicados com desenhos de rosas, a prataria dos talheres, a decoração, tudo estava muito encantador.

— Se me permite, senhorita Catherine, mas gostaria de saber como conseguiu participar da seleção mesmo não tendo nenhuma relação com o sangue azul ? –  disse o conde Ron Grimald.

Ron Grimald era Oitavo conde de sua família, um dos representantes do conselho do Rei, as primeiras impressões de Catherine fora forma como o conde cuspia as palavras, literalmente!, Era nojento assim como seus argumentos, por mais que era um homem bem vestido, com abotoaduras cintilantes que se destacavam até mesmo em locais de pouca iluminação, não possuía nem um vestígio de educação.

Sua esposa que estava ao seu lado era uma mulher de cabelos escuros, pela pálida, lábios carnudos e com uma pinta por cima de seus lábios que davam lhe um contraste único. A mulher parecia estar incomodada ( era de se esperar com um marido desses) .

Todos que estavam na mesa voltaram suas atenções a pergunta tão incoveniente.

—  Receio que esta pergunta não lhe convém o respeito . – respondeu Theodoro enviando ao conde um olhar ríspido .

—  Bem, Sangue azul eu não sei se tenho, mas a extensão de familiares que fizeram história na realeza Gardênica é um fato. – Catherine respondeu com um belo sorriso.

— Pelo menos, tens um ótimo senso de humor! – o Conde riu com escárnio, bebericando um gole de vinho .

— Gardênica ? –  retrucou alguém que estava na outra ponta da mesa.

— Não exatamente Gardênia, antes deste atual Reino a nossa família reinava com absoluta paz e justiça, os meus pais foram substituídos mas a nossa história já mais será esquecida.

A mãe de Catherine que estava próxima a ela, com os olhos lacrimejando respondeu pela filha.
" Como não se lembram de nós" ela se questionava em seus pensamentos.

— Cassius? Estou familiarizado com este sobrenome. – completou o conde

—  Oh sim, o Reino da decadência, grande Francis! restaurou das cinzas um lugar perdido ... — completou Theodoro.

— Como ousa ? – Catherine se levantou com a voz alterada, se referindo ao rei, sem ao menos se importar com todos a sua volta. —  A minha família sofreu um golpe... Mas é claro que ninguém e nem você irá entender.

Ela se retirou no mesmo instante, todos ficaram surpresos com a reação da moça, com certeza por sua saída repentina e um tanto quanto audaciosa.

" Ótima desculpa pra me livrar deste noivado estúpido" pensou Catherine, " apesar de que...,quem ele pensa que é pra falar da minha família, minha história, sem ao menos ter um pouco de respeito pela minha pessoa".

Errada ela não estava, mas para senhora sua mãe que se retirou logo atrás dela, sua atitude foi de imensa falta de educação.

—  Aonde pensas que vai ? – perguntou sua mãe a jovem que andava apressadamente pelos corredores do castelo.

Catherine parou um instante.

— Não muito longe, este maldito vestido não me deixa correr o bastante para conseguir fugir.

— Por que você é assim? –  perguntou quase como um sussurro sua mãe, aproximou-se pois não queria que ninguém escutasse. —  Como se atreve a falar daquele modo com o Rei, Oh céus, que ele tenha piedade e lhe perdoe pelo comportamento inadequado.

A voz da Sra. Cassius estava tão confuso como seus pensamentos, não sabia se expressava receio ou raiva. Com certeza estava decepcionada e com medo das consequências que uma atitude como aquela poderiam gerar.
Preocupação, este certamente é o sentimento que a estava incomodando os nervos.

—  Estava tudo perfeito, não é mesmo ? Referiam se a nós como uns golpistas sem carácter.

— Acha que eu não ouvi?, – seu tom agora está calmo e gracioso, sabia maquiar um sentimento como ninguém. —  é por isso mesmo minha filha, por essas pessoa rudes que eu tanto luto para que eu possa, quero dizer nós possamos voltar a realeza e cumprir a vontade de seus avós.

— E agora você deve estar achando que eu estraguei tudo ...

—  Não se preocupe senhora Áudrea! – Theodoro aparaceu no final do corredor fazendo com que ambas se assustassem. —  Eu disse que iria me casar com sua filha e pretendo cumprir com minha palavra.

" Suponho que não tem outra opção ..." Pensou consigo Catherine revirando os olhos.

— Poderia nos dar licença senhora Áudrea?

Ela apenas assentiu, curvou-se ao Rei e saiu.

Antes de virar ao próximo corredor lançou um olhar piedoso para filha.

— Agora você venha comigo. — Disse-lhe passando pela jovem.





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