Teletransporte

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QUATRO
Como pode nossa vida mudar tanto em algumas horas? Hoje pela manha estava apenas preocupada em como seria o baile e agora tudo que passa pela minha cabeça é se iremos sobreviver. Ao longo da noite tive outra demonstração das habilidades de Cassie, derrubou dezenas de homens apenas com sua vontade, sei que foi para nos salvar, mesmo assim a culpa pesa sobre mim também.
Ela está dormindo a cerca de vinte minutos e estamos na estrada a uma hora, daqui já é possível avistar a entrada da fazenda, assim como apontado no mapa entramos antes dela. Após mais dez minutos encontramos a casa e eu a acordo. A chuva ainda cai, um pouco mais fraca agora.
Ao estacionar vejo uma luz se acender, não tenho ideia do que falarei, mas seja quem for tem que nos ajudar.
-Quem vem lá? – Grita o homem o mais alto possível para que sua voz atravesse a chuva e chegue até nós.
Desço do carro e o respondo. As gotas de água parecem mais pesadas do que o normal.
-Meu nome é Mar e está é a princesa Cassandra de Creta, viemos em busca de uma ajuda muito específica. Ele entende o que quero dizer, vejo isso na sua feição iluminada.
-Creio que estão na casa errada minha jovem. – Diz ele fechando a porta.
-O rei nos mandou, o reino está atrás de nós. Precisa nos ajudar. – Quase imploro a ele, estava disposta a fazê-lo se necessário.
-Cometeram um erro. – Diz se esquivando mais uma vez.
Mais rápido do que eu esperava Cassandra desceu do carro e a terra começou a tremer, era uma prova, ela estava mostrando a verdade a ele.
-Entrem! – Exclama ele com os olhos assustados. – Vocês foram seguidas?
-Creio que não, fiz o caminho indicado pelo rei, os despistamos na floresta.
-Certo, então é por sua causa que o reino está em alerta mocinha.
-Sim, infelizmente. Meu pai disse que você poderia me ajudar.
-Realmente, conheço um lugar, mas não sei se aceitaram a realeza.
-Eu não tenho outra escolha.
-Se é assim, mas o preço é alto. – Diz ele olhando para meu colar, a última coisa que me restou de casa.
-Tudo bem, qualquer coisa por nossa segurança.
O homem parecia ambicioso e não sei se devíamos confiar nele, porém não havia outra saída.
-Sairemos dentro de uma hora, para termos certeza de que ninguém virá em busca da princesa perdida.
-Você também é assim? – Indaga Cassandra.
-Para nossa segurança é melhor não saberem.
-E aonde iremos? – Questiona novamente.
Enquanto ela o interroga analiso a casa, é bem simples porem confortável, existem fotos espalhadas por todo local, principalmente de uma mulher com uma criança, devem ser a esposa e o filho. Enquanto analiso tudo, reconheço um movimento lá fora, são eles
-Guardas! – Grito para os dois. O homem que antes mexia calmamente um uma mochila agora se agita pela casa, um alarme é acionado e grades descem pela porta e pela janela, deveriam nos proteger, porém não é o que queremos.
-O que está acontecendo?! – Exclamo sem esconder meu medo e raiva.
- Fique calma, preciso de apenas alguns segundos. – Diz ele fechando a mala.
-Se aproximem, as instruções são claras. Vocês passarão pela fenda, rumo a Região 5...
-Mas ela foi extinta a anos. – Digo sem nenhuma confiança sobre ele, então fadadas a morte, não há como sair daqui.
-Sou um homem honesto e me pagaram pela segurança, então confiem em mim, é a única saída que vocês têm, tudo que precisam esta nesta mala... Procurem por Amara e digam que HJ as mandaram.
Concordo com os olhos, mas não deixo de pensar como sairemos dali, como chegaremos ate a fenda. Mas logo minhas dúvidas são sanadas.
-Segurem-se. -Diz ele estendendo sua mão.
Assim que a tocamos sinto o mundo girar, sinto que uma rajada de ar me acertou e que tudo que há dentro de mim irá sair. Quando olho a nosso redor vejo a luz brilhante da fenda, nunca havia visto tão de perto. Teletransporte, concluo, é isto que o homem faz.
-Vão! – Exclama ele desaparecendo, fico imaginando em que história irá contar para os guardas que nos rastrearam até lá. Mas logo meu foco muda, precisamos atravessar a fenda. Apenas um guarda está ao lado da grande passagem, me pergunto por que apenas um. Com certeza o fato de a fenda ficar abaixo de uma fortaleza ajude, pois se uma pessoa chegou até aqui nem um exército a impediria.
-Você consegue derrubá-lo? – Pergunto a Cassandra.
-Sim. Mas teremos que chegar mais perto. – Diz ela e assim fazemos, avançamos. 
-Quem são vocês? - indaga ele.
Mas antes que uma de nós pudesse responder um alarme tocou, Cassie o encarou e pediu desculpas pelo que viria, ela podia matá-lo se errasse, mas mesmo sendo rápida com seu poder o guarda conseguiu disparar. E de repente tudo perdeu a cor e fui de encontro ao chão, a bala me acertou profundamente. Eu desejei não morrer, não me recordo o que aconteceu depois, apenas alguns flashes, a princesa gritava e com sua pouca força nos arrastou para a fenda, eu sabia que dificilmente chegaria viva, mas ela chegaria e a minha promessa seria cumprida.

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