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"E então ele correu?" Já era segunda feira, dois dias depois do desastre que foi a noite de sábado de Gerard.

Agora estava contando os detalhes de sua vida amorosa amaldiçoada para Bert, que fazia um esforço honesto para não rir do azar do amigo.

"Como sempre, todos correm." Gerard estava abraçando seu copo de café como se aquilo fosse protegê-lo.

"Você já pensou em falar com ele?"

"Por que eu deveria ir atrás de um cara aleatório?" Gerard ignorou o olhar de Bert, que demonstrava sua descrença na burrice fingida de Gerard.

"Você sabe que não foi isso que eu quis dizer."

Gerard suspirou e voltou a beber um longo gole do próprio café, tentando fazer tempo suficiente passar para que Bert mudasse de assunto. O que ele não fez, porque é claro que já conhecia todos os truques de Gerard. Esperou pacientemente, como se nenhum dos dois tivesse um lugar melhor para estar.

Bem, Gerard não tinha, mas Bert sempre parecia ao mesmo tempo a pessoa mais ocupada e mais disponível do mundo então era impossível saber com certeza. A demonstração de paciência não era nenhum tipo de sinal, Bert sempre estava atrasado para tudo mesmo.

A paciência de Gerard era menor e o silêncio já o incomodava, enquanto se remexia no banco. Bert sabia perfeitamente disso, sorrindo e fingindo inocência enquanto tomava o próprio café. Logo, Gerard não aguentou e finalmente começou a falar.

"Porque não tem nada pra falar, o que eu vou fazer? Exigir que ele cubra o nome da menina? É o corpo dele."

"Se você for pensar de forma objetiva, é o seu corpo também."

"Não importa, a gente só tem uma conexão estúpida. Eu não tenho direito de reclamar pra ele."

"De novo, a conexão estúpida faz quase vocês dividirem um corpo de certa forma. Totalmente direito seu falar com ele sobre."

"Fora que a gente não se fala há anos. A gente terminou sabe, não é comum pessoas que terminaram dar opiniões sobre tatuagens no corpo da outra."

"Vocês não terminaram amigos? Achei que essa tinha sido a proposta, manter a amizade."

"Todo mundo diz que vai continuar amigo do ex, ninguém está falando a verdade. Fora que a gente também tá em fusos horários completamente diferentes…"

"Gerard…"

"... Ele nem deve lembrar que tem uma ligação estúpida comigo, nada na vida dele é alterado…"

"Gerard…"

"... Não é como se a marca dele fosse visível! O corpo dele é inteiramente dele, o que é tão injusto, porque eu não posso esquecer…"

"Gerard…"

"... Sempre que eu tento esquecer é só eu olhar pras minhas mãos e lá estão a porra das tatuagens…"

"Gerard!" Bert finalmente conseguiu interromper toda a falação nervosa de Gerard. Era incrível e triste de perceber como Frank ainda tinha um efeito tão grande em Gerard, Bert não tinha certeza se o amigo era ciente do tamanho do controle que o ex tinha na sua vida. Mesmo agora, mais de 6 anos depois que eles não estavam mais juntos.

Agora Gerard estava olhando para fora pela janela, evitando o olhar de pena de Bert. Ele estava cansado de ser tão óbvio, cansado de não conseguir seguir sua vida quando era óbvio que Frank tinha seguido a dele.

"Desculpa, eu só tô…" Gerard se interrompeu com uma careta, Bert já devia estar cansado de saber como ele estava. "Mikey também acha que eu devia falar com ele, mas eu não sei. Parece uma ideia muito distante da realidade depois de todo esse tempo. Não sei se eu conseguiria falar com ele."

Trouble IsOnde histórias criam vida. Descubra agora