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Gerard estava aliviado. O cara já estava o beijando e em sua cama, ele já estava sem camisa e nenhuma pergunta tinha sido feita sobre as tatuagens que quase cobriam seu corpo.

O estranho não parecia ligar muito para os porquês ou esperar nenhum tipo de resposta, ambos pareciam estar atrás da mesma coisa. O mesmo objetivo. Nunca mais se verem depois dessa noite.

Quase não podia acreditar na própria sorte, finalmente estava conseguindo estar com alguém sem o obstáculo de ter que explicar as múltiplas tatuagens que não eram suas. O... Gerard tinha quase certeza que o nome do estranho era Ryan… ou outra coisa com R, definitivamente alguma coisa com R.

Ou talvez não tanta certeza. Não importava, não quando a língua do cara, que podia ou não se chamar Ryan, entrelaçada a sua. Nenhuma palavra sendo necessária no momento.

Então o estranho começou a descer os lábios pelo corpo de Gerard, e sua pouca sorte acabou. Gerard percebeu o momento em que aconteceu, o momento em que o… Ryan? Ross? Richard? percebeu a maldita tatuagem. A pior das muitas que cobriam seu corpo.

"Quem é Jamia?" perguntou se afastando e olhando intensamente para o nome tatuado acima do peito de Gerard.

Gerard suspirou sabendo que estava indo bem demais, claro que o cara ia reparar no nome de uma mulher tatuado nele. Ninguém é tão desligado para não ler uma coisa que está literalmente em frente a seu rosto.

Repassou tudo que tinham conversado antes, nada de muita importância. No entanto, Gerard tinha dito que era gay. Então mentir sobre ser uma ex não faria sentido. Tinha falado sobre Mikey, então irmã também não iria funcionar. Ninguém tatua o nome da amiga no próprio corpo e filha viva ou morta definitivamente acabaria mais ainda com tudo.

Só restava a Gerard… A verdade. Merda. Estava indo tão bem.

"Não sei, eu não conheço."

"Você tatuou o nome de alguém que não conhece?" O estranho parecia desconfiado, com razão. Ninguém tatua o nome de desconhecidas.

"Não fui eu que tatuei, foi meu ex. Nós somos ligados."

"Vocês são marcados?" o estranho se afastou de Gerard como se ele queimasse, enquanto ele assentia.

Claro que essa seria a reação. Pessoas marcadas são tão estereotipadas que qualquer tipo de marca visível afasta qualquer tipo de interesse. Como se Gerard pertencesse a Frank. Que piada…

O estranho deu uma desculpa qualquer enquanto se vestia e Gerard fingiu aceitar, sabendo que protestar serviria para pouca coisa. Por dentro sentia que podia gritar, mas apenas respirou fundo e fechou a porta atrás de… ah qual é, foda-se o nome dele.

Pegou seu celular vendo a hora e considerando ligar para Bert. Decidindo por fim que seria melhor que ele deixasse para amanhã.

Sua vida era realmente patética, Gerard pensou enquanto pegava a garrafa de vodka e sentava em seu sofá. Preparado para mais uma noite em que resolveria seu problema sozinho.

Maldito Frank. Malditas tatuagens.

~•~

Gerard estava há mais de 10 minutos com uma caneta na mão encarando o próprio braço. Parecia tão simples, era apenas escrever ali e esperar uma resposta do outro lado. Ele podia fazer isso, talvez a pessoa nem tenha percebido a ligação ainda. Gerard certamente tinha sido pego de surpresa. 

Respirando fundo e deixando o nervosismo de lado, Gerard resolveu começar simples. Apenas escreveu um oi e decidiu fazer outras coisas. A pessoa podia nem estar olhando para o braço. Podiam demorar horas, ou podiam nem responder.

Com esses pensamentos em mente, Gerard sentiu o coração acelerar quando quase imediatamente depois que afastou a caneta de seu braço foi respondido.

Oi, Frank aqui. E você?

Gerard sorriu empolgado antes de responder, tentando manter sua letra legível no próprio braço sendo um desafio.

Gerard.

Os dois então trocaram números de celular e continuaram conversando sem ter que ficar lavando o braço toda hora. Frank aparentemente estava em aula. Onde Gerard deveria estar também.

Logo os dois estavam conversando sobre coisas aleatórias, Gerard ainda em completo êxtase. Quando Frank perguntou se Gerard escrevia oi todo dia ou se ele tinha percebido de outro jeito que Frank ainda não sabia perceber, Gerard riu pela lerdeza do outro que aparentemente tinha esquecido que era marcado quando foi fazer uma tatuagem.

Na vdd a tatuagem de abóbora que entregou

Puta merda
Eu achei que por estar tatuando no meu aniversário não apareceria em vc
Desculpa, mesmo
Sem tatuagens a partir de agr
Prometo

O que apenas fez Gerard rir mais, sentindo um leve puxão de culpa na ligação antes de tranquilizar Frank sobre a tatuagem. Ele não tinha problema nenhum com ela, não era como se tivesse sido ele que tivesse sido espetado várias vezes. E se Gerard fosse admitir, mesmo que só para si, já tinha se apegado a abóbora sorridente.

Os dois continuaram conversando por horas, sem parar. E Gerard já conseguia sentir a ligação dos dois crescendo um pouco, como se o fato de se falarem os aproximasse.

Naquele dia, Gerard foi dormir com a esperança de que talvez o laço realmente fosse tão mágico quanto nos filmes.  

Trouble IsOnde histórias criam vida. Descubra agora