As desculpas.

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O dia amanhece e o sol passa a janela batendo em meu rosto olho para o lado e não vejo Thomas, talvez tenha saído cedo demais para arrumar seus "negócios", levanto observando tudo em volta estou chateada pela noite passada mas seguimos em frente, não adianta se remoer.

No momento estou desempregada mas a procura de um trabalho, pego meu casaco e vou em direção a casa dos Shelby's a procura de Polly para questionar sobre a noite passada, talvez isso não seja tão elegante mas eu necessito saber o por que Michael falou aquilo, palavras que me feriram como se estivesse atirando em meu coração.

Entro na casa dos Shelby's e vejo que não tem ninguém na sala principal então vejo a porta pra entrada ao local de apostas entreaberta e o vejo, a última pessoa que quero ver em minha vida. Ele provavelmente ouviu a porta sendo um pouco aberta mas com o meu arrependimento vou indo em direção a porta para ir embora até escutar uma voz grossa parecida com a de Tommy.

"não, espere" — ele fala auto e grosso.

"o que você quer?" — reviro os olhos e ele continua me olhando.

"me desculpa por ontem, eu estava bêbado demais e não sabia o que falava" — eu tento falar mas ele me interrompe — "eu fui um babaca e eu não tinha razão nenhuma de falar aquilo com você, você sempre foi uma shelby diferente de mim que acabei de entrar na família novamente, me perdoa Mary".

"eu..e-eu" — eu gaguejo por não saber o que responder, eu não esperava que Michael falasse isso, não esperava  que ele pedisse perdão pelo que fez, seu olhar possui tristeza e sua feição é de como se estivesse roubado um doce de um bebê, triste e confuso.

"eu espero que isso nunca se repita porquê você já está ciente do que acontece na próxima vez" — aponto meu dedo em sua direção, ele parecia mas calmo por eu ter aceitado suas desculpas.

"nunca mais, prometo, da próxima você pode cortar minha garganta sim" — ele ri e eu tento ficar seria o máximo, ele possui um jeito de brincalhão lá no fundo.

"meu Deus, você é o Tommy inteiro" — ele me olha talvez com vergonha e eu procuro alguma bebida pela casa.

"onde tia Polly guarda esses whisky's?" — pergunto e michael aponta pra um pequeno armário perto da lareira.

"Ah sim, obrigada" — pego dois copos e sirvo o whisky pra nós dois.

"foi bom brigar com você" — ele fala tirando o silêncio constrangedor que estava.

"eu realmente fiquei triste com isso Michael, mesmo bêbado você conseguiu me machucar" — fico séria e ele tenso, só querendo algum lugar para se esconder.

"me desculpe, eu não queri.. — antes que ele terminasse sua fala me intrometi.

"tudo bem, eu já lhe dei o aviso, fique ciente apenas" — dou uma risada bebendo o whisky do copo.

"então, você viu Polly? E Tommy?" — pergunto a Michael, ele trabalha com o Tommy então deve saber onde ele passa tanto tempo, eu acho.

"não vi minha mãe mas Tommy foi resolver umas coisas com a duquesa Tatiana, ela parece gostar dele mas é meio doida" — ao ouvir suas últimas palavras foi como um choque em meu corpo.

"ah sim, irei a procura de Polly mas quando Tommy voltar peça pra me procura ok?" — pergunto pegando meu casaco e o colocando.

"tá bem, obrigado Mary" — apenas assenti com a cabeça e fui embora.

As palavras de Michael sobre Tommy e a duquesa foram como se estivessem me dado um soco na barriga, "ela parece gostar dele" aquilo não era o que eu esperava ouvir mas sei como Tommy age, tudo faz parte de seu plano, ele sempre fica com alguma garota e depois age como se não acontecesse nada.

Vou em direção ao pub não a procura de Polly mas pra poder ficar sozinha bebendo e fumando cigarro, mesmo que fosse um lugar barulhento pra mim é o meu lugar de paz. Sento no banco que está ali e peço uma garrafa de gin enquanto falava pra mim mesmo "não adianta ficar se remoendo por aí, ele não vai ligar para os seus sentimentos ele pode agora tá fudendo essa mulher enquanto eu tô bebendo um gin".

Acendo um cigarro e bebo o gin na garrafa mesmo e fico me questionando o porquê de eu estar sofrendo por alguém que jamais iria dar certo comigo até que me desconcentro vendo John entrar pela porta do pub com seu olhar de raiva e seu jeito grosseiro que logo em seguida me fita.

"não acha que está cedo demais?" — John solta uma risada sentando no banco ao meu lado.

"eu acho que você deveria cuidar da sua vida" — tomo uma gole cheio de gin puro, aquilo parece água pra mim.

"acordou marrenta?" — ele tira sarro e eu o encaro séria que faz o mesmo parar de ri.

"John por que as pessoas só sabem destruir os seus sentimentos?" — John me olha com pena em seus olhos, já sabendo o que havia acontecido comigo.

"eu necessitei dessa pergunta a 4 anos atrás minha Mary" — John e seus apelidos comigo.

"me desculpa John" — tomo o último gole da garrafa, a sacudi pra ver se tinha mais alguma coisa mas não, quando vou pedir outra John me interrompe.

"não não, vamos pra casa, você já está bêbada" — faço cara de raiva mas John me ajuda a se levantar e caminhar em direção a porta do pub.

"vou te levar pra casa você não está bem, olha pra você" — ele tenta não ri com a minha cara de raiva e meu vestido um pouco molhado por conta do gin que caiu encima.

"me desculpa John, eu errei com você, eu não deveria amar o Thomas eu deveria amar a você, você deveria ser a pessoa certa pra mim" — isso é o motivo de eu não poder beber, falo todas as verdades para a pessoa, esse é o meu erro.

"para com isso Mary, você tem a mim ainda mas como amigo" — ele diz as últimas palavras com toque de tristeza, não querendo dizer aquilo "amigo" John parecia ainda gostar de mim. Chego em minha casa e John me ajuda a subir as escadas para ir em direção ao meu quarto.

"você sabe que me casei com Esme por conta da reconciliação com os Lee's mas eu a amo de verdade, nós temos filhos juntos" — ele fala me colocando na beira da cama pra poder sentar.

"desculpa por isso John é que eu" — por um momento paro de falar e o olho, ele parece um garotinho de 10 anos com uma boina na cabeça.

"eu gostei de você no começo de tudo mas com Tommy" — me levanto parando em sua frente — "me apeguei mais a ele, entende?"

John assente com a cabeça sério, sua mão estava enxugando lágrimas bestas que insistiam em sair de meus olhos, sua feição é séria mas seus olhos tentam me dizer alguma coisa, eles estão observando todo o meu rosto até os pequenas traços que tem nele.

"me desculpe por ter destruído você antes meu Johnny boy" — rimos do apelido e nossas testas se tocaram deixando a pouco centímetros de distância de nossas bocas.

"me desculpa por ter atrapalhado você e Tommy" — ele afaga meu rosto com sua mão e encostamos nossos narizes já com os olhos fechados.

"não, não toque nesse assunto, nada de Tommy tá bem?" — falo e o beijo com toda vontade do mundo.

The Shelby's.Onde histórias criam vida. Descubra agora