A ala dos funcionários era logo ao lado. Eles entraram em uma espaçosa sala de convivência confortável com lareira e sofás. A esquerda tinha uma porta branca que Nicolas disse ser o quarto da inspetora, ao meio uma escadaria para o andar de baixo e ao fundo, ao lado de três altas janelas, um corredor com mais quartos onde Nicolas apontou ser os dormitórios femininos. A sala estava iluminada e cheia de funcionárias passando pelos corredores, saindo de seus quartos e descendo as escadas que segundo Nicolas, depois de uma outra sala de convivência, dava para a cozinha, os dormitórios masculinos e a área de lazer dos funcionários.
Era o horário de troca de turno, então algumas estavam descendo para começar o trabalho e outras estavam voltando para o descanso. A avó de Oliver subia as escadas quando eles chegaram.
"Olha só! Bom ver que não se perderam por aí." Disse Dona Olívia com um sorriso. "Conseguiram ver todo o internato?"
"Ainda falta metade." Disse Nicolas.
"Se for na área interna, dá para ver depois da janta. O toque de recolher é mais tarde no sábado." Respondeu a senhora.
"Andar por esse lugar cheio de fantasmas de noite?? Nem me pagando!" Disse Oliver indignado.
Dona Olívia deu risadas.
"Morto não machuca ninguém não, é dos vivos que a gente tem que ter medo."
"Quase morrer do coração de susto, pra mim, machuca bastante." Respondeu Oliver.
"Ah com o tempo vocês acostumam, é só não dar atenção."
Margareth ficou intrigada com o fato da senhora não negar a existência de fantasmas, seu pai sempre dizia que era baboseira e que nada disso existia e sua mãe nunca deu muita atenção para o assunto. A menina não sabia ao certo se acreditava ou não, mas ela tinha certeza que tudo isso a intrigava e fascinava, já era o suficiente.
"Por que não me avisou que esse lugar era assombrado vó?! Tem até corpos no refeitório!!" Reclamou Oliver.
"Os corpos foram removidos faz um bom tempo já, estão no cemitério."
"Sr. Magno havia dito que eles ainda estavam lá!" Protestou Nicolas.
"Wilson adora aumentar as histórias para dar medo nas crianças." Dona Olivia riu. "Ninguém gostava muito da ideia de comer em cima de esqueletos humanos, foi removido logo que o refeitório foi transferido para a igreja. Acho que devem fazer uns 5 ou 6 anos."
"Mas ainda sim, tem um cemitério aqui entre várias outras coisas assombrosas vó!" Choramingou Oliver.
Dona Olivia só estalou a língua, abanando a mão demonstrando que não era algo para o neto se preocupar.
Nesse mesmo instante Ayami abriu a porta da ala dos funcionários pela qual as crianças vieram. Ela estava com o a mesma roupa de manhã cedo e parecia exausta e pálida. Lhe faltava energia para se comunicar com as crianças.
"V-vou... me trocar... esperem... aqui." Foi tudo que ela conseguiu dizer antes de entrar em seu quarto.
"Ela está bem?" Perguntou Margareth preocupada.
"Vai ficar." Sorriu dona Olívia. "Depois que tirar o vestido e os sapatos apertados ficará novinha em folha. O que achou do colégio Margot?"
"Não sei nem descrever." Os olhos da menina brilhavam. "Este lugar é incrível!!"
"Não vai perguntar o que eu achei vó?" Disse Oliver manhoso.
"Oras, você já chegou reclamando de fantasmas, corpos e cemitérios..."
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Kalípodes - Entre Engrenagens e Petúnias
FantasíaMargareth era uma pequena baronesa que vivia com sua família em uma mansão no campo, porém tudo mudou após uma tragédia e com 11 anos de idade, a menina teve que deixar sua vida nobre para trás e se mudar para Kalípodes, a enorme capital movida por...