{23} Caixas

9 0 0
                                    

Margareth mal conseguiu absorver a cena direito quanto Oliver a puxou para fora da cozinha até o hall de entrada do internato próximo a janela onde tinha um banquinho de pedra.

"Vamos esperar um pouco." Disse o menino tranquilamente enquanto se sentava no banco.

"O que... mas... você..." Margareth estava extremamente confusa.

Oliver sorriu.

"Também fiquei confuso na primeira vez que soube. Mas não é nada complicado de entender." Ele deu de ombros.

"Você sabia? Como?"

"Bem, eu não vinha muito para cá, mas quando vinha, minha vó não deixava eu sair de perto dela. Como não tinha muito o que fazer, ficava ouvindo as conversas do refeitório e da cozinha e um dia surgiu o assunto e minha vó me falou."

"Ela sabia?"

"Acho que nunca foi um segredo." Oliver franziu as sobrancelhas. "Eu não sei se eles namoram de fato, mas pelo que minha vó falou, estão juntos há alguns anos."

"Como assim? Mas... pode?" Para quem cresceu ouvindo que tal forma de amor era errada Margareth ficou muito confusa.

"Por que não poderia?"

"Não sei... meu pai sempre disse que era errado..." Ela cavoucou um pouco em suas memórias. "Apesar de que em um jantar uma vez, quando ele falou isso, minha mãe disse que errado era ele... mas ela falou bem baixinho. Só eu ouvi, e depois acabei esquecendo..."

"Você acredita no seu pai?"

"Não." Margareth nem precisou pensar duas vezes para responder.

"Então tire suas próprias conclusões." Oliver sorriu. "Também fiquei confuso quando soube, mais por que nunca havia ouvido nada sobre antes, mas minha vó falou: 'É simplesmente amor' e deu de ombros. Depois de pensar um pouco conclui que não tem muito o que se pensar, é amor e pronto. Complicado é entender quem acha que isso é errado sendo que não tem nada a ver com a vida de ninguém."

Margareth lembrou dos pequenos atos de carinho entre seu tio e o amigo e a forma diferente que Wilson falava de Neri.

"É... eu estou feliz por eles." Sorriu a menina.

Oliver sorriu também.

"Mais alguém namora no internato?" Perguntou Margareth.

"Que eu sei além de Neri e Wilson é que Ayami já namorou Celeste por um tempo, mas parece que elas se separaram ou deram um tempo algo assim. Mas continuam amigas e tal."

"Ayami e Celeste?" Margareth não imaginava esta. "Achei que Ayami namorava Iago, ele até chama ela por apelido."

"Não, eles têm carinho um pelo outro, cresceram juntos e tal, mas Iago não curte relacionamentos."

"Caramba, você sabe muita coisa."

"Lugar onde as pessoas se juntam para comer sempre rende muito assunto. Minha vó adora conversar e eu adoro ouvir então já viu. Tsc, Só não sei por que raios ela falou de tudo menos do quão esse lugar é assombrado." Oliver cruzou os braços indignado.

"Vai ver ela queria que você tirasse suas próprias conclusões através da experiência." Margareth sorriu, estava começando a entender o porquê o tio achava tão divertido contar histórias de terror.

"Tá repreendido! Eu hein! Mané experiência! Vira essa boca pra lá!" Oliver franziu as sobrancelhas e bateu três vezes na parte de madeira da janela de modo a afastar qualquer maldição.

Margareth caiu na gargalhada.

"Você está passando muito tempo com o Sr. Magno isso sim." No fim Oliver acabou sorrindo também.

Kalípodes  - Entre Engrenagens e PetúniasOnde histórias criam vida. Descubra agora