Capítulo 1: Um filhote a caminho

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Kim Taehyung quase pode sentir o coração querer sair do próprio corpo. Ele bate os pés calçados por um par de sapatos sociais caros e lustrados no tapete grosso da entrada, xinga irritado ao tropeçar no mesmo, olhando para os lados até se dar conta de que está completamente sozinho. Suspirando aliviado, arria os ombros para trás e conta os segundos entre cada respiração, controlando os próprios feromônios de alfa para não constranger um dos secretários do escritório advocacia do pai onde trabalha. 

Jeon Jeongguk, o ômega que fora admitido pelo próprio genitor há quase dois anos como secretário do escritório, e por quem o alfa é completamente apaixonado. Céus, o Kim sente as mãos tremerem apenas em imaginar o ômega com cheiro de caramelo o desejando um bom dia com o maldito sorriso de coelho que abala todas as suas estrutura. E Taehyung não pode estar mais abalado do que hoje, o último dia de trabalho antes do ômega entrar em licença maternidade.

Redondinho e fofinho são as palavras que atravessam a mente do alfa porque a visão de Jeon Jeongguk, grávido de quase nove meses, o acalenta todas as noites ao deitar a cabeça no travesseiro antes de sentir o gosto amargo característico na boca e o aperto rotineiro no peito. O ômega está carregando o filhote de outro alfa, provavelmente o cara que o espera em casa todos os dias depois de um expediente cansativo no trabalho.

Mas ele não quer pensar sobre isso. Não hoje.

Taehyung balança a cabeça decidido a não deixar nada estragar o seu último dia com Jeongguk até vê-lo outra vez em meses. Não poderia desperdiçar essa chance.

— Bom dia, Jeon! — Sorri abertamente, ainda sozinho de costas para o elevador, uma careta enfeitando sua expressão logo em seguida. — Espera, é o último dia dele aqui, não posso parecer tão feliz... — Pigarreia e sorri, desta vez mais contido. — Bom dia, Jeongguk... Assim parece bom...?

Uma mão o toca no ombro, o assustando.

— Parece que você está tendo um gay panic, cara, isso sim.

— Jin hyung! — O alfa estava tão absorto nos próprios devaneios que nem mesmo notou a aproximação do beta. — Você me assustou pra caralho agora!

— Pensou que eu fosse o seu amorzinho, é? — Seokjin ri e lhe dá um peteleco dolorido na testa. A paixão platônica do Kim mais novo não é nenhuma surpresa no escritório, apenas o próprio Jeongguk parece ser o único a não se dar conta do alfa com dois coraçõezinhos vermelhos no lugar dos olhos sempre que bate em sua porta. — E pare de xingar, é ruim para o bebê!

— O quê? Ele nem tá aqui! — Reclama, os dedos longos e esguios roçando o lugar latejante.

— Hm, e por que é que a luz da copa tá ligada?

Taehyung olha em direção ao cômodo finalmente se dando conta da luz vinda por debaixo da fresta da porta de correr. Ele quer se bater ao ouvir Seokjin rir outra vez e ir para a própria sala. Respira fundo uma, duas, três vezes antes de andar até a copa, as mãos tremendo por se imaginar vendo o ômega só dali a tantos meses. O alfa tem a terrível mania de sofrer por antecipação.

Ao adentrar o cômodo precisa de alguns segundos apenas para digerir a cena (que mesmo ao se repetir todos os dias pela manhã não tenha sido o suficiente para acostumá-lo).

Jeon Jeongguk está de costas para ele enquanto prepara um grande copo de papel reciclável de café, a barriga redondinha fazendo volume na camisa social solta. Ele tem o celular preso entre a orelha e o ombro e ri para a pessoa do outro lado da ligação. Taehyung franze o nariz imediatamente se dando conta de quem se trata. "Yoongi hyung", o alfa que Jeongguk sempre está mencionando por aí quando tem oportunidade, e possivelmente o seu namorado. Sim, namorado, porque Taehyung nunca vira nenhum sinal de algum anel de casamento no dedo anelar do ômega ou marca no pescoço alvo.

Love, Gukkie  💌  taekookOnde histórias criam vida. Descubra agora