Digna

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Ela tinha ficado boa em esconder sua preocupação e surpresa.

Foi como quando Ibiki disse a ela que Shizune havia aparecido - ela não ficou tensa ou fez uma careta próxima ao alívio, mas aceitou com uma fachada curiosa e interessada. Ou quando ela soube que Tsunade ainda estava viva e bem. Seu coração se encheu com o pensamento de que sua mentora estava vivendo sua vida errante, mas ela manteve seu rosto em seu ponto mais neutro enquanto mantinha seu pulso em um ritmo normal.

A única coisa que ela não podia esconder era seu medo. Ficou mais claro com os dias que ela passou naquela missão de exame. Ela sabia que Obito nunca iria machucá-la e que ele era tão inocente quanto eles eram, mas tudo era muito opressor e tudo se desmoronou com o estalar dos dedos. Ela não conseguia controlar. Ela se soltou.

E olhe para onde isso a trouxe! Aquele deslize rendeu suas sessões semanais de terapia e ofereceu a todos uma visão de como ela deixou seu trauma assumir o controle. Agora...

Sakura cruzou as mãos no colo enquanto inspecionava uma espécie de poeira na mesa. Ibiki estava sentado na outra extremidade, os braços cruzados e uma expressão vazia em suas feições. Não havia estrelas no céu naquela noite, apenas nuvens que demoraram a rastejar sobre o país pela chance extremamente rara de chuva. Chance. Nem sempre significava que aconteceria.

"Então", Ibiki começou, "você quer que eu faça perguntas ou está disposta a me contar tudo sozinha?"

Ela não levantou a cabeça. "Pergunte-me. É mais fácil para você descobrir o que quer saber dessa forma."

Ele acenou com a cabeça em concordância. Ibiki então enfiou a mão no casaco para cavar nos muitos bolsos escondidos que tinha. Finalmente encontrando a coisa que estava procurando, ele puxou-a e colocou-a no centro da mesa.

Clink.

"Primeiro, que tal você me dizer o que são?"

A mão de Sakura se fechou ao redor dos olhos enquanto ela soltou um suspiro estrangulado. O frasco de vidro que ele colocou na frente dela estava cheio até a metade com pílulas azuis circulares.

Quantas vezes ela iria foder tudo? Quantas?

"Essas são minhas pílulas para dormir."

"Altamente potente e muito ilegal. Como você botou suas mãos nestes?"

"De um amigo."

"Quem é seu amigo?"

Sakura olhou para ele com os lábios franzidos. Não havia nenhuma maneira possível dela entregar Sasori, mesmo por causa da possibilidade de ser processada por ter substâncias não regulamentadas. Provavelmente Ibiki pegou uma amostra e fez vários testes no laboratório. Ela imaginou que eles não tinham ido muito longe na decifração do projeto do medicamento - ele foi feito por um dos mais famosos especialistas em veneno de sua época. Ela só podia esperar que os ingredientes que ele usou não viessem de apenas uma área rastreável.

Ibiki suspirou interiormente. "Pelo menos me diga que seu amigo não é de alguma forma um perigo para Konoha."

Ela cruzou os braços. "Ele não é. Ele sabe o quão importante a aldeia é para mim", disse ela. Sua voz era uniforme e não mostrava nenhum desconforto ou nervosismo que estava claramente presente em seu ser físico. Mas ele sabia melhor. Seu tom pode não ter revelado nada, mas não havia nenhuma sinceridade subjacente quando ela falou sobre a aldeia. Sim, ela era forte e sim, ela era uma força a ser reconhecida.

Sua feroz lealdade se aplicava ao sistema e à aldeia em geral?

Não. Era óbvio que não.

"O que te dá tanta certeza?" ele questionou. "Pelo que parece, seu amigo não é nossa marca normal se ele é capaz de colocar as mãos em pílulas como essas, civil ou shinobi. E se eu tivesse que adivinhar, ele não faz parte de Konoha."

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