Capítulo 8

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Chego ao restaurante no horário combinado.

Não sou muito boa com fisionomia, mas Leonardo, tem uns traços marcantes, então, assim que chego já consigo avistá-lo. E, pelo jeito, ele também me reconheceu, pois está acenando, de maneira discreta para mim.

Vou caminhando até a mesa em que ele se encontra.

- Oi, Boa noite, Leonardo? Digo seu nome em tom de pergunta.

- Oi Nathy, prazer em finalmente conhecê-la. Ele diz sorrindo.

Ele me cumprimenta com dois beijinhos no rosto, e eu percebo que está extramente cheiroso.

Como uma boa apreciadora de perfume, não consigo deixar de notar. E não apenas isso, mas como uma mulher que também adora homens perfumados.

Eu me sento de frente para ele, enquanto ele me observa atentamente. Noto que ele realmente é lindo, assim como nas fotos.

- E então, Naty... Estava bastante curioso para te conhecer - ele diz, puxando assunto - Você é realmente linda, acho que mais do que nas fotos.

-Obrigada - abro um sorriso.

Começamos a conversar sobre coisas casuais. Nossas rotinas, nossos interesses.

Leonardo está me contando sobre o seu trabalho de personal, percebo que ele está falando sobre isso a um bom tempo. Mas uma vez percebo que ele fala de maneira um pouco excessiva sobre seu trabalho.

Ele já tinha feito isso outras vezes por mensagens, mas hoje, estou percebendo que está começando a ficar exagerado.

Mas, vou respirar, e dar uma chance a essa noite. Deve ser só empolgação, da parte dele, ou está nervoso e não sabe sobre o que conversar. Vou tentar, puxar outro assunto.

- Que bom Leonardo, que você ama o que faz. Percebo pelo seu entusiasmo, quando fala da sua profissão - digo de maneira educada - Eu também gosto muito da minha profissão. Administro minha loja com muito prazer, como te disse, eu sempre....

-Nossa, que legal - diz ele me interrompendo - mas você deveria focar na importância das atividades físicas. Ao invés, de pensar apenas no seu trabalho, deveria encontrar um horário para se exercitar. Poderia fazer isso, com auxílio de um ótimo profissional, que com certeza, poderia ser eu.

Criaria uma série de exercícios para você. Pelo que pude observar da sua estrutura física, acho que até já sei qual seria a série ideal para o seu corpo. Daí, você faria as atividades, juntamente com alguns suplementos alimentares. Seria o ideal para você. Acho que poderia começar, tomando Albumina, depois, conforme seu corpo fosse reagindo ao suplemento, poderíamos trocar para algo mais intenso, como Dextrose, por exemplo.

Sorrio e aceno sem entender nada.

Mas de que porra, ele tá falando? Qual foi o momento que eu disse que estava interessada em começar a praticar atividades físicas? E que merda é Dexter? O único Dexter, que conheço, é a série da TV.

Não, péra. Acho que não foi esse nome que ele falou. Ah, sei lá. O monólogo de Leonardo, está me deixando entediada. Já não estou prestando atenção, faz tempo. Vou sugerir, que peçamos a comida, pois já estou morrendo de fome, e logo começarei a ficar extramente mal humorada.

Interrompo o falatório de Leonardo.

-Vamos pedir a comida? Acho que estou começando a ficar com um pouquinho fome.

Pouquinho, foi bondade minha. É melhor, eu comer logo, antes que meu estômago, comece a fazer barulhos nada educados.

- Claro, vamos comer. Acho que nossa conversa, estava indo tão bem, que acabamos nos esquecendo da comida - diz ele com uma risadinha, como se tivesse dito algo muito engraçado.

Que conversa? Tenho vontade perguntar.

Ele quis dizer, o monólogo entendiante dele né?

Bom, pelo menos, agora ele vai comer e parar de falar.

Estou observando o cardápio, quando Leonardo chama o garçom.

Eu ainda não decidi o quero, estou em dúvida entre massa ou carne. Acabo optando por um fettuccine, pois sou apaixonada por massas. E é nesse momento em que o garçom chega a nossa mesa.

-Boa noite senhores, o que vão pedir? Pergunta o garçom de maneira educada.

-Boa noite, eu vou querer esse...

Mas, não consigo terminar meu pedido, porque Leonardo me interrompe.

- Acho que vamos querer salada. Eu vi umas ótimas aqui no cardápio. Até porque, à noite, demoramos a digerir comidas mais "pesadas". Então acredito que uma salada seria perfeita. Você não acha?

Pergunta ele me observando, aguardando minha resposta.

Eu estou paralisada, olhando para o seu rosto lindo, sem acreditar no que estou ouvindo. Estou com fome, e ele está sugerindo comer uma salada, sério? Não estou acreditando que me arrumei toda, saí de casa cheia de expectativas, para passar a noite comendo alface.

Mas, não quero parecer grosseira, no nosso primeiro encontro. Então, acabo apenas concordando com Leonardo.

-Claro, uma salada seria perfeito. Tudo que eu queria mesmo - digo me esforçando para parecer sincera.

Depois de algum tempo, o garçom retorna com nossos pedidos, e comemos de maneira silenciosa. Eu estou mastigando a minha maravilhosa salada (deboche), e torcendo para essa noite acabar logo.

Não sei se Leonardo percebeu meu desconforto, pois quando acabamos de comer, ele diz que vai pedir a conta.

Eu agradeço mentalmente ao Universo, por essa noite finalmente está chegando ao fim. Até porque, eu ainda estou me sentindo faminta.

Leonardo, se oferece para me levar em casa, mas eu agradeço e invento uma desculpa.

- Tem certeza que não prefere que eu te leve em casa? Ele insiste novamente.

- Não precisa Leonardo. Eu agradeço, mas ainda vou passar na casa da minha mãe para buscar o Luquinha - respondo, tentando ser educada.

- Tudo bem - ele responde um pouco hesitante - Marcamos novamente então. Vou te mandar mensagem.

-Claro - é tudo que consigo responder. Meu estômago está roncando e eu estou louca para ir embora.

Nos despedimos, e quando percebo que Leonardo se aproxima para me beijar, eu desvio o rosto e recuo um pouco. Ok, devo estar parecendo uma adolescente que nunca foi beijada, fugindo do primeiro beijo. Mas, a verdade é que eu e Leonardo não tivemos química nenhuma, e eu não estou sentindo a menor vontade de beijá-lo. Até porque, ainda estou com fome.

Percebo que ele me olha um pouco confuso, mas entende meus sinais, e terminamos apenas com dois beijinhos no rosto.

Chamo um Uber, e sigo em direção a minha casa.

Que encontro frustrante!!! Achei que teria uma noite completa, com direito a conversa agradável, comida boa e uns amassos no final. Mas tudo que tive, foi um monólogo tedioso e um prato de alface.

Tudo que preciso agora, é do aconchego do meu lar, uma pizza tamanho família, e um bom vinho.

A essência do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora