01 - Doce coração

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Setembro, 2020.
Daegu, Coréia do sul; 22h45min.
Principal delegacia de casos violentos.

-- Estou saindo, Changkyun, quer carona? - Hyungwon conferiu a hora em seu celular e pegou a chave do carro em sua mesa -

-- Não, pode ir. Preciso pegar o exame do caso Hwang com o Minhyuk, e tirei a moto da oficina hoje de manhã.

-- Hwang? - recebeu uma confirmação silenciosa - Ele já tem os resultados?

-- Quanto mais cedo, melhor. - suspirou, indo em sua direção - Esse caso vai nos dar dor de cabeça.

-- Qual não? - umedeceu os lábios, olhando ao redor e notando que o lugar estava cheio como sempre -

-- Posso te acompanhar até o estacionamento?

Hyungwon apenas indicou a porta com a cabeça e sorriu sem mostrar os dentes. Eles saíram torcendo para que não parecessem tão óbvios aos outros.

-- Sabe que tem câmeras aqui também.

-- Mas aqui eu posso te chamar pra jantar. - sorriu - Amanhã após o expediente, hyung?

É verdade que os dois se gostam, mas ninguém além deles precisa saber disso. Não é como se fosse permitido a demonstração de afeto enquanto estiverem em serviço, de qualquer forma.

-- Eu não sei negar um pedido seu quando me chama de hyung. - mordeu os lábios por impulso, logo disfarçando com uma tossida ao lembrar das câmeras captando suas expressões - Combinado.

-- Preciso entrar antes que o Minhyuk apareça com a papelada. Sabe como ele fica quando tem que esperar.

O sorriso em seu rosto denunciava tudo que Hyungwon causava lá dentro. Sem acionar botões, algo automático que nem ele mesmo notava as vezes.

-- Não passe a madrugada em claro de novo. Precisa descansar. - destravou a porta do carro -

-- Sabe que não consigo me concentrar em dormir quando temos tantos casos pendentes. Sinto que não tenho tempo pra sonhos.

-- Eu irei te encontrar lá.

-- O quê?

-- Nos seus sonhos, então durma um pouco. - acenou com um sorriso bobo nos lábios -

O Chae deixou o estacionamento, enquanto Changkyun voltou sorrindo para sua mesa, pronto para terminar de organizar alguns papéis simplesmente porque não tinha mais nada para fazer ali além de esperar o Lee aparecer com o exame necroscópico.

E após quase quarenta minutos, Minhyuk apareceu apenas com uma grande xícara em mãos.

-- Onde está o exame?

-- Aqui. - puxou algo do bolso de seu jaleco, mas em sua mão ainda não tinha nada -

Changkyun franziu o cenho, achando que seu colega havia finalmente enlouquecido. De fato, aquelas últimas semanas estavam sendo estressantes, mas o Lee já entraria de férias. Como poderia enlouquecer com o pé no paraíso?
Mas por outro lado, é sempre tão esforçado, e já aguentou tanto tempo na corda bamba. Hora ou outra a tontura se faria presente. Talvez ele tenha cedido e caído.

-- Não tem nada aí, Minhyuk.

-- Exatamente. Alguém sumiu com o meu exame enquanto fui buscar o chá.

-- Só pode ser brincadeira. - massageou as têmporas, sentindo-se exausto. Só poderia entender o caso tendo as palavras de Minhyuk como apoio - Quem foi?

-- Se soubesse, acha que eu estaria de mãos vazias? - bebeu um longo gole de seu chá - Mas precisa vir comigo. Tem algo assustador acontecendo aqui. - virou-se, caminhando sem ouvir uma resposta -

Half a heart [Changki + Hyungkyun]Onde histórias criam vida. Descubra agora