06 - Insensato coração

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Faltava pouco para a noite chegar e Kihyun continuava preso na sala de Changkyun sob o olhar dos dois investigadores.

-- Quando vão me soltar? Meus pulsos doem.

-- Já disse que quando tivermos certeza de que você não é um lobisomen.

-- Isso é muito ridículo, sério. Vocês estão se escutando? Percebem o quanto isso soa ridículo?

-- Se está mesmo falando a verdade e não sabe de nada, por que atacaria justamente aquelas pessoas?

-- Changkyun, eu já disse que não fui eu! Não sei porque estão matando meus amigos! Eu! Não! Sei!

-- Nós vamos ter certeza hoje à noite.

Ninguém falou mais nada em momento algum. Kihyun nem sequer aceitou comer; estava indignado e assustado. Os olhos ali não desviavam de si e sua mente não parava de trabalhar numa maneira de escapar do que parecia ser um centro de loucura. Mas sua oportunidade não veio.

O dia se arrastou dessa forma até a hora em que o psicólogo dormiu no sofá. Hyungwon aproveitou para comprar alguns remédios mais fortes para sua dor de cabeça incessante. Foi o único momento de folga que teve durante o dia inteiro.
Enquanto isso, Changkyun observava o Yoo dormindo, perdido em pensamentos sobre tudo o que estava acontecendo no momento. Sentia-se tolo e quase culpado. Pensava que, se talvez não tivesse colocado seus sentimentos à frente, poderia ter percebido de início que ele era o culpado. Tudo levaria a ele uma hora: todas as pessoas em comum, o ambiente compartilhado, o fato de ter encontrado um dos corpos. Mesmo que não tenha jeito de assassino, sabia que seu parceiro era bom no que fazia e que também não mentiria para si dessa forma. Kihyun poderia muito bem engana-lo. Não o conhecia mais.

Quase não deu tempo desviar do ataque que sofreu em seu momento de distração. O psicólogo estava acordado e completamente agressivo. Sentiu-se enjoado ao vê-lo se transformar em um monstro que, até então, só tinha visto em contos de terror. Hyungwon estava falando a verdade.
Não sabia que ele teria forças para quebrar as algemas, e foi atingido de raspão por suas garras ao tentar o nocaute. Entendeu que seria seu fim quando foi jogado contra a bancada que separava a sala da cozinha.

Investigador é assassinado em sua própria residência pelo ex namorado que reencontrou depois de treze anos. Daria mesmo um título instigante a uma manchete de jornal ou site de notícias. E se não fosse a pancada que Hyungwon agilmente retribuiu ao licantropo, no momento em que chegou da farmácia, certamente seria.
Changkyun apenas viu sua espingarda ser direcionada contra Kihyun em um golpe certeiro na nuca, e agradeceu mentalmente por isso antes de apagar também.

-- Changkyun? Ainda bem! Como está se sentindo?

Essa foi a primeira frase que o Im ouviu ao abrir os olhos e notar que estava em seu quarto. Reconheceria a voz de Hyungwon em qualquer lugar, mas ela estava um pouco diferente. Nunca a ouviu preocupada daquele jeito.

-- Hyungwon? - olhou atentamente para seu semblante caído - Cadê o Kihyun? Ele te machucou?

-- Não mais do que machucou você. Coloquei ele na sua sala de jogos. Desculpe, mas não tinha outra porta forte o suficiente pra segurar aquilo.

Inspirou e expirou o mais fundo que conseguiu, antes de sussurrar um "tudo bem". Pelo menos a antiguidade de ferro que adquiriu em um leilão e insistia em chamar de porta serviu para alguma coisa.

-- Precisa comer alguma coisa antes de continuarmos com esse caso.

-- Não estou com fome, vamos logo falar com ele.

-- Quando foi a última vez que comeu? Precisa pôr algo nesse estômago se quiser ficar de pé.

-- Hyungwon, não vai rolar. Tem um serial killer licantropo, que por acaso é meu ex namorado, bem na minha sala de jogos. Não dá pra comer nada. - disparou de uma vez e saiu do quarto, deixando o Chae confuso, meio perdido naquelas tantas palavras -

Half a heart [Changki + Hyungkyun]Onde histórias criam vida. Descubra agora