Studio

41 9 0
                                    

Eu não tinha visão do rosto dele, mas sabia que felicidade era algo que ele não expressava naquele momento. Sua respiração parou por um momento, senti suas mãos se retraírem em meu corpo e seus músculos enrijeceram.

– Isso vai mudar algo, Juliet? – ao contrário das outras vezes, a voz de Harry soava quase como uma súplica. Fechei os olhos e respirei fundo, o suficiente para que eu me acalmasse e não desabasse em lágrimas.

Talvez ali estivesse minha resposta.

Eu não era idiota. Naquela situação, ele não precisava dizer muito, sua pergunta já deixava claro que tudo isso era pior do que eu imaginava. Se eu fosse ele, eu também me odiaria. Desculpas não mudariam muita coisa, e naquele momento eu sentia que não era o melhor a se dizer.

O silêncio era a melhor resposta.

Seu celular tocou e rapidamente retirei minhas mãos deles, que puxou o aparelho do bolso, retirou os fones de ouvido e atendeu. Percebi que suas expressões não eram as melhores, fechou os olhos duas vezes e respirou pesadamente antes de murmurar "sim" e desligar.

– Preciso ir para o estúdio – disse, sem emoção alguma na voz – não consigo te deixar em casa, você terá de ir comigo.

– Mas nós...

– É urgente. Eu resolvo com o Wayne depois, com certeza ele vai adorar saber que eu fui trabalhar com a minha "namorada" – seu deboche era nítido nas últimas palavras. Eu não disse nada, e ele não pareceu arrependido pela maneira que falou comigo.

Tudo bem, eu poderia me acostumar com isso.

– Se não te atrapalhar, por mim tudo bem.

Na verdade não estava tudo bem, mas eu não tinha escolha.

– Vamos. – tomou minha mão.

Apesar da chuva fina, andamos rápido e fizemos o caminho de volta, voltando toda a nossa atuação. O clima agradável do começo se tornou pesado, eu não sabia até onde podia chegar, o que eu podia fazer, eu não sabia agir ao lado dele. Quando chegamos na frente da cafeteria, ele apertou o passo e julguei que estávamos perto do carro.

– Não fica tão longe daqui, pode dormir no caminho se quiser. – disse assim que paramos na frente do automóvel que, quando foi aberto, corri para dentro.

Assisti Harry entrar no carro e colocar o cinto, ajustando os vidros e colocando a chave na ignição. Coloquei o cinto e puxei o celular do bolso, secando-o na calça e desbloqueando. Era mentira dizer que eu não estava exausta, mas não me sentia confortável para dormir dessa forma.

– Posso ligar o rádio? – perguntei quando Harry deu partida no carro. Ele apenas assentiu a cabeça, sem me encarar.

Assim que liguei, estava tocando Adore You. Harry não esboçou reação alguma, apenas mantinha seu olhar atento ao trânsito caótico, que parecia nunca cessar naquele pedaço. Encostei minha cabeça no banco e tremi um pouco, o que me lembrou que ainda estava um pouco molhada da chuva.

Juliet [H.S/PT.BR]Onde histórias criam vida. Descubra agora