Sorry

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— Eu não vou discutir com você. — cortei, me acomodando mais no estofado antes de fechar os olhos.

— Não estou puxando briga, foi apenas uma pergunta. 

— Ah, claro. " Você parece mais interessada em Caroline do que eu, não?", o que isso soa em seus ouvidos? — praticamente vociferei, puxando a venda e a colocando em minha testa, será que assim ele perceberia que eu não queria papo?

— Exatamente o que disse. 

— Sequer toquei no nome dela, você está se doendo sem motivo algum. — puxei a venda até meus olhos. — Não sei se essa "viagem", se é que podemos chamar assim, está sendo tão proveitosa quanto Wayne imaginou.

— Se você continuar assim, não mesmo. — revirou os olhos.

Eu não ia responder, não ia lhe dar esse gosto.

E era sempre assim: quando parecia estar tudo bem, brigávamos por coisas triviais e ele era arrogante demais para dar o braço a torcer, será que ele não sabia pedir desculpas? Tudo começou porque pedi para ele me passar um sachê de açúcar, dá para acreditar? 

Mas lá estávamos nós, passando um final de semana no Canadá porque ele tinha entrevistas e Ludevik, juntamente com Wayne, pensaram que seria uma ótima ideia se eu fosse junto, o que poderia dar de errado? Claro, eles não sabiam do nosso atrito.

Harry não era sincero comigo quando deveria, eu não sabia de fato o que Caroline representava em sua vida e não queria ser um impasse, longe disso. Talvez Vegas tenha sido um erro se ele de fato tinha algo com essa garota, mas ele recusava falar sobre, até tocar no nome dela lhe deixava irritado, coisa que evitei.

Contudo, após minha infame pergunta no set, ele ficou nervoso. E não era pouco, não sabia até que ponto eu aguentaria tudo aqui sem surtar. E por causa dessa viagem, tive de adiantar algumas cenas e idas ao estúdio, o que me rendeu quase dois dias acordada, eu precisava de no mínimo uma hora de descanso, mas me sentia inquieta. 

Aumentei o volume da música e tentei apagar tudo da minha cabeça. Provavelmente ele estava ouvindo algo no celular e se perguntando quando os lanches seriam distribuídos, mesmo tendo comido dois croissants antes de pegarmos o voo.

Quando adormeci, senti que fora menos de 15 minutos, mas ele me acordou com um toque no mínimo carinhoso em meu ombro, sussurrando que estávamos quase chegando. Joguei a venda na bolsa e tentei arrumar meus cabelos da melhor forma possível antes do avião pousar.

Não trocamos tantas palavras até chegarmos no carro que já nos esperava, coloquei minhas coisas no porta malas mas não recusei a ajuda dele antes de entrarmos. O motorista não era confiável, por isso, sentei-me ao lado de Harry e entrelacei meu braço ao dele, que sorriu sem mostrar os lábios e me encarou de lado, apesar dos óculos escuros.

— Amor, você tomou seus remédios? — ele perguntou, e pude sentir um tom de deboche na palavra amor. 

— Ainda não, obrigada por me lembrar. — pisquei, encostando a cabeça no apoio e sibilando para que ele calasse a boca. — Estou com sono.

E não era mentira, eu estava exausta. Harry pegou o fone e me estendeu, aceitei sem pestanejar e fechei os olhos deixando a música me embalar enquanto tentava ignorar o frio. E mal consegui dormir, quando arrumei uma posição confortável o motorista anunciou que já estávamos no hotel.

— Ah, não me diga que... — murmurei ao ouvir o barulho lá fora, agradecendo mentalmente pelos vidros escuros.

Um mar de pessoas. Gritando, com cartazes e câmeras enormes, álbuns nas mãos e prontas para o mínimo de contato. No mesmo momento fiquei tensa, a possibilidade de ficar naquela van pelo resto do dia não parecia tão ruim... certo? 

Juliet [H.S/PT.BR]Onde histórias criam vida. Descubra agora