Capítulo 15 - Baile de Máscaras

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"Já perdi a conta de quantos dias estou nesse inferno. Os pássaros não cantam mais, estou sendo torturada pelo silêncio, nem mesmo aquela pequena fresta da porta tem me dado uma luz! Estou cada vez mais sozinha. Estou morrendo a cada vez que ele diz cuidar de mim. Ele quer alguém para dizer que seja sua, mas eu não aguento mais! Meus pulsos estão fracos e eu vou pôr um fim nisso... Essa caneta tinteiro terá muita utilidade para mim... Me desculpa por desistir tão fácil... Meu nome é Lucy Violet Gogh e infelizmente não serei uma sobrevivente..."

NARRADO POR JENNA

Christoffer não deu mais nenhum sinal de vida, o tempo está correndo e a minha curiosidade só aumentando. Voltei para o banheiro para terminar meu banho na qual fui interrompida, fiquei ali debaixo por cerca de 20 minutos recebendo toda aquela energia boa que a água transmitia até finalmente sair e ir me vestir. Peguei outra roupa confortável no meu guarda-roupa e logo me joguei na cama. Passavam diversas coisas e possibilidades na minha mente, tanto em questão do Christoffer, quanto em questão daquele bilhete. Acho melhor eu dormir um pouco, algumas horas de descanso poderão me ajudar a  ter algum tempo de paz. Estava tão atribulada que nem me importei com a fato de ter faltado na escola, no momento eu só preciso cuidar de mim.

De tanto pensar acabei pegando no sono, acordei ás exatas 9 horas. Me levantei e desci ás escadas para ver se meus pais haviam chegado, mas a casa estava vazia. Olhei de relance e vi uma enorme caixa na porta pelo lado de fora, me aproximei devagar com bastante receio e muito medo, abri a porta e observei atentamente a varanda mas não havia ninguém, acho que estou ficando tão maluca que até esqueci da entrega que minha mãe pediu pra eu receber. Arrastei aquela enorme caixa e entrei. Coloquei a caixa na cozinha e de imediato subi para me arrumar, minha curiosidade em questão daquele bilhete só aumentava a cada "tic-tac" do relógio. Tirei minha roupa o mais rápido possível e com toda delicadeza coloquei aquele formoso vestido que parecia ser feito para mim, ele ficou perfeito em cada parte do meu corpo. Coloquei uma sandália preta e me maquiei apropriadamente para noite, eu estava me sentindo linda, como uma verdadeira princesa. Terminei de me arrumar ás 9h58min, peguei aquela linda rosa azul e me sentei em frente a janela. Ás 10 horas chegou um rapaz debaixo de minha janela, ele usava uma máscara que cobria apenas seus olhos.

- Jenna? - Disse o rapaz que estava vestido em um lindo smoking preto.

- Você quem me mandou esse vestido? Onde estão minhas roupas?

- Uma pergunta de cada vez amor... - Ele sorriu. - Sim, espero que tenha gostado. Eu tenho sonhado muito com esse dia... Mas sobre suas roupas, amanhã estarão em seus devidos lugares.

- Hm, acho isso ótimo... Mas quem é você? - Falei cortando toda aquela enrolação.

- Isso eu não poderei contar... Não, até a senhorita se apaixonar por mim é claro...  - Ele era esnobe. Estou cercada por homens assim.

- Consegue ser mais convencido do que Christoffer... - Disse pra mim mesma.

- O que disse senhorita?

- Nada, já estou descendo!!! - Fechei a Janela, desci as escadas e logo estava na varanda. Deixei um bilhete para meus pais avisando que iria ver uma amiga e que voltaria quando pudesse.
O rapaz me esperava em frente a escada de entrada, me aproximei dele e ele rapidamente me puxou para si.

- O que está fazendo? - Eu tentava me soltar.

- Garantindo que você não irá fugir!

Ele me virou, tirou de seu bolso direito uma venda e do esquerdo uma fita.

- O que pretende fazer comigo?

- Calma amor, isso é apenas um jogo...

Colocou a venda em meus olhos e a fita em minha boca, em seguida deu um leve beijo sobre a fita enquanto amarrava as minhas mãos com a mesma, aquela atitude me deixou completamente perplexa e com medo. Ele me guiou até o carro e logo saímos.
Era estranho o fato dele tentar começar uma conversa mesmo sabendo que eu não poderia responder. Foi o assim o caminho todo, até ele passar dos limites.

- Como está Lucy? Vi ela entrar em um motel essa manhã com Christoffer... Acho gentil da sua parte emprestar seu namorado para sua melhor amiga! Acho inclusive uma atitude bastante corajosa! Isso mostra que apesar de tudo você ainda tem um bom coração... - Ele dizia irônico e eu não podia dar uma só palavra, meu corpo tremia de ódio e muito rancor. Era como se meu coração se partisse em milhões de pedaços.
Uma lágrima desceu pela venda, acho que minhas expectativas sobre tudo acabaram. Olha onde eu estou?! Aceitei sair com alguém que pode ter tentado me matar. Eu sou uma tremenda idiota.
Enquanto eu lamentava em meus pensamentos o carro parou.

- Esse é o nosso destino querida!

Ele tirou a fita da minha boca e saiu do carro.

- Não vai tirar o resto das amarras?

- Você é forte o suficiente para se livrar delas sozinha!

Tirei as fitas das mãos com meus dentes e logo tirei a venda. No banco ao meu lado havia uma máscara de renda azul, era linda e combinava perfeitamente com meu vestido. Sai do carro com a máscara em meu rosto.

- Eu disse que você era esperta, só precisa trabalhar isso! Afinal, uma garota esperta saberia que não se deve aceitar convites de estranhos... Vamos amor?

- Onde estamos?

- Em um pequeno baile de máscaras.

Passamos pela entrada e logo estávamos no grande salão, era tudo mágico, aquelas mulheres com suas máscaras esvoaçantes e seus lindos vestidos de gala, os homens com seus smokings tradicionais como se todos tivessem combinado. Eu estava completamente perdida nesse novo mundo na qual entrei.

- Gostaria de dançar?

- Como posso aceitar sem saber ao menos o seu nome?

- Você se preocupa demais Jenna, você sabe o que precisa saber! Cuidado que sua curiosidade pode acabar te matando! - Ele sorriu.

- Incoveniente e charmoso... Aceito seu convite!

Ele estendeu a sua mão e me levou até o centro do grande salão, está tocando uma linda sinfonia de Chopin, todos deram lugar para nós dois. Pode parecer estranho, mas eu estou me divertindo mais do que imaginava.
Perto da meia noite algo estranho aconteceu naquele lugar, às luzes piscavam, as pessoas gritavam e corriam, até que finalmente tudo ficou escuro. Quando as luzes acenderam havia um enorme rastro de sangue no chão e eu estava completamente sozinha.
Precisava encontrar quem havia me levado, mas como irei procurar uma pessoa sem nome? Fui seguindo os rastros até chegar no andar de cima do salão. Próximo ao elevador havia uma pequena poça de sangue, mas achei que não devia me preocupar, até que o elevador parou e abriu as portas diante de mim. Havia uma garota com um vestido idêntico ao que Lucy usou na festa de aniversário da cidade, fiquei horrorizada e totalmente sem chão, seu corpo estava completamente pálido com um corte em sua garganta que se estendia até o pé de sua barriga, seu vestido de amarelo, mudou para o vermelho pela quantidade de sangue que ela perdeu. Eu só conseguia chorar e desconfiar da minha própria amiga. E de repente sinto uma mão em meu ombro, meu coração gelou.

- Jenna, não toque em nada! Vamos sair daqui, todos já foram!

- Por favor me tira daqui! - Eu pude sentir minha mente entrando em choque, como um tipo de transe que tomou conta do meu corpo inteiro. Vi o rapaz tirar uma seringa de seu bolso e aplicar próximo ao meu pescoço. Depois disso eu apaguei completamente.

No dia seguinte...

Eu abri meus olhos e já estava em casa, com o meu moleton, minha regata e minha cardigan. Era como se eu não tivesse saído dali, como se tudo não passasse de um sonho. Continuei com essa expectativa até ver a aquela maldita rosa azul pendurada na minha persiana com outro bilhete.

"O sol tem inveja do seu brilho,
A lua adoraria ter seu sorriso,
O oceano deveria tomar cuidado pois ele encontrou nos seus olhos um azul mais intenso.
Ontem você estava radiante. Me encontre na semana que vem, tenho informações que você irá gostar. Boa sorte. Não se esqueça que a causa da sua morte pode ser sua curiosidade...

    - Com amor..."

Assinado apenas com uma gota de sangue.

Brincando com o Inimigo - Tá com você...Onde histórias criam vida. Descubra agora