Brincando com o Inimigo - Tá com você...

Capítulo 13 - Uma flor para uma flor

  Um cômodo escuro com algumas mobílias velhas cobertas com panos velhos, a única coisa que ilumina o ambiente é a luz que passa por debaixo da fresta que havia na porta. Ouço som de passos que seguem em cima de mim. Acho que é um quarto subterrâneo. Ele arrasta coisas no cômodo acima e eu permaneço em silêncio pra evitar que ele se irrite. Seu temperamento é assustador, eu o encarei nos olhos apenas uma vez e foi a maior besteira que já cometi. Ele me acorrentou, amordaçou e injetou algo em mim com uma seringa, meu corpo ficou sem forças e eu não podia me mover, ele sorria ao ver meu sofrimento. Ele tirou de trás de si uma serra e olhou fixamente em meus olhos e cortou meu indicador lentamente. A dor era infernal, eu só conseguia chorar e me perguntar quando ele iria finalmente me matar... Faz algumas semanas que estou aqui e sinto que não vou sair viva, encontrei alguns papéis velhos e uma caneta tinteira com um pequeno pote de tinta e assim estou escrevendo essa carta. Quero ser lembrada como a garota que sempre fui, mas vocês merecem saber o que realmente aconteceu comigo. Deixarei pistas para a próxima vítima, pois sei que não serei a última e quero que você consiga ser uma sobrevivente. Boa Sorte.

- Com Amor,

Lucy.

Algumas semanas depois...

NARRADO POR JENNA

Depois da noite em que Chris e eu passamos juntos, minha vida mudou radicalmente. Passamos quase todas as noites juntos e nos conhecemos melhor, é como se nos conhecessemos á muito tempo. Até minhas notas melhoraram e estão subindo ainda mais, quem diria que ele estava certo, nós formamos uma ótima dupla. Chris e eu decidimos ir devagar, vamos esperar passar esse mês para oficializar tudo com meus pais. Estou muito ansiosa. Gostaria que Lucy estivesse aqui, mas fico feliz em saber que ela está bem com a sua família e longe do caos que essa cidade se tornou. Eu recebi uma foto de Lucy com alguns cavalos, acho que ela está se divertindo muito. Infelizmente não consigo ligar pra ela, recebi a foto pelo correio, mas veio sem remetente. Tentei falar com a Holly, mas acho que ela mudou de número, acho ótimo que eles mudaram de vida de uma forma discreta, porém, muito radical e bastante suspeita.

Nessa manhã, Chris e eu planejamos sair antes de irmos à escola. Ele queria me levar em um café na cidade vizinha, como nunca fui á Helldale achei que poderia ser divertido. Chris morou lá por alguns anos, antes de viajar para o México, Brasil, Canadá e por fim parar em Brokenwood. Mundo pequeno eu diria. Os pais de Chris eram separados quando um acidente de carro tirou a vida de sua mãe há pelo menos seis anos atrás, seu pai o levou para morar com sua madrasta e sua meio irmã Kemilly que tinha apenas três anos na época. Infelizmente Kemilly morreu há algum tempo, Chris me disse que no Halloween sua irmã foi encontrada morta dentro de um rio entre Brokenwood e Helldale, ele quis me poupar dos detalhes, era doloroso seu olhar. Foi pouco antes da minha chegada à cidade, mas já ouvi boatos sobre esse caso. Mas fico bastante feliz que ele quer voltar para lá, agora com seus dezesseis quase dezessete anos depois de superar todo esse transtorno e reboliço em sua vida, mas continuo preocupada e tensa.

Arrumei-me rapidamente. Coloquei meu uniforme azul, fiz uma maquiagem básica, coloquei meu sapato, arrumei minhas coisas e desci para a cozinha. Papai volta a trabalhar hoje e mamãe tem uma conferencia no centro da cidade.

- Bom dia flores do meu dia! – Cheguei à cozinha sorridente.

- Bom dia meu anjo! Está em um ótimo astral, fico muito orgulhoso! – Disse papai se aproximando e me dando um beijo na testa.

- Bom dia filha! Sente-se, já vou pôr a mesa! – Mamãe sorria.

- Era sobre isso que eu desci para avisar... Tenho um encontro com um amigo no da cidade vizinha, e eu queria saber se...

- Me desculpe filha, mas você vai ter que remarcar esse encontro! Preciso que você fique em casa para receber algumas encomendas do meu novo investimento, já até conversei com o diretor e você poderá entrar na segunda aula! – Mamãe me interrompeu.

- Mas mãe...

- Isso é uma birra? Você não tem mais seis anos Jenna Carter! Eu disse NÃO! – Mamãe ficou irritada, enquanto papai apenas terminava seu café.

Subi as escadas correndo e bati a porta do quarto. Meu telefone começou a tocar assim que me joguei na cama.

- Alô?

- Oi meu amor, como você está?

- Chris? Sim meu amor, eu estou ótima... – Falo com voz de desanimo.

- Eu liguei só para avisar que nós não vamos poder sair hoje... Aconteceu um imprevisto...

Som de vozes femininas no fundo...

­- Ah, tudo bem! Eu ia mesmo te falar que não poderia ir!

(Chris volta aqui...).

- Christoffer? Tem mais alguém com você? – Estou sem paciência e tomada pelo ciúme.

- Eu estou sozinho... Tenho que desligar! Eu te amo!

- Eu também te... – Ele desligou antes que eu pudesse terminar.

Levantei-me e resolvi tomar um banho, preciso me acalmar um pouco.

Escolhi uma calça moletom cinza bem confortável, peguei minha regata preta e uma cardigan bem simples, e deixei em cima da cama. Entrei debaixo do chuveiro e esperei por alguns minutos, deixei a água passar por todo o meu corpo como uma massagem. De repente ouvi um barulho de vidro vindo da cozinha.

- Mãe? – Gritei, mas todos já haviam saído.

Desliguei o chuveiro e me enrolei em uma toalha para descobrir o que fez esse barulho.

Abri a porta do quarto e olhei para o corredor, está tudo um deserto sem nenhum ruído. Desci as escadas e eu estava sozinha, porém havia apenas um vaso de rosas azuis no chão. Peguei uma vassoura, ajuntei tudo e recolhi rapidamente, coloquei as rosas em outro vaso e logo subi para terminar meu banho.

Assim que entrei no quarto percebi que minhas roupas não estavam mais em cima da cama, mas sim um lindo vestido de gala azul com pedras brilhantes e em cima do mesmo se encontrava uma rosa azul com um fitilho e um bilhete.

Dentes de leão iluminam ás estradas,

Girassóis se iluminam no campo,

Orquídeas iluminam nas árvores,

Rosas iluminam a roseira,

E as estrelas iluminam o céu para as nuvens e a lua dançarem como dois fugitivos apaixonados, que se perdem em si mesmos como o labirinto de Creta, como o mundo e suas perdições, como o prazer que ganhaste quando ele a sentiu em seus braços, como um ponto de paz e um refúgio de dor, sofrimento e adorável escuridão.

Eu quero lhe apresentar um lugar e quero que seja a luz dessa noite. Espere-me na janela ás exatas 10 horas.

- Com amor...

Na assinatura havia apenas uma gota de sangue. Meu coração acelerou e meu corpo estremeceu com um calafrio vindo da espinha. Muita coisa para assimilar agora. Acho que eu errei em pensar que ignorar me ajudaria em alguma coisa.