capítulo 91 - Sonhos, Paixões e Desejos

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Definitivamente o ano de 77 seria quente. O inverno se despedira rapidamente depois das festas de fim de ano e os alunos alegravam-se com achegada do calor e da primavera. Parecia que o sol resolvera disputar com alguém em quanto tempo conseguiria derreter toda a neve que se acumulara nos jardins da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, e aparentemente ele ganhara a disputa.

O calor e o sol brilhante convidavam os alunos a um passeio, distraindo-os das aulas a cada segundo do dia, tentando-os a escapulir e desfrutar de alguns minutos de paz e liberdade...

Claro que temperaturas tão elevadas para aquela época resultavam em menos roupas e corpos mais expostos. E isso, numa escola mista, abarrotada de adolescentes em "temporada de caça", cheios de hormônios prestes a entrar em ebulição, resultava em mais trabalho para qualquer adulto responsável.

Contudo, enquanto alguns realmente partiam em busca dessas aventuras e tentavam a todo custo realizar seus sonhos e desejos – para não dizer que simplesmente seguiam seus instintos e saciavam seus hormônios – outros, tímidos demais, apenas observavam à distância, imaginando como seria se chegassem perto o suficiente para sentir o perfume, para sussurrar algum elogio ou simplesmente para... admirar a pessoa que os deixava completamente desnorteado, sem ar e suando frio – apesar do calor escaldante –, e sonhavam acordados, imaginando como seria se num desatino se permitissem ser apenas adolescentes e viver a vida sem pensar nas conseqüências que seus atos cobrariam. Afinal... todos os seus colegas eram assim, não é mesmo?

Dois desses adolescentes, porém, não conseguiam render-se aos apelos de seus hormônios e corações. O motivo para tal atitude eles tinham vários... ela era bela e popular demais, eles eram feios e magros demais. Ela era o melhor partido de toda escola, enquanto pouquíssimas garotas sequer dariam a eles um segundo olhar. Sem contar que eram tímidos e fechados demais para se aproximar de qualquer uma delas.

Severo Snape era um desses jovens rapazes. Não que ele se importasse se era bonito ou não; na verdade, o que o incomodava naquela situação era outra coisa. Ela era uma Grifinória nascida trouxa, alegre e meiga, e ele um sonserino mestiço lutando com todas as forças para ser aceito entre seus colegas puros-sangues, tentando ao máximo entrar para o restrito grupo de poderosos bruxos ligados às Artes das Trevas que tanto o fascinava.

Durante os últimos meses ele se surpreendeu ao perceber o quanto pensava nela... A freqüência com que a bela ruiva de olhos verdes invadia seus pensamentos estava deixando-o preocupado. Renegava todo e qualquer sentimento que possivelmente aflorava nele com todas as forças que seu jovem, e já sofrido, coração poderia ter. Isso durante o dia, pois, cada vez que a noite caía e seu corpo cansado deitava-se na cama, ele sabia que o dia de negação seria recompensado por uma noite inteira de sonhos repletos de paixão e um desejo incontrolável, quase animal, de ter Lílian Evans só para ele.

Assim ele passara os meses, sonhando com ela a cada noite, desejando-a cada vez mais intensamente e perdendo o controle de seus pensamentos e, algumas vezes, de suas ações.

O problema agora se agravava cada vez mais. Não fosse somente as noites a incomodá-lo, agora ele se surpreendia admirando-a em plena aula e esticando olhares furtivos quando ela passava por ele nos corredores e tão gentilmente sorria para cumprimentá-lo. Ninguém sorria para Severo Snape... Ninguém, é claro, excerto Lílian Evans! Ela era a única pessoa que se aproximara dele sem nenhuma segunda intenção; a única que, aparentemente, apenas queria ser sua amiga. No começo isso o deixava confuso e desnorteado, mas, agora, com essa amizade estabelecida, ele sentia-se diferente... algo mais surgira em sua mente e ele lutava para que não brotasse estragando a única coisa sinceramente pura que ele tinha na vida.

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