Poesias que vivi

Papel

Eu tinha mania de guardar papéis de bala na bolsa pra jogar no lixo depois,
o ruim é que eu sempre esquecia de tira-los de lá.
As vezes eu abria o bolso onde eles ficavam e os observava enquanto pensava em como sou tão lerda a ponto de esquecer de jogar um simples papel de bala no lixo,
confesso que tinha preguiça e procrastinava até que uma pequena quantidade de papéis de bala se juntasse e eu realmente precisasse jogar fora antes que minha bolsa se tornasse um depósito,
olhar os papéis ali me fez lembrar de que eu guardo tanta coisa por pura procrastinação,
apego,
as vezes por sentir demais,
as vezes por achar que não vale a pena jogar aquele papel fora,
a verdade é que eu sou uma grande acumuladora e o meu maior vício é acumular amores dentro de mim,
guardar quem não deveria.

Eu te guardei,
guardei tudo que sentia por você no meu coração assim como guardei todos os papéis de bala dentro da minha bolsa,
as vezes eu queria voltar no tempo onde um nós ainda existia,
onde eu ainda não tinha tirado todo o meu papel por você,
as vezes eu queria que você fosse aquele papel de bala que eu escolhi jogar no lixo logo ao invés de colocar no bolso de papéis,
mas não dá,
eu nem consigo abrir o bolso porque sei que você vai estar lá e só de pensar em te ver já me dói,
dói porque ainda não tive coragem de jogar fora tudo que sentia por você e agora até te comparo com papéis de bala que esqueço na bolsa,
queria eu te esquecer da mesma forma que os esqueço.
As vezes eu só queria te esquecer em um bolso qualquer e nem me lembrar que te guardei lá.