Prólogo

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O gosto da água veio em meus lábios mas eu não sabia onde estava. Não era salgado, não era doce... tinha gosto de sangue, sofrimento e luta.

Todo o meu percurso tinha me levado até aquele momento, onde eu não sabia se sobreviveria mais uma vez, como todas as outras.  A morte era algo duvidável, sua presença já fazia parte da minha rotinha. 

- Já devo ir? - perguntei.

Ela não respondeu. 

Me senti afundar no imenso azul e quando já enxergava vermelho senti algo me segurando. Uma chance? Uma esperança? Aquela ainda não era minha hora? 

Alguém tocou no meu braço fraco e me puxou pra vida, me tirando daquele sofrimento eterno. Mesmo não sendo tanto tempo assim, pareciam anos passando diante dos meus olhos. Minha vida já estava em seus últimos cintilares mas eu sabia que ainda não tinha acabado.

Entre a luz e as trevas me agarrei à esperança, sem me permitir ceder à tentação de me expor ao fim, sabendo que minha chance ainda me esperava... e assim foi. 

Assim que me puxaram daquele limbo pude sentir a água deixar meus pulmões, mas ainda assim não acordei, embora não ainda estivesse morto. A luz podia atravessar minhas pálpebras mas mesmo assim permaneci adormecido, onde meu lugar favorito ganhava espaço em minha mente, repleto de momentos felizes e sensações gostosas.

Era um sonho, um sonho tão bom que quase não quis despertar.

Dança dos FlamingosOnde histórias criam vida. Descubra agora