— Então, é assim que sabes o meu nome... — disse Nika.
— sério, a primeira vez, vi na fatura da loja.
— Uhm...
— geralmente dizemos "obrigado" e nome do cliente em seguida, por isso vemos o nome na fatura antes.
— Uhm... — voltou a responder dando um gole na água.
— A sério, é para tornar a tua experiência na loja mais acolhera.
— Bem, com certeza, minha experiência tem sido bem "acolhedora" nas últimas semanas.
— Que isso, só fiz o costume, ajudei o cliente a trazer as coisas até o carro.
— E depois, ficas 10 minutos a conversar com eles?
— O problema é que você estaciona muito distante — brinquei.
Ela riu. Ficamos um tempinho sem falar nada. Encostados no carro dela, vendo as pessoas a entrar e a sair da loja. Daí, ela perguntou:
— Aquilo que me disseste uma vez, sobre as coisas que alguém compra...
— Uhm... o que tem?
— É a sério? Consegues dizer algo sobre alguém pelas coisas que ela compra?
— Não é uma coisa exata, mas na maioria das vezes acerto, porque?
Ela olhou para mim com um sorriso de criança que está a tramar alguma coisa.
— Então, o que as minhas coisas dizem sobre mim?
Estranhei um pouco com a pergunta dela. Nas últimas duas semanas acabamos por nos aproximar mais e se eu dissesse alguma coisa errada, poderia estragar tudo.
— Você está tentando superar algo que mexeu muito contigo. Arrisco em dizer... que tu e o teu namorado terminaram o namoro a bem pouco tempo. Antes você comprava ingredientes para cozinhar (acho) para ele, talvez porque ele gostasse de comer em casa, mas agora tu só compras comida congela ou feita aqui, já que não tens que cozinhar para ninguém e tu... — parei de falar assim que vi seu semblante mudar para um mais triste — disse alguma coisa errada?
— Não, você... você acertou.
— Desculpa, não queria parecer estranho.
— Não, tudo bem... é interessante como pareces me conhecer bem...
— É estranho, parecer que te conheço?
— Ainda há muita coisa sobre mim que não sabes — disse ela num tom mais sério.
— Talvez, se pudermos conversar mais, isso mude...
Ela fez um sim abanando a cabeça.
— ahm... obrigada pela ajuda.
— Ok. Tudo fixe.
— É melhor eu ir, antes que te despeçam por eu estar a te distrair — Falou ela tentando fazer graça.
Sorri. Depois ela entrou no carro e foi embora. Naquele momento achei que talvez não devesse ter falado aquilo. Que talvez tivesse estragado tudo com ela. Que tivesse chateado ela.
Alguns dias depois, ela ainda voltou a loja. Pedi desculpas, mas ela disse que não era preciso, e continuamos a ter os nossos momentos na loja, e nos conhecendo.