Capítulo 2 - Encontros

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— Eu estou sinceramente decepcionada com você, Usagi — minha mãe continuava com a bronca, mesmo já tendo passado duas horas desde que tivéramos o desprazer de encontrar aquele sujeitinho impossivelmente irritante do Chiba Mamoru.

Virei para o outro lado do futon e cobri todo meu corpo, mas minha mãe tirou a coberta na mesma hora.

— Está me ouvindo? Não vou tolerar um comportamento desses de novo. Sorte sua que seu pai não viu nada.

E eis a razão da bronca atrasada. Minha mãe havia decidido encerrar mais cedo o jantar, pois queria me chamar para passarmos um tempo no onsen. Enquanto isso, meu pai e meu irmão fizeram a opção mais óbvia: aproveitar para encher a barriga até acima do limite. Não sei bem se a coisa teria ficado pior com meu pai ali, creio que não, mas ainda era um alívio não ter que enfrentar deboche duplo do meu irmão CDF e do intragável. Achava eu que também havia me salvado da bronca quando, logo depois de Mamoru ser apresentado à minha mãe, os dois apareceram com as expressões satisfeitas e cortaram toda a conversa. Mas não, minha mãe não esquecia nada e pelo jeito havia esperado meu pai e meu irmão aproveitarem o final da noite no onsen para me encher o saco.

— Me deixa, mãe. Acabei de ter meu coração partido e minha vida arruinada!

— Que menina mais boba! Não é sempre que podemos nos hospedar num hotel destes.

— Mentira, já fomos em outros bem melhores. — Certo, pela qualidade e pela variedade de comida, isso era mentira. Eu nunca mais iria a um hotel destes agora que meu membro perdido dos Edgers se tornara o gêmeo mais velho malvado. Mas o importante era não dar o braço a torcer. — Quero ir pra casa — disse, e não era nenhuma mentira.

Só de fechar os olhos não era o Takayuki-san e sua aura de príncipe encantado que eu lembrava. Estranhamente, a humilhação ficara em segundo plano quando descobri que de tantos lugares no mundo e no inferno que Chiba Mamoru poderia ter escolhido, era justo aqui que ele viera parar. Por quê? Por que eu?

— Garota boba e dramática, só pela cara já sei que está dramatizando tudo. — Minha mãe estalou a língua e enfim entrou no banheiro para tomar banho. Eu estava livre!

Escondi a cara de novo na coberta e fechei o olho, tentando sonhar com o que poderia ter sido meu fim de semana não fosse uma Utako na minha vida.

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Não tinha sido minha intenção dormir por tanto tempo, mas só de abrir os olhos e ouvir os roncos do meu pai, eu sabia que havia exagerado. Chorar sempre me dava sono mesmo...

Ainda assim, já passavam da meia-noite de acordo com o meu celular, novamente lotado com mensagens e fotos que a Rei-chan fora tão gentil em me mandar do show a que eu não pudera ir. Ah os Edgers... esse drama agora parecia coisa de outra vida. E eu comparara tanto o Takayuki-san com eles que minha mente começava a acreditar que seu irmão era mesmo um dos membros. O que não podia ser verdade, pois uma hora e algo depois do show, quando tudo aqui já havia se passado, Rei-chan mandou fotos de cada um deles saindo do hall e acenando para as fãs do lado de fora. Tudo tão de perto!

— Eu preciso de um banho... — disse já esquecida de que minha família toda estava dormindo no quarto. Larguei o celular, ignorando a Rei-chan solenemente, e decidi sair. Mais de meia noite soava como uma boa hora para visitar mais um pouco o onsen. Eu tinha certeza de que algum lugar do panfleto dizia que ele ficava aberto depois da meia-noite ou coisa assim.

Segui até o outro canto do hotel, onde ficava o onsen, um lado o das mulheres e o outro o dos homens e tinha mesmo uma placa falando alguma coisa de meia-noite, as duas portas bem abertas.

Então, Fique ao meu LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora