Capítulo 4 - Desaparecidos

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Então, lá estava eu, trancada num quarto com um dos sujeitinhos mais irritantes que eu conhecia, meu pai andando solto pelo hotel indo atrás de informações e talvez de um monstro e não fazia ideia do resto da minha família.

— Você fica aqui comigo. — Mamoru segurava os meus braços, olhando bem nos meus olhos.

— Que deu em você? — Eu não estava entendendo nada daquela urgência dele em me manter em cárcere privado. Fosse qualquer outro homem, estaria era bem preocupada. Então, por que era que minhas bochechas tavam queimando e minha cabeça imaginando sentidos idiotas, dado o contexto? Claro que aquilo não era uma declaração de amor! E mesmo assim, parte de mim estava saltitando.

— Seu pai me falou sobre a mulher que você viu.

Olhei mais atenta para ele. Por que meu pai chegaria até Mamoru e falaria isso?

— Ele queria saber onde o meu pai tava — Mamoru parecia explicar minha pergunta. — O dono do hotel? — Levantou a sobrancelha quando viu que eu ainda não via a ligação. — Ele queria falar com o dono e saber direito o que estava havendo. Disse pra mim também que não ouviu sirene nenhuma de polícia. — Ele virou para a porta, como se alguém fosse invadir o cômodo atirando. — Aliás, nem eu.

— Era mais fácil ter procurado o seu irmão. — Virei os olhos. — Mas como meu pai sabe que você é filho do dono?

Mamoru deu de ombros.

— Então, até essa situação toda for esclarecida, você fica quieta no quarto. — Ele cruzou os braços.

Acabei rindo, para a óbvia surpresa dele.

— Vai ficar mesmo dando uma de machão? E que que eu faria de perigoso? Tá agindo como se o hotel todo estivesse sitiado. — Como a expressão dele não amolecia, decidi mudar o argumento: — Foi só uma moça desmaiada que acabei encontrando.

— Uma mulher atacada por um youma.

Okay, Mamoru tentando me proteger não me assustara tanto quanto aquela declaração.

— E você, uma Cabecinha de Vento, pronta pra investigar tudo sozinha.

Tencionei meus olhos. A mesma fração minha que queria acreditar que aquilo era algum gesto apaixonado agora desconfiava que o youma tinha se apoderado do corpo de Mamoru pra ele estar falando assim. De onde ele conhecia esse vocabulário? Nem eu era tão burra pra ignorar que era no mínimo estranho. Nem que sabia o que eram esses bichos sairia chamando assim pros outros.

— Qual é a sua? — perguntei antes de pensar melhor. Num filme de detetives, esta podia ser a hora em que a mocinha fingia acreditar nas mentiras e esperava o vilão falar demais até se entregar. Por que eu tinha sido esperta o bastante pra ver que algo tava errado com ele, mas não pra seguir a cartilha?

Mamoru olhou para o chão.

— Só é perigoso. Nem sabemos com o que estamos lidando. — Ele não parecia mentir, embora toda a sua atitude fosse suspeita.

Na verdade, pensando com calma, ele parecia à beira da rendição. Seus ombros baixos, os cotovelos encolhidos, as mãos podiam até estar tremendo — ou eu já estava dramatizando e vendo o que queria.

— Okay. — Ajoelhei-me, escondendo o Cetro Lunar entre minhas mãos. — Só quero ver o que meu pai dirá quando te encontrar aqui comigo. — Fingi um sorriso.

Ele devolveu um sorriso amarelo e enfim se sentou no chão com pernas e braços cruzados. Coitado, realmente achava que tinha me vencido?

Apertei o cetro, mirei a porta e saí correndo.

Então, Fique ao meu LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora