Capítulo 6 - O Fatídico

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Num canto da minha mente, eu conseguia ver o youma destruir Tuxedo Kamen como se estivesse acontecendo no mundo real. Num momento, sua máscara caía, suas roupas rasgavam e manchavam de sangue e depois sumia o último traço que restava de Mamoru Chiba. E ele também devia estar vendo algo parecido, pois seus olhos recuperaram o foco por um momento, congelados em mim, para refletirem desespero. Era como se estivéssemos os dois vendo um pesadelo se tornar real, embora eu nunca tivesse sonhado com algum dia Tuxedo Kamen falhar.

Meu corpo começou a queimar, algo bem lá dentro irradiava um calor que me fez tossir forte, incapaz de inspirar. A imagem de Mamoru capturado ali e a dele caído ensanguentado em meus braços se misturaram. O terror e a realidade com o mesmo resultado: derrota. Não havia mais o que fazer.

Aquela estranha energia que vinha de mim, mas não parecia realmente minha, pôs-me de pé e fez o youma se voltar para minha direção perplexo. Afinal, eu já era a presa fácil, então por que havia me levantado daquele modo?

— Us...Sailor Moon? — Tuxedo Kamen perguntou também desorientado.

Mas o que fosse aquela coisa despertando em mim, ela adormeceu de novo tão repentina quanto exsurgira. Uma névoa havia nos envolvido e alguém me puxou para longe do youma, agora atacado pelo fogo e pelo trovão.

Tão inacreditável quanto as ilusões que me passaram pela cabeça quando achei que seríamos mortos, era ver que minhas amigas haviam aparecido.

— Parece que desta vez fomos nós que te salvamos, Tuxedo Kamen — Sailor Mars disse ao trazê-lo para perto de mim.

— Mas ainda não acabou — Jupiter disse ao se juntar a nós, apertando meu ombro.

— Aproveite enquanto ele está desnorteado, Sailor Moon! — Mercury apontou na direção em que deixaram o youma após o ataque surpresa.

Assenti e peguei meu cetro. Logo, o youma readquiriu a forma de Takayuki-san e eu suspirei aliviada. Havíamos vencido. Mamoru também parecia se recuperar, pois corria para acudir o irmão mais velho. Não sabia como, mas no final, tudo tinha dado certo. Então, desmaiei de exaustão.

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Acordei com uma imensa dor de cabeça. Talvez, a dor fosse o que tinha me acordado. Já estava claro, o que, pelo menos, significava que aquele sábado das trevas tinha ido embora e eu sobrevivera para ver o domingo. Só que eu não conseguia afirmar muito além disso. Podia reconhecer o quarto em que acordara, mas com certeza não era nele em que eu deveria estar com minha família.

Levantei num sobressalto. Minha mãe ia comer meu couro, meu pai já devia estar na polícia — e pior, pondo o nome de Mamoru no topo da lista de suspeitos de meu sequestro. Mas foi só pisar o chão que eu desabei; minhas pernas não iam funcionar tão cedo.

— Usagi!

Do meu lado estava o próprio possível procurado pela polícia, Mamoru Chiba. O mesmo que havia recebido o ataque do youma por muito mais tempo que eu. Mas agora aparentava mais um médico do que um paciente enquanto se ajoelhava na minha frente para me examinar.

— Eu tô bem — disse, afastando-me e usando a cama para erguer o corpo o bastante para me sentar. Não eram só minhas pernas que estavam sem forças, meu corpo todo ainda não merecia qualquer confiança. Ou seja, era meio que uma mentira eu estar bem. — Mas e você? — devolvi a preocupação, porque era realmente para ele estar pior.

Estudei-o em detalhes e nada em Mamoru denunciava a noite que havíamos tido.

— Estou bem, graças a todas vocês.

Então, Fique ao meu LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora