A Primeira Dança

1.3K 93 47
                                    

[Obs. Nada de ouvir a música se forem muito frágeis ou instáveis combinado?
Eu pelo menos não aconselho.
Confiem pode mexer com vocês.]

______________________________________

6° MANDAMENTO

NÃO MATARÁS

Jack

Sabem, a mãe sempre me contou que, quando se morre vamos para o céu, que lá dava para tocar as nuvens fofas que vemos cá debaixo. Que quando fosse a minha vez de morrer seria como um longo e belo sonho... um sonho sem fim, seria impossível de acordar e eu nunca estaria só... Nunca me sentiria sozinho. Ela contava como se fosse o paraíso prefeito e eu não conseguia esperar para lá chegar.

Ao menos foram as doces palavras dela que me levaram onde estou hoje.

Flashback - 10 anos atrás

É estranho explicar, mas, sempre que me sinto sozinho, sempre que tenho vontade de enrolar as mãos sobre o meu pescoço e ir para o paraíso, sempre que isso acontece eu danço. Nunca me veio a ideia de outra coisa á mente, afinal, sempre que movia o meu corpo era como se eu me livrasse desses sentimentos enjoativos, que me deixavam tonto. Eu entendo, é estranho sentir-se assim. A psicóloga que os meus pais me levaram disse que era invenção o que eu falava, afinal... É impossível uma criança de oito anos sentir-se assim não é? Sentir-se assim, sozinha, sem amor, com a vontade infinita de receber um abraço de um amigo.

Eu recordo-me daquele dia com cada detalhe. Já tinha saído da escola e fui para casa a pé, as ruas estavam fazias e estava frio, mesmo com o sol ainda a brilhar no céu.

Eu não me estava a sentir bem porque, na escola as outras crianças me chamaram de aberração e tinha doido. Já a meio do caminho lembrei-me da cena e comecei a chorar. Eram cinco meninos como eu, eles chamaram-me para o campo de futebol e mesmo eu nunca falando com eles os meninos perguntaram se eu queria jogar, eu respondi que sim. No intervalo a seguir fui ter com eles depois de brincar com uma das meninas, a Lila, uma cadeirante e a minha única companhia. Quando cheguei ao campo estava com um sorriso alegre, mas, eles tiraram-mo, tiraram-mo sem dó, os meninos chutaram a bola direto á minha cara, eu comecei a chorar. Eu pensava que eles me ajudariam como boas pessoas, mas não, eles aproximaram-se, com sorrisos na cara e vinham a correr, no final, todos eles me batiam, chutavam e pulavam em cima de mim. Eles estavam tão felizes, queria entender aquilo, no final acabei por adormecer.

Quando acordei foi com uma pisadela na mão. Um dos rapazes de mais cedo e mais outros que não conhecia começaram a arrastar-me pelo chão, mas eu não conseguia mexer-me de dor. Eles arrastaram-me até dentro da escolinha e lá atiraram-me das escadas abaixo, os rapazes disseram que uma aberração nunca terá amor na terra. Depois disso saíram. No fim de contas ninguém deu por mim e o meu braço direito já não mexia, as minhas costas doíam e tinha sangue na boca. Levantei-me e a coxear fui até á enfermaria, lá a dona ralhou-me porque faltei ás aulas para fazer brincadeiras e fui nisso que deu, eu sei que quando ela foi buscar pomada disse: "Criança de infernos, devia era ter morrido". Eu sei que ela falou baixo, mas na altura achei que ela estava certa. Saí a correr da escola, obviamente, eu queria ver a mamã.

Quando finalmente vi a casa corri o mais que podia e abri a porta, ela estava destrancada. Entrei aos berros, eu chamava pela mamã e pelo papa, eu queria um abraço deles, eu queria sentir que eles me amavam, mas nada. Fui ver novamente por toda a casa e já me doía a garganta, mas quando fui abrir as portas para ver se eles estavam para chegar estava tudo trancado. Corri novamente pela casa e estava a entrar em desespero, tinha medo, eu não queria aquilo, eu só queria amor, ser amado, um beijinho na testa, uma palmadinha na cabeça, mas nada. Afinal o que eu queria era...












Ir para o céu...

Lentamente comecei a andar mais calmo até á cozinha, estava triste e as lágrimas não paravam de escorrer, mas não me importei. Abri a gaveta alta dos talheres e tirei uma faca. Eu tinha visto com o papa, que dá para morrer espetando uma faca no peito e como só morto teria amor eu não me importei. Peguei o objeto pela pega e comecei a dançar pelo comodo, eu estava já a ver a luz, estava quente e parecia que fogo já se espalhava á minha volta bem como um fuminho, comecei a ficar mais tonto, mais leve, parecia um sinal, um sinal que aquilo estava certo. Então quando as chamas estavam para chegar a mim pus a ponta da faca no meu peito e espetei em mim. Admito que doeu, mas foi tão calmo e acolhedor, as chamas não paravam de queimar e quando fui levado pelos braços de alguém por outro lugar senti-me feliz. Eram braços feitos de luz, eram bastante doces e acolhedores e davam-me uma enorme sensação de paz.

De repente senti-me a ser abraçado por umas mãos gentis, eu não me importei quem era só me enrosquei mais naquele abraço não queria que aquele aperto caloroso acaba-se. Infelizmente nem tudo é para sempre.

Ainda no abraço ouso uma voz rígida a falar bem de longe.

? _ Devido a não ter comprido o 6° Mandamento Jack Silva de 8 anos será a partir de hoje uma das novas almas que habitam o terceiro reino divino.

Sem mais nem menos sinto aquelas mãos quentes a virar-me e instintivamente abro os olhos e vejo um homem bonito.

L _ Bem vindo, Jack, a partir de hoje eu vou tomar conta de ti, chamo-me Lúcifer, prazer pequenino.

Eu o olhei muito animado, finalmente vou ser amado, vou ter alguém para estar comigo, não vou mais estar só...

_ Obrigado, senhor Lúcifer.

Eu dei-lhe um beijinho na bochecha, eu estava muito feliz, mas sem nenhum motivo começo a chorar, como se a maior tristeza e raiva do mundo se tivessem transformado em lágrimas. Eu não sabia o que era aquele sentimento, porém sabia que não era meu então dei um abraço quente ao senhor Lúcifer, um abraço que o fez sorrir e assim como eu deixou algumas lágrimas fugir da rotina.

L _ Eu vou cuidar de ti pequeno, para poderes ser feliz.

Eu sorri e apertei mais o abraço.

_ Sim!

Fim do Flashback

___________________________

Aí, as partes da fala ficaram inalteráveis e como escrevi muito, depois a introdução do Xavier ficará para o próximo cap.

Espero que tenham gostado!

Bjs e até o próximo cap meus lobeloves!

Amor em fuga - YaoiOnde histórias criam vida. Descubra agora