Capítulo 2

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Amanda

Sempre sonhamos com uma vida bem sucedida, o emprego dos sonhos, a faculdade dos sonhos. No entanto quando somos adolescentes alguém deveria ter um aviso, para nos alertar que nem tudo é maravilhoso como pensamos.

Afinal, aprendi da pior maneira que nenhuma parte da vida é tão linda e florida como as pessoas faziam parecer. Já que ultimamente as coisas só estavam dando errado. Na verdade, antes do meu pai deixar mamãe e eu, estava tudo indo muito bem, só que ele preferiu fugir com uma mulher que nunca conheci e preferia que as coisas continuassem assim.

Isso já tinha acontecido há dois anos, desde então, tive que parar de sonhar com o curso de pedagogia que eu queria tanto cursar. Já que todo o dinheiro que mamãe e eu tínhamos, meu pai havia levado. As contas bancárias foram zeradas e nós ficamos com um total de nada.

Ainda bem que a casa ainda tivemos o direito de permanecer nela, no entanto minha mãe não estava preparada para uma tragédia dessas acontecer em sua vida. Ela era uma pessoa completamente dependente do meu pai, o amava demais, e infelizmente com o abandono dele, ela se entregou a uma depressão profunda.

Onde mal se alimentava e nem tomava líquido. Não conversava comigo e se trancava em seu quarto e nem abria a boca para me direcionar uma palavra, à única pessoa que ela ainda conversava era o terapeuta que a visitava semanalmente. Porém, eu já estava começando a ficar preocupada em como iria pagá-lo, já que o dinheiro que ganhei trabalhando no café estava acabando e eu ainda não havia conseguido arrumar outro emprego. No fundo eu me sentia culpada de tudo aquilo estar acontecendo, mas era sem motivo algum já que eu não tinha feito nada. Pelo contrário, sempre pensei que minha família era igual aquelas que estampava as propagandas de margarina; perfeita, completamente perfeita.

— Bom dia, vovó! — cumprimentei, minha avó, que já era uma senhora de aproximadamente oitenta anos, mas que estava bem melhor mentalmente que eu e minha mãe.

— Oi, querida! Como passou sua noite? — Vovó se aproximou de mim e meu deu um abraço.

— Como sempre vovó: extremamente preocupada com o dia seguinte.

Eu não costumava esconder os meus pensamentos da minha avó, sempre era um livro aberto para qualquer um.

— Já falei para você parar de sofrer por antecedência.

Como eu pararia se não conseguia arrumar nenhum emprego para me sustentar?

— Vovó, empregos não caem do céu e as empresas não estão muito propensas a me disponibilizar uma vaga.

— Mas acho que uma vaga caiu do céu para você.

Eu havia acabado de colocar o café que minha avó havia preparado em uma xícara e estava levando a minha boca quando pausei o processo no meio do caminho. Como assim uma vaga tinha caído do céu?

— Dona Elisa o que a senhora tá aprontando?

A velhinha deu uma risadinha, parecendo brincar com minha cara, mas ela logo pegou o bloquinho de notas que ficava perto do telefone e se aproximou de mim.

— Aqui, minha amiga do bordado do final de semana ligou para mim hoje. Ela tem uma vaga na casa em que ela é governanta.

Ela estendeu o papel para mim, e nele tinha um endereço, o horário marcado e o nome da pessoa que eu tinha que falar. A mulher se chamava Rosa, e até me lembro de vovó comentar sobre ela, no entanto o que mais me deixou curiosa foi a vaga.

— É uma vaga de babá, vovó — constatei ao ler o recado.

— Sim, Rosa disse que o bebezinho é um amor. Tenho certeza que você vai amá-lo, minha linda.

Uma Babá Inocente - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora