Capítulo 1

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Vinicius

Seis meses depois

Não podia negar que era um osso duro de roer, mas não imaginei que a repreenda que dei na babá de Bruno, faria com que a moça pedisse demissão. Agora tinha que aguentar Rosa – minha governanta – entrar no seu modo desesperado.

Ela era uma senhora com mais de cinquenta anos, baixinha, mas era tão brava, que parecia ser muito maior que eu.

— Como faremos sem alguém para olhar Bruno? — Parou ao falar, colocou a mão na cintura e me encarou, como se realmente eu fosse o culpado até por todas as guerras que aconteciam no mundo.

— Vamos colocar um anúncio de emprego, quem sabe alguém se interessa pela vaga.

— Mas você vai ter que me falar, senhor Vinicius, se vai se comportar? Não quero ter que demitir mais uma babá.

— Depois de dois anos essa foi a primeira que pediu demissão. O que eu posso fazer, se a vi dando doce para Bruno mais do que o normal?

— Poderia ter me avisado e não sair maltratando as pessoas. Você chamou a mulher de incompetente, Vinicius. Isso não se faz.

Eu sabia que ela estava certa, no entanto no momento eu não medi as consequências, só queria repreender a mulher para não deixar meu pequeno Bruno viciado em açúcar desde muito cedo.

Não que eu fosse um pai escroto, que impedia o filho de tudo, mas meu menino era novo demais e foi a única parte boa que restou do meu casamento. Minha ex-mulher decidiu que não queria ser mãe, e acabou nos deixando há dois anos, quando Bruno ainda era um recém-nascido.

Eu que já me sentia um homem solitário, comecei a ser pior e acabou que me tornei frio, um homem que não media as palavras e acaba magoando as pessoas. Por isso, na maioria das vezes preferia ficar calado sem incomodar ninguém. Já que quando abria minha boca era só para falar merda.

— Eu sei que errei, Rosa. — Minha governanta era ainda a única que conseguia que eu me abrisse por completo, então eu não tinha medo de ofendê-la, pois ela sabia bem me colocar em meu lugar. — No entanto as babás precisam entender como cuidar de uma criança.

— Elas sabem, você que é um chato, meu querido.

— Rosa...

— Não quero saber, senhor Vinicius. — Ela foi saindo do meu escritório, mas parou na porta e antes de sumir das minhas vistas, voltou-se em direção a mim e falou: — Irei procurar uma nova babá, o senhor vai querer entrevistar a moça quando eu achar, ou posso ir pelo meu julgamento?

Olhei para minha governanta que parecia realmente ansiosa com minha resposta. Passei uma de minhas mãos por meus cabelos os jogando para trás e respondi, da melhor forma que pude.

— Confio em você, Rosa. Pode escolher que eu sei que será uma boa babá.

— Deixa comigo, senhor.

Assim que ela saiu do meu escritório, tive que soltar um suspiro audível. Eu sabia que não era uma pessoa fácil de ser aturada, mas o que eu poderia fazer? Se o que eu sempre quis foi ter uma família, uma mulher que me amasse, e quando consegui tudo foi completamente destruído. Bem na época que percebi que amor não era tudo.

Que se dedicar a uma pessoa não servia de nada, quando essa mesma pessoa só pensava em ter paz e dinheiro. Quando Clara resolveu me deixar, com uma bebê recém-nascido, fiquei sem chão, sem rumo, sem nada. Porque eu considerava aquela mulher o meu mundo. E não bastava ser dono de uma empresa bem sucedida, ter dinheiro suficiente para comprar o que quisesse, não bastava nada quando o que você mais queria, você não conseguia ter.

Uma Babá Inocente - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora