O que está acontecendo?
O mundo está ao contrário e ninguém reparou
O que está acontecendo?
Eles perderam horas sentados, conhecendo mais um do outro e quanto mais se conheciam, mais culpavam-se por não terem se permitido ter conversas assim antes. James ficava cada vez mais feliz com o desenrolar da conversa, a ponto que ia conhecendo Lily melhor, pois ganhava mais certeza de que tinha se apaixonado pela garota certa, e ela ficava cada vez mais perplexa com a quantidade de coisas em comum que desconhecia.
Eles riram muito e discutiram alguns pontos divergentes, mas de uma maneira muito gostosa. A conversa foi realmente muito boa e ambos estavam felizes com aquele momento, tão concentrados ali – um no outro e em seus gostos – que nem se deram conta que o sol já havia sumido a tempo, sendo iluminados apenas por uma lua cheia brilhante.
- Merlin! – interrompeu James – ia aproveitar o sol para montar a barraca.
- Você trouxe uma barraca?
- Sim – respondeu coçando a nuca, revelando uma cara confusa – mas eu não sei montar...
- James! – a garota riu.
- Eu nunca precisei aprender, ok?
-Vamos! – Lily disse percebendo a decepção na voz do garoto – Eu te ajudo.
Ela levantou-se e entregou a mão para levantá-lo, o que reestabeleceu o sorriso que, até antes daquele momento, ele não havia tirado do rosto.
- Espera – disse Lily - Como você trouxe uma barraca? Eu não vi nada além da sua mochila e eu duvido que caiba uma aí.
James riu.
- Caberia, se eu tivesse uma mochila mágica.
- Ou fosse uma barraca da Polly Pocket.
Eles riram.
- Então... – indagou a ruiva.
- Eu vim antes e deixei guardado na igreja. Junto com algumas outras coisas.
- Você tem a chave?
- Quem disse que precisa de chave para abrir? – James forçou uma cara engraçada, arqueando a sobrancelha direita.
- James! – espantou-se – Estou falando sério! Você não arrombou esse lugar né!?
- Estou brincando Ruiva – James caminhou em direção ao portal lateral da construção, sendo seguido pela garota – Conheci esse lugar quando era criança, meus pais frequentavam as missas aqui. Uma localização privilegiada, mas para poucos. – Ele encaixou a chave e abriu - Depois que o velho padre faleceu, esse lugar ficou abandonado e meu pai passou a tomar conta daqui.
James entrou na igreja acompanhado por Lily que observava tudo curiosa. O local se mantinha elegante e limpo mesmo sem a frequência de missas.
- E então você passou a vir para cá?
- No começo eu vinha para fazer companhia para minha mãe. Forçado, é claro. – James sorriu para a ruiva e voltou a caminhar em direção a um banco onde tinha algumas coisas sobrepostas – mas depois acabei pegando gosto pelo lugar e comecei até a me oferecer para vir limpar sozinho, só para ver o pôr do sol, ficar lendo e brincando entre os bancos.
- Eu teria vindo contigo. – disse a garota, enquanto ajudava-o pegar as coisas que precisavam de cima do banco de madeira.
Eles caminharam até o local onde pretendiam montar a barraca e perderam mais algum tempo ali, tentando desvendar esse mistério. Nenhum dos dois eram bons nisso. A verdade é que era difícil saber quem era mais péssimo em montar uma barraca, mas eles se divertiram nas tentativas e com as teorias malucas e sem sentido de onde colocar cada peça nova que retiravam do saco.
Depois de muito lutar, eles conseguiram construir algo muito errado, mas que serviriam por uma noite, o que os fez gargalharem quando por fim sentara-se na frente da ilustre composição feita.
- Eu não acredito que não somos capazes de montar uma barraca! – Lily disse incrédula.
- Eu não acredito que os fabricantes consigam vender algo tão impossível de se montar.
- Se fosse na época das cavernas, morreríamos!
- Tenho certeza que construir um abrigo na montanha é mais fácil que montar esse treco – debochou o garoto.
Eles riram.
- A culpa é sua de não ter trazido o manual.
O garoto encarou-a perplexo, forçando uma expressão extremamente exagerada, então, seus olhos se encontraram com os de Lily. Silêncio. Os corações batendo acelerados. Ficaram por um tempo, com a mente viajando ao longe. Os rostos começaram a se aproximar e ali – em cima daquela montanha, em frente à barraca que acabará de montar, sendo iluminada pela luz da lua – Lily teve a certeza de que estava ficando louca e que toda sua sanidade tinha evaporado. Encarando aquele par de olhos avelãs por detrás daqueles óculos, ela não sentia raiva, ódio ou medo, pelo contrário, ela sentia paz e segurança.
Como isso era possível? A garota se questionava, tentando entender o que estava acontecendo ali. Tinha certeza de que o mundo havia virado de ponta cabeça e estava ficando maluca. Ela e o James juntos????? Isso era impossível. Tentou justificar para si mesma, mas não era capaz. O que tentou negar por tanto tempo, estava sendo esfregado em sua cara.
Ela estava se apaixonando por James Potter.

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RELICÁRIO
RomanceA história de duas pessoas apaixonadas que se encontraram em um fim de tarde e sabiam que ficariam juntas apenas naquela noite, não era apenas uma letra fictícia na canção de Lily, era algo real que sempre a transportava para aquela memoria quente d...