É uma índia com um colar
A tarde linda que não quer se pôr
Dançam as ilhas sobre o mar
– Para onde estamos indo? – gritou a ruiva enquanto pedalava morro acima, tentando acompanhar o garoto que ia à frente guiando o caminho.
– É surpresa – respondeu James.
– Estou começando achar que sua intenção é me levar para o meio do mato e me assassinar – brincou.
- É isso que você espera de mim?
- O que posso fazer? Nem te conheço direito.
- A gente estuda junto desde... deixa eu ver – James fez um expressão de dúvida – SEMPRE!? – gritou, parando para esperar a ruiva o alcançar.
- Não é o bastante. – Ela respondeu ofegante ao chegar perto dele – chegamos?
- Ainda não.
James voltou a pedalar e Lily acompanhou-o sem falar mais nada, até porque estava ocupada demais concentrando-se em respirar. Após alguns minutos, James desceu da bicicleta e encostou-a em uma árvore.
- Ruiva, falta pouco! Você consegue!
A garota não pôde evitar de revirar os olhos. Era o que sempre fazia quando o "esnobe do James" a chamava por aquele nome. Ela e o garoto estudaram juntos a vida toda praticamente e todo mundo sempre soube que a relação deles era engraçada demais. Era rotineiro encontrá-los nos corredores da escola conversando ou discutindo. Uns diziam que no fundo se amavam, bobagem na opinião da ruiva; fato na opinião do moreno. Para ela, eles não passavam de colegas.
Enquanto empurrava a bicicleta e seu corpo para alcançar o garoto que estava sentado no chão no alto da montanha esperando, Lily começou a se xingar por ter participado daquela aposta. James havia proposto que ficaria com média maior que ela no último semestre e é claro que, como a melhor aluna da sala, Lily duvidou. Mas o garoto havia conseguido superá-la por 0,02 pontos e por isso ela estava ali, pagando a aposta.
Lily fingiu estar incomodada com aquilo, mas – coisa que ela negaria até a morte – estava muito feliz pelo garoto ter tirado aquela nota. James havia ganhado uma bolsa na universidade, onde jogaria futebol, e aquela média final agradaria o novo técnico. Não que James não fosse inteligente, na opinião da ruiva ele era apenas um pouquinho preguiçoso e ela sabia que diversas vezes ele fingia não entender alguma matéria só para ter a ajuda dela.
Lily não o odiava, ela gostava da presença dele - outra coisa que negaria até a morte. Os dias na escola sem as provocações do mais alto não eram bons. E ela sentia isso, mas era só isso. James não seria seu melhor amigo ou confidente e muito menos seria seu par romântico, eles não dariam match. Pelo menos era o que ela tentava se convencer todo dia.
Enquanto esperava a garota subir o resto da montanha, que nem era tão íngreme assim, James picotava as folhas que encontrou ao seu redor pensando no que estava acontecendo, sem acreditar muito ainda. Ele estava feliz e tentava não deixar isso tão perceptível. Não queria estragar tudo ou constranger a garota, mas ver Lily ali com ele era a melhor coisa que poderia ter presenciado o ano todo e era difícil não demonstrar isso.
- Vamos princesa! Você consegue!
- Se me chamar de prin ... se me chamar de princesa de novo, Potter, eu juro que te jogo lá embaixo. – Respondeu a garota chegando ofegante perto, atirando a bicicleta de lado e se lançando no chão – Por que me torturastes assim? Não basta jogar na minha cara a cada minuto o fato de ter vencido essa aposta idiota?
- Se você parasse de ser uma resmungona e olhasse em volta, talvez me agradeceria ao invés de ficar levantando calunias ao meu respeito.
Lily relutou por algum tempo em fazer o que James pediu. A subida tinha acabado com ela e ficar deitada ali com os olhos fechados, sentindo a grama e o vento enquanto descansava, era uma proposta muito mais chamativa do que levantar para observar o lugar – que pensou não ser muita coisa – mas cedeu.
Quando abriu os olhos, a primeira coisa que viu foi o céu que estava com uma tonalidade alaranjada, pois o sol estava se pondo. Conseguiu ver algumas copas de árvores e passarinhos que voavam por ali. Lily sorriu, pois era uma visão linda. Sentou-se e olhou em volta, viu o restante das árvores e o sol no horizonte brigando para sumir, comprovando o que a garota já havia percebido: era uma linda tarde quente de outono, com um pôr do sol incrível. Além disso, notou que ali havia uma pequena construção antiga, que logo percebeu ser uma igreja por causa dos lindos vitrais.
Eles estavam em um lugar isolado da cidade, no alto de uma pequena montanha. Do alto era possível ver o mar e a cidadezinha que se espalhava em seu contorno. Era como se estivessem ilhados. Era apenas eles e a natureza que mostrava sua magnificência através da bela paisagem.
James estava certo, valeu a pena subir aquela montanha. O local era lindo. Não, ele era perfeito!

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RELICÁRIO
RomansaA história de duas pessoas apaixonadas que se encontraram em um fim de tarde e sabiam que ficariam juntas apenas naquela noite, não era apenas uma letra fictícia na canção de Lily, era algo real que sempre a transportava para aquela memoria quente d...