Capítulo 9 Cecília

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NÃO REVISADO


Cecília


Quatro dias após a tempestade e ainda não há como voltar para a cidade onde minha tia mora,segundo informações que Zé conseguiu colher,daqui dois dias vão liberar a estrada sem asfalto,resolvemos aguardar mais esses dias,mas também já não temos nem mais opções do que fazer para passar o tempo aqui,durante todos os dias a noite assistíamos filmes ou vamos para a roda de fogueira do Vitor,por falar nele,Gabriel foi tão fofo se desculpando, que fiquei até envergonhada do show que dei ao ouvir Vitor dizer que se alguém abordasse a noiva dele do forma que ele fez comigo,ele também iria se irritar e então pediu desculpas ao Gabriel também,como hoje é noite da virada de ano,liguei para minha tia para dizer que ia pedir a Ana para fazer a ceia para nós e sua família aqui na casa grande mesmo,minha tia adorou a idéia e ela mesmo ligou para Ana e disse que ela e eu fazíamos questão disso.
Hoje depois de todos esses dias aqui, consegui ver o Rodrigo,filho mais velho de Ana que sempre era o responsável por todos nós e que um dia realmente me protegeu,depois de comermos e nos divertirmos muito, nos lembrando da infância,estamos todos indo andando até o local onde alguns fazendeiros se juntaram para fazer uma queima de fogos na hora em que der meia noite em ponto,mas de repente sinto algo estranho,um calafrio como se algo ruim fosse acontecer e meu corpo estremesse.
- Está tudo bem pequena? Gabriel pergunta ao perceber meu tremor.
- Sim,acho que foi só uma rajada de vento! Falo me encolhendo um pouco.
- Vem,eu te esquento minha namorada! Ele diz sorrindo abertamente e me puxando para um abraço.
Me encolho nos braços de Gabriel e percebo Rodrigo sorrir com o canto dos lábios e sei que ele está demosntrando que está feliz por me ver seguir minha vida sem medos ou traumas,sorrio de volta para ele e volto minha atenção para a conversa de Ricardo e Gabriel que parecem se conhecerem a anos,mas todos nós nos esquecemos de tudo que estávamos fazendo assim que escutamos o início da contagem e nos juntamos ao resto das pessoas,dez segundos depois o céu é tomado por várias cores e explosões,desejamos um ano novo cheio de bençãos e paz uns aos outros e depois de quase dez minutos de fogos,o céu vai ganhando sua calma novamente.
- Tem bastante gente,vamos aguardar um pouco para sair daqui! Zé instrui e todos balançam a cabeça concordando.
- Na Itália vocês tem fogos tão lindos assim menina da minha mãe? Ricardo pergunta fazendo graça.
- Ah não,não che... ai... Digo assim que alguém passa rápido trobando comigo e Gabriel. - Ei,vai com calma! Digo enfurecida para o homem e quando ele me olha de volta, eu não acredito no que vejo e é como se eu estivesse sendo transportada para o passado sem direito a voltar para o futuro novamente e nesse momento é como se um bolo se formasse na minha garganta,me impedindo de falar qualquer coisa e até mesmo respirar,minhas pernas tornam-se como gelatinas e é difícil me manter em pé sozinha,eu escuto o exato momento em que Ana pede para Gabriel me segurar e vejo Rodrigo puxando o homem para longe de mim .
Ana corre em minha direção e segura meu rosto com as duas mãos dizendo que eu preciso manter a calma e não ter medo,que todos ali vão me proteger,mas nada em mim parece lucido ou em controle,então meus olhos se fecham lentamente me fazendo mergulhar novamente no escuro que um dia, tive dificuldade de sair.

Ao longe escuto Ana chamar meu nome e Gabriel perguntar se eu não estava demorando demais para acordar,mas minhas palpebras parecem pesar uma tonelada cada e eu não consigo abri-lás ou mover qualquer parte do meu corpo para mostrar a eles que eu já estava acordada ,quando senti algo escorrer por minha bochecha e então eu soube que eram lágrimas de medo,pavor que aquele homem chegasse perto de mim novamente.
- Cecília,você me ouve? Gabriel pergunta e eu sinto ele acariciar meu rosto e logo depois depositar um beijo em minha testa.
- Ricardo vai atrás do Coimbra,talvez a pressão caiu muito! Ouço Ana falar e me forço a abrir meus olhos,o que menos preciso é de um médico,assim que abro meus olhos me deparo com os olhos de Gabriel cravados em meu rosto.
- Ela abriu os olhos Ana! Gabriel diz sorrindo limpando minhas lágrimas,mas com o semblante preocupado.
- Cecília,você me ouve,consegue conversar? Rodrigo pergunta igualmente preocupado e eu apenas pisco meus olhos sabendo que falar já é querer muito,afinal minha boca está extremamente seca.
- Não acham melhor deitar ela na cama e dar um pouco de água? Samanta,esposa de Rodrigo sugere.
- Façam isso,enquanto eu vou na cozinha buscar a água e um chá para ela! Ana fala mandona indo para a cozinha,enquanto Gabriel me ergue com cuidado nos braços e caminha em direção ao meu quarto.
- Vamos deixar só a mãe e o Gabriel cuidando dela,qualquer coisa eles avisam! Rodrigo diz e um a um vem até a cama e beija o topo da minha cabeça. - Você vai superar isso de novo e aquele verme não vai tocar em você,qualquer coisa vocês ligam,vou na cidade falar com o delegado. Ele diz e faz o mesmo gesto que os demais e sai do quarto.
- Oi Meg! Ouço Gabriel falar assim que atende o telefone que eu nem ouvi tocando. - Está acordada sim ,mas parece estar em choque,apenas chora e acompanha tudo com os olhos...não,ela não disse nada desde que acordou... não sei,estavámos saindo do local da queima de fogos e um cara esbarrou nela e depois tudo aconteceu muito rápido...eu sei que sim,mas agora só me interessa que ela fique bem e não saber o motivo dela ter ficado assim...vou cuidar sim,amanhã quando tudo estiver mais calmo a gente fala sobre isso...está bem, eu dou seu recado e pode deixar que não saio de perto até ela me expulsar...outro para você. Ele diz e desliga o telefone.
- E...eu... Tento falar mas não consigo.
- Ei,fica calma,sua tia só queria saber de você e mandou um beijo.
- Trouxe o chá e a água! Ana diz assim que entra no quarto.
- Á...á...água! Consigo dizer.
Gabriel me senta na cama, me fazendo apoiar nele e me ajuda a beber a água de pouco a pouco,assim que termino, Ana já faz ele me dar um chá que não consigo decifrar o sabor,mas é tão bom que acabo bebendo tudo e Gabriel me deita novamente na cama e eu me agarro no colarinho de sua blusa.
- Pode ficar tranquila,não vou sair daqui e se você quiser ir descansar também Ana,qualquer coisa eu te chamo.
- Tem certeza?
- Tenho sim,ficarmos os dois aqui não vai adiantar muita coisa e daqui a pouco ela vai dormir e também ela aparenta estar mais calma.
- Tudo bem,vou dormir em um dos quartos de hóspedes,mas qualquer coisa mínima que seja, você me chama.
- Pode deixar,agora vá descansar que hoje você não parou em nenhum momento e você não quer a Ana mal né pequena? Gabriel me pergunta e eu balanço a cabeça e dou um sorriso quase imperceptível,mas eles parecem perceber,pois sorriem de volta.
- Você está aprendendo a ser chantagista como ela,eu vou me deitar,mas se acontecer algo e você não me chamar,eu juro que você vai conhecer o poder da minha vassoura!
- Sim senhora! Gabriel responde e ela vem para mais perto da cama.
- Vai ficar tudo bem minha menina,vamos passar por isso juntos! Ela diz e beija minha testa.
- Obrigada! Digo em um sussuro e ela sorri.
- Você sabe que te defendo feito uma leoa enjaulada,agora dorme um pouco está bem?
Balanço a cabeça concordando e ela volta sua atenção para Gabriel e beija o topo da cabeça dele e sai do quarto sem dizer mais nada,mas nesse momento palavras são desnecessárias.
- Vou levantar só para tirar o sapato e o cinto está bem! Gabriel diz e eu solto seu colarinho e ele faz o que diz, vai até o sofá que há no quarto se senta e tira o calçado e logo depois o cinto,volta até a cama e tira minha sandália que eu nem percebi que ainda calçava.
- Esquecemos de tirar quando trouxemos você para o quarto! Ele diz,se deita ao me lado novamente e eu não demoro em segurar seu colarinho.
- Não me deixa sozinha! Falo chorosa.
- Claro que não meu amor,vou ficar aqui com você o tempo todo! Gabriel diz acariciando meu rosto,mas minha mente só martela a palavra meu amor.
Gabriel me puxa para mais junto de si e começa um carinho agora na minha cabeça e braço e isso provoca um efeito calmante em mim,afinal de pouco a pouco o sono vai tomando conta de mim e a última coisa que sinto, é Gabriel dando um selinho em meus lábios e dizendo para dormir com o senhor.


Capítulo pequeno,mas muito importante para começarem a entender que mesmo sendo de uma família rica,a adolescência de Cecília não foi fácil e por isso alguns traumas.

Não esqueçam do voto e de comentar o que estão achando do livro,criticas construtivas são bem vindas.


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