Myranda I

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       AS luzes da sala estão ofuscando minha visão, logo agora que tenho um relatório importante a fazer, mas isso não importa, Preciso finalizar tudo isso para buscar Gwen..eu sei, ela tem se mostrado problemática, mas não posso deixá-la na mão; escuto alguém vindo até meu escritório com passos apressados, suponho ser Judith.

     -Senhora, há um homem que procura por Gwen..ele insiste em falar com a responsável por ela.- Eu estava certa, era Judith, e ela parecia estar com medo.

     -Seja quem for, não chegará perto dela. Dispense.- Digo enquanto digito no computador em minha mesa de vidro.

     -Como desejar.

    Judith é uma boa empregada, e quase uma conselheira para mim e Gwen. Seus cabelos escuros presos em um coque perfeito e seu uniforme sempre limpo e impecável revelam o quanto ela é uma pessoa cuidadosa e perfeccionista. Eu a contratei assim que tomei parte dos negócios, ela é fiel a nossa família e está sempre a nossa disposição.

    Eu tento consertar meus erros e proteger minha irmã(sim, faria de tudo por ela e teoricamente faço), não sei se ela vê isso dessa forma; mas agora o momento é outro, tenho um intruso em minha casa e não sei ao menos quem é, deveria ter descido junto com Judith para mandar esse cara embora. E neste momento percebo que sou uma tola, é claro que preciso descer! certamente esse homem é um inimigo e veio aqui para nos atacar.

   Penso rápido e pego minha arma na gaveta, eu a carrego e levanto de minha poltrona branca. Em uma fração de segundos escuto os gritos de Judith na escada e.. AI MEU DEUS!

   Corro na direção da porta e olho pelo corredor. Lá está ele, careca e com a cara de mercenário. Não sei o seu nome, mas o idiota segura uma faca afiada, molhada com o sangue de Judith que pinga em meu piso. Ele avança em minha direção e eu atiro em suas vísceras malditas, fazendo-o cair no chão e largar sua faca.

   Me aproximo para ver se Judith está viva, e ela ainda está, agonizando deitada na escada. Coloco minha arma próximo aos meus pés e longe do agressor, retiro meu blazer preto e me sento ao lado dela para ajudar a estancar seu sangue com minha roupa, lágrimas escorrem pelo meu rosto.

   -My..Myranda..- balbucia Judith.

   -Está tudo bem, eu estou com você, fica comigo.-respondo chorando enquanto tento manter a calma e ligar para a emergência.-vou buscar ajuda.

    E mais uma vez eu deveria morrer porque sou uma tola, não matei esse desgraçado por completo. Então ele se volta contra mim mesmo ferido, pega sua faca e rapidamente a enfia em minha mão direita que estava apoiada no chão, me fazendo gritar de dor; e enquanto ele mantem sua mão nojenta segurando a faca, junto todas minhas forças e pego minha arma com a mão esquerda livre e atiro na mão que está segurando a faca, então ele grita e segura seus dedos sangrentos e estourados. Novamente deixo minha arma perto dos pés e mesmo ajoelhada e morrendo de dor, uso minha mão livre para tirar a faca e assim ter os dois braços livres; largo a lâmina no chão e recupero minha arma, atiro na mão desse imbecil que ainda não atirei e o deixo com ambas as mãos feridas. Agora você pagará caro por isso.

    Não posso matá-lo neste momento, preciso descobrir o que este imbecil veio fazer na minha casa, atacar minha empregada, me atacar e pior: procurar por Gwen. Garanto que você nunca chegará perto dela.

    Mas antes preciso cuidar de Judith, e dane- se minha mão ferida, cuido desse assunto depois, agora preciso ser rápida. Vou até o porão enquanto minha mão sangra e pego minhas cordas, volto para o corredor onde o homem está baleado, ele ainda se contorce no chão mas mesmo assim o amarro pelas mãos e pelos pés; arrasto seu corpo pelo corredor e pelas escadas do porão, deixo o imbecil no chão. Ele nem se da ao trabalho de gritar e só lamenta por seus ferimentos. Minha mão dói muito, mas tento me conter e limpo boa parte de seu sangue que marcou o final do corredor enquanto arrastei o homem até o porão, faço isso o mais rápido possível para ajudar Judith em seguida.

    Largo o pano sujo na lavanderia e ligo para a emergência. Eles chegam rápido, atendem Judith e me ajudam com minha mão,a equipe informa que minha empregada tem ferimentos graves e a levam o mais rápido possível para o hospital. Um doutor e dois enfermeiros ainda permanecem em minha casa.

   -Qual o nome da senhora mesmo?- pergunta o doutor,em seu crachá posso ver que seu nome é Dean Charles.

   -Myranda doutor. Myranda Hensworth.-respondo pensando em sua resposta.

   -Então senhora Hensworth, temo que mais uma pessoa foi ferida aqui. Saiba que estamos dispostos a ajudá-la.

   Não, com esse problema vocês não podem me ajudar. 

   -Bom, eu tive minha mão ferida..-digo sem me entregar-desci para procurar algo que pudesse me ajudar, nisso meu sangue acabou escorrendo um pouco pela casa. Depois eu limpo.

   Charles ainda não está convencido.

   -Entendo seu desespero, e não sou policial mas..a senhora deveria chamar a polícia. Se alguém a atacou ou se a senhora tem algum inimigo...talvez até se fosse uma tentativa de roubo, você precisa de ajuda para quem sabe prender o suspeito. Sua empregada quase foi morta a minutos atrás.

  -Tem razão. O senhor poderia ver isso pra mim? só preciso de um minuto pra localizar minha irmã.

   E caramba, como pude me esquecer de Gwen? bom, ao menos a polícia não descobrirá o que guardei no porão.

  -Claro, já ligamos para o Carter, ele tratará disso.

  -Carter? 

  -É da polícia de Nova York.

     Nessa hora Charles se vira e vai embora. Eu preciso falar com Gwen, preciso cuidar de Judith e preciso acertar as contas com o atacante que está no meu porão. Novamente verifico se limpei bem a sujeira da escada e do corredor, e pelo visto o policial de quem Dean Charles falou foi mais rápido que eu. Ele está tocando a campainha e claramente vai querer entrar.

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