Myranda

Gwendolyn I

        ACABO de chamar Myranda para tomar café logo no início da manhã. Ela me deu um trabalho e tanto depois de nos livrarmos do corpo, tive que dirigir e ainda carregar minha irmã, agora minhas costas doem. Preparei um omelete com legumes e um waffle com geleia de frutas vermelhas. Não sou lá aquelas coisas na cozinha, mas tentei me esforçar. Escuto alguém descendo as escadas e lá está ela, com seu cabelo loiro molhado e enrolado numa toalha branca, Myranda vestiu um de seus roupões cinzas depois do banho e veio já atrasada pro café.

       -Sabe que horas são? ta atrasada...Dylan está nos esperando.-começo.

       -Tive uma dor de cabeça muito forte, demorei levantar. Desculpe.-ela responde.- Aliás, não vou poder ver Judith...pelo menos por agora, a polícia vai vir aqui em casa. 

       Ela pega os talheres na gaveta da cozinha e se senta na mesa para comer.

      -O que a polícia vai fazer aqui? achei que você já havia esclarecido tudo.-digo.

      -Eles vão investigar,acham que estou mentido. O doutor que me atendeu se preocupou comigo e resolveu iniciar esse assunto.

       Mais pra frente vamos mentir mais também,isso é só o começo. 

       Observo sua mão ferida e com as ataduras gastas. Ela me diz que ainda dói e não conseguiu trocar, precisa comer para tomar os medicamentos que amenizam a dor; Myranda termina de comer e na mesma hora já pego o kit com ataduras novas, pomadas e remédios, levo até a cozinha e começo a tirar o curativo de sua mão, limpo tudo com cuidado, faço um novo curativo, colocando ataduras novas e então está tudo pronto.

       Minha irmã tomou os remédios, não sei se posso deixá-la sozinha, mas preciso encontrar Dylan e ver como Judith está. Ligo para os seguranças da Kubrik e peço para que um deles fique em casa com Myranda enquanto estou fora; assim que ele chega, aviso que vou até o hospital resolver as coisas e que deixei um segurança por perto caso algo aconteça. Lavo as louças e pego meu casaco, saio pela porta da frente e aceno para uma vizinha que está molhando as plantas com sua mangueira verde.

       Destravo meu carro e entro pela garagem, enquanto dou ré tento manter a calma e esquecer que minha irmã assassinou alguém e eu a ajudei no processo. Dylan me liga e eu atendo o telefone enquanto dirijo.

       -Oi..desculpa demorar, Myranda vai ficar em casa, ela vai receber a polícia.-digo.

       -O que? Como assim Gwen, o que ta acontecendo? Liguei várias vezes pra ela e nem tive resposta.-responde Dylan.

       -Ela ta mal ainda, temos que ter calma, seja proativo com ela ta? ela vai precisar de você logo mais.-respondo.

       -Ela é minha chefe, eu já sou dela. E fiz várias coisas por ela durante todo esse tempo, inclusive nessa madrugada, eu nem dormi..

       -Eu sei, eu sei. Calma Dylan, eu to chegando, vou resolver isso com você.

       -Se eu tiver mais notícias mando mensagem pra sua irmã.

       -Confio em você. Me espera.

        Então desligamos. 

                                                                                                               ***

        Chego no hospital e entro no estacionamento com calma. Estaciono o carro numa vaga livre, pego minha bolsa e saio do carro, vou até as escadas que dão acesso a recepção e então começo a subir fazendo barulho com os saltos nos pés. Assim que chego, vejo que o hospital até que está tranquilo, mas não encontro Dylan na recepção, então vou até a recepcionista.

       -Olá, bom dia.

       Olho para a moça de cabelo escuro e preto, vejo o nome em seu crachá. É Tracy Willians.

       -O que você quer?-ela responde secamente e digita em seu computador.

       -Vim visitar a Judith. Ela foi internada a horas atrás. É a Judith Grimes na verdade.

       -Ah. Senta ali em umas das poltronas e já vejo o que posso fazer por você.

        E então, depois dessa perco a paciência.

      -Acho que você não entendeu querida. A paciente está aqui em um dos quartos e eu vim acertar a conta dela e visitá-la. Quero vê-la imediatamente, ou então vamos ter uma conversa com o diretor disso aqui.-digo. 

       -Qual o seu nome?-ela pergunta.

       -Gwendolyn Hensworth.

        E em questão de segundos, ela muda sua feição.

       -Perdão senhora Hensworth, eu não a reconheci...a Judith já passou pela cirurgia e agora está no quarto. Tem um homem que estava cuidando do caso dela, acho que se chama Dylan, ele pagou por tudo, só preciso que assine aqui para autorizar o procedimento.-ela responde e me entrega o recibo.

        Eu assino e entrego a via do hospital a ela.

       -Essa fica com você. Tome mais cuidado na próxima vez querida, estou pagando seu salário.

       -Ta tudo bem por aqui?

       Quando olho pra trás, vejo Dylan chegando com dois copos de café Starbucks. Ele vem e me abraça.

       -Sim, só estava tendo uma conversa com a Tracy.-olho a recepcionista que agora parece arrependida.

       -Com licença, vou providenciar um crachá pra registrar sua visita senhora.-ela responde enquanto se levanta da cadeira e sai da mesa.

       -Obrigada.-respondo.

       -O que foi isso?-Dylan pergunta.

       -Não foi nada. Já sabe como a Judith está?

       Conversamos sobre a noite que passou, mas não explico tudo com detalhes, vou deixar para Myranda completar a história que ela mesma começou. Em menos de cinco minutos Tracy aparece com meu crachá de visita, faz eu assinar em umas das folhas de um livro grosso e então já estou liberada, vou até o quarto enquanto Dylan me espera na recepção. 

       Quando entro, vejo Judith deitada dormindo, ela aparentemente saiu do estado grave. Perdeu muito sangue mas logo depois conseguimos um doador para ajudar. A vida é delicada, e ela não foi generosa com nossa família, com nossa casa. Perdi meus pais, mas não posso perder você agora, você é o que nos resta depois dos nossos pais, fique por mim e pela Myranda. Fique.

    Voltei depois de um tempo, agora garanto capítulos ^-^  se você gostou, vote aqui! Obrigada a quem estiver lendo.