Ataque

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Coloquei o vestido que comprei à tarde com as meninas para ir ao bar, não me arrumei muito para não parecer que eu estava interessada, usei uma bolsa de lado onde coloquei meu canivete caso acontecesse alguma coisa. Chamei um Uber e cheguei em frente ao local pelas oito da noite.

O Aurora é um lugar muito bonito, tem mesas confortáveis o suficiente para suportar grandes grupos de amigos, quadros em neon, pôsteres, um rock clássico tocando em um volume razoável, mesa de bilhar, alvo para dardos e até uma pequena máquina de fliperama no canto, a baixa iluminação deixava tudo mais aconchegante.

A maioria dos clientes eram jovens e casais, me sentei em um dos bancos na bancada e um garoto de cabelos brancos veio em minha direção.

- Deseja alguma coisa? – perguntou com um sorriso encantador, será que era requisito do bar ser bonito para te contratarem?

- Sim, eu desejo o Phil, por favor. – brinquei e ele riu.

- Eu vou chama-lo, espera um pouquinho. – piscou e foi para os fundos do local, uma parte onde os clientes não tem acesso.

Não demorou muito para Phil aparecer, com o cabelo preso em um coque baixo e mal feito, a franja caindo insistentemente na frente dos olhos e uma blusa totalmente branca e sem estampa, ele sorri assim que me vê, mostrando sua fileira de dentes brancos e arrancando um sorriso involuntário meu enquanto se aproxima.

- É um prazer te ver, fofa. – diz pegando minha mão e a beijando cordialmente.

- Boa noite. – respondo constrangida com o ato.

- Então, vai querer alguma coisa? É por conta da casa. – pisca.

- Hum, o que você me recomenda? – pergunto curiosa.

- Summertime, é um drink famoso aqui, com abacaxi, hortelã e morango.

- Eu adoraria experimentar.

- É para já. – então ele pega os ingredientes e começa a preparar tudo na minha frente, encarando-me vez ou outra com um sorriso charmoso.

- Então... Você disse que me contaria sua história com a Jessy. – comecei o assunto que tanto queria.

- Uau, você é bem direta. – brincou enquanto colocava o liquido em uma taça. – É uma história bem longa e chata. – colocou um guarda-chuvinha e entregou-me a bebida, dei um gole elogiando internamente, era realmente muito gostoso. – Somos de pais diferente, e nunca me dei bem com o pai dela.

- E por isso você desconta nela?

- Não. – saiu de trás da bancada se sentando ao meu lado. – Ela sempre foi muito mimada, não consegue ficar bem se não receber toda a atenção do mundo e não sabe lidar com rejeição, tudo é ela, como se o mundo girasse ao seu redor.

- Eu não a vejo assim. – opinei dando outro gole.

- E você já a rejeitou uma vez? – neguei com a cabeça. – Olha, fofa, ela tem um charme natural que faz as pessoas quererem ficar perto, mas pode mudar completamente quando as coisas não saem do jeito que quer. Enfim, eu não vou ficar enchendo o ego dela, tenho minhas coisas para fazer.

- Acho que entendi. – olhei para as bebidas na estante pensativa. – Como você descreveria a Hannah?

- Bom, ela era fofa e meiga, mas tinha uma coisa que não se encaixava, parecia ser falso. – o encarei. – Como se ela escondesse sua verdadeira personalidade, já a vi bêbada algumas vezes, nessas horas ela parecia ser sincera, conversava mais, ria alto e até fumava, mas sem álcool no organismo, era apenas uma garota normal com uma vida pacata.

Em busca da verdade - Imagine JakeOnde histórias criam vida. Descubra agora