Jessy

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Já era noite, consegui me acalmar razoavelmente durante à tarde, Jake ainda não conseguiu acessar o sistema da cadeia de Greyfall e já estava pronta para sair com Jessy.

Entrei no restaurante e a avistei sentada em uma mesa, ela sorriu para mim e acenou discretamente, sorri também e me sentei em sua frente.

- Estou tão feliz. – comentou.

- É bom te ver. – respondi, fizemos nossos pedidos para um garçom bonito e bem vestido naquele terno.

- Está gostando daqui? – começou um diálogo.

- É uma cidade bem pacata e misteriosa, mas não é ruim.

- No começo não é mesmo, mas depois a gente enjoa, é chato todo mundo saber da sua vida.

- Imagino, devem ter muitas fofocas.

- E como! – exclama indignada.

Ficamos conversando sobre várias coisas, Jessy sempre foi amigável comigo, ficamos tão próximas em tão pouco tempo, falamos sobre o garçom bonito, filmes, viagem no tempo, músicas, notícias polêmicas e qualquer outro assunto aleatório, estávamos na sobremesa quando Jake me ligou, pedi licença falando que era minha mãe e saí para atender ele do lado de fora.

- Oi. – falei.

- Você ainda está com Jessy? – perguntou sem enrolação.

- Sim, estamos na sobremesa agora. – respondi com desdém, ele estava com ciúmes? Sorri pensando nisso.

- Presta bem atenção no que eu vou te dizer. – fiquei tensa e olhei ao redor preocupada caso alguém estivesse por perto. – O sobrenome do Erick é Hawkins, ele é o pai da Jessy e foi ele mesmo quem matou Jennifer. – congelei. – As chances de ser ela quem está por trás de tudo isso são altas, mas como você disse, pode ter um impostor já que ela foi atacada na sua frente. Por favor, toma muito cuidado e volta para cá o mais rápido o possível.

- Está bem. – comecei a tremer, respirei fundo para me acalmar. – Fica atento, se eu não estiver aí em meia hora, aconteceu alguma coisa. – avisei.

- Certo, deixa o celular ligado para eu conseguir te rastrear. – ele parecia estar em pânico do outro lado da linha.

- Ok, fique calmo, eu vou voltar aí em segurança. – disse com convicção.

- Espero que sim, até em breve.

- Até. – coloquei o celular no mudo e guardei na bolsa de lado que eu usava, onde também estava meu inseparável canivete, o encarei tentando me tranquilizar.

Respirei fundo algumas vezes antes de voltar para dentro, Jessy me encarava com curiosidade, coloquei um sorriso falso no rosto tentando não parecer tensa.

- Tive que dizer para ela que estava num encontro com alguém muito importante para desligar. – menti rindo. – E ela insistiu em fazer um interrogatório sobre minha acompanhante.

- E o que você disse? – perguntou interessada.

- Disse que era alguém bem legal, divertida e linda. – sentei me apressando em terminar de comer.

- É isso que você pensa de mim? – sorri.

- Claro. – respondi.

Pagamos a conta e fomos para o carro, fiquei aliviada pensando que logo estaria em segurança com Jake, mas Jessy pegou um caminho que não levava para o hotel.

- Para onde estamos indo? – perguntei desconfiada.

- Quero te levar ao lago, lembra que eu disse que gostaria que fossemos lá juntas. – ela estava animada e descontraída.

- Mas está de noite e tem uma pessoa perigosa que atacou a gente por aí. – contestei.

- Relaxa, estamos juntas, ele não vai vir atacar nós duas. – rebateu.

- Bom, ele me atacou quando eu estava com seu irmão. – ela me encarou irritada.

- É, você saiu com ele... – comentou com desprezo. – Gosta dele?

- Na verdade não. – ri tentando esconder o quanto minhas mãos tremiam. – E ele não te trata bem, no fundo, ele só foi legal comigo por ser um mulherengo. – falei para agradá-la.

- Que bom que você está do meu lado. – sorri. – O Phil é um idiota. – suspira.

- Não vamos falar dele.

- Tem razão, a noite é nossa! - exclama parando o carro. – Vem, aqui é tão calmo.

Ela deixou os faróis acesos, o vento forte do outono me deixou com frio, o lago fazia um barulho bom que me acalmaria se eu estivesse aqui em outras circunstâncias como nessa tarde.

- Sabe, eu gosto muito de você. – ela fala olhando para o chão. – Você não faz ideia. – senti meu coração acelerar. – Estou perdidamente apaixonada.

- Oh... – foi a única coisa que consegui dizer, estava paralisada, ela me encarava com um sorriso, senti minhas bochechas esquentarem.

- Eu te conheci uns anos atrás. – revelou me deixando inquieta. – Sei do acidente e da amnésia, mas fingi que não para te deixar confortável.

- Entendi, eu não me lembro de você. – comentei.

- Acho que não me reconheceria nem se tivesse suas memórias. – coloca as mãos no casaco e encara o lago distante.

- Por que? – pergunto intrigada.

- Você nunca viu meu rosto. – confessou dando uma risada soprada. – Você era tão diferente naquela época... Era indomável, encrenqueira, obstinada, sempre tinha uma resposta na ponta da língua para dar, sarcástica, mas também era fofa e divertida. – me encarou. – Você mudou bastante, mas ainda estou apaixonada, continua destemida como antes.

Fiquei em silêncio tentando processar tudo que me falava.

- Você também conhecia Hannah, eram muito amigas. – fingi surpresa. – Um dia ela te beijou, fiquei com tanta inveja! Queria você só para mim. – nesse momento eu tive certeza que era ela, pois a única pessoa que sabia disso era quem nos perseguia e tirava fotos. Ela se aproximou rapidamente, enfiei a mão na bolsa procurando o canivete, senti algo no meu braço, olhei para a direção do incômodo e vi uma injeção.

- O que você injetou em mim? – perguntei desesperada me afastando e agarrando o canivete.

- Calma, meu amor. – sua voz saiu suave. – Você só vai dormir um pouquinho, nada demais.

E então senti meu corpo pesado e minhas vistas escureceram.

Em busca da verdade - Imagine JakeOnde histórias criam vida. Descubra agora