A Casa do Desafios

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Com muito custo consegui convencer Richy a ir comigo, ele pegou uma caixa de ferramentas que carrega para todo lugar para tentar arrombar a porta. Seguimos pela trilha até chegar à casa, olhei o seu redor, era um local medonho, e não dava para enxergar lá dentro pelas janelas redondas.

Batemos na porta para ver se alguém abria e nada, ele começou a trabalhar na fechadura e conseguiu abrir, o lado de dentro era escuro, acendemos as lanternas dos celulares e entramos. Estava tudo empoeirado e tinha vários utensílios espalhados por aí, cortador de grama, vassouras, ferramentas diversas. Andamos observando tudo ao redor, até que iluminei o chão e vi um alçapão, entes que pudesse avisar Richy, alguém aparece na porta.

- O que vocês estão fazendo aqui? – a voz grossa com um tom rude do velho nos assustou.

- Senhor Gray? – Richy pergunta. – O que faz aqui?

- Você não viu? É aqui que guardo as ferramentas que uso para trabalhar, essa casa está abandonada a muito tempo e achei que era um bom lugar para isso. E o que vocês estão fazendo aqui?

Richy ficou em silêncio, branco de medo, quase era perceptível sua tremedeira, segurei meu riso com a cena.

- Procurando fantasmas. – brinquei e meu amigo colocou a mão na boca para não rir riso.

- Que engraçadinho. – o velho falou sarcástico tragando seu cigarro. – É melhor vocês saírem daqui, isso é invasão.

Pensei em contestar, afinal, ele também estava invadindo o local que não era dele e usando para guardar as ferramentas do hotel. E tinha aquele alçapão ao meu lado que gritava para mim descer e ver o que tinha lá. Mas Richy se aproximou de mim e pegou na minha mão sussurrando que a gente devia sair dali, mesmo que a contragosto, o acompanhei.

- Esse velho é mais assustador que qualquer fantasma. – ele brincou quando já estávamos mais distantes soltando a minha mão envergonhado.

- Tinha um alçapão lá. – informei.

- Deve ser aonde ele transa com a senhora Walter. – zombou de novo me arrancando uma risada.

- Mas é sério, eu realmente quero saber o que tem lá. – disse com convicção.

- Olha, _____, eu realmente não pretendo voltar para aquela casa. – ele ficou sério.

- Mas pode ter algo importante! – contestei.

- Mas é perigoso! – exclamou. – Temos que ficar longe disso, não quero me machucar e muito menos que você se machuque.

- Não tem como encontrarmos Hannah sem nos arriscarmos um pouco.

- _____, já chega. – ele se virou para mim sério. – Vamos descansar e pensar nisso direito.

Bufei e o segui em silêncio pelo resto do caminho, saímos da floresta voltando para frente do hotel próximos do carro dele.

- Hey, não fica assim. – colocou a mão no meu ombro me encarando. – A gente vai encontrar ela, mas não nos arriscando tanto, não quero ver mais gente se machucando. – e me abraçou, sem ficar duro que nem uma pedra dessa vez, afagou meus cabelos e se afastou com um sorriso. – Vai dar tudo certo.

Sorri também, parte da minha raiva indo embora, me despedi dele e fui para meu quarto, novamente parei em frente ao quarto 5, fiquei olhando a porta e pensei ter ouvido barulho de dígitos, como se alguém digitasse em um computador.

Um grito de Alfie me assustou, olhei para a direção do som e o vi gritando e correndo pela grama, sem camisa, ele estava feliz. Pensei que queria ter uma lembrança assim, de mim mais nova brincando e feliz, acho que quando minhas memórias se foram, parte da minha alegria ficou com elas também, em uma caixinha trancada em minha mente.

Sorri para o garoto que me encarou, ele acenou.

- Você tem que parar de chorar! – gritou para mim, mordi o lábio inferior e acenei positivamente, ele tem razão, eu choro muito por dentro.

Entrei no quarto e peguei o celular que usava para conversar com Jake e mandei algumas mensagens.

Eu: Invadi a casa dos desafios com o Richy, loucura, não?

Eu: Só tinham ferramentas lá, o velho Gray apareceu e disse que é onde ele guarda suas tralhas.

Eu: Ele ficou muito bravo!

Eu: Tinha um alçapão, mas não consegui descer ele.

Eu: Quero voltar, mas Richy me disse que não é uma boa ideia

Jake: Concordo com ele, parece ser perigoso.

Jake: E se é onde Gray guarda as ferramentas, não vai ter nada demais.

Eu: É, tem razão...

Eu: Onde você está agora?

Jake: Em um local seguro, por que?

Eu: Não sei... Tem um "inquilino estranho" aqui.

Eu: Nunca o vi, mas fiquei curiosa.

Eu: Confesso que por um momento, desejei que fosse você.

Jake: ;)

Paralisei, por que ele respondeu apenas com a carinha e não negou? Me levantei apressada, ele estava online mas não mandou nada, abri a porta do meu quarto, meu coração começou a acelerar, isso não era possível, era?

Andei a passos lentos com as pernas trêmulas, estava quase tendo um ataque, parei em frente a porta com o número 5, minhas mãos começaram a suar.

Respirei fundo, ergui o punho e bati três vezes na porta, mordi o lábio inferior de nervoso. Um completo silencio vinha do lado de dentro, cerrei os punhos com força tentando aliviar minha tensão. Fiquei longos segundos ali parada e pensei seriamente em ir embora, até que a porta se abre, um breu vinha do lado de dentro, apenas a luz, provavelmente de um monitor, iluminava o local.

A figura encapuzada me encarou, o capuz cobria até seus olhos e a gola longa de uma blusa cobria sua boca e nariz, fiquei espantada, feliz, nervosa, ansiosa, com raiva, tudo ao mesmo tempo.

Respirei bem fundo antes de falar:

- É bom te ver, Jake.

Em busca da verdade - Imagine JakeOnde histórias criam vida. Descubra agora