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 Um mês exato que Dália estava morando em minha casa, as coisas estavam melhores que nunca. Estávamos vivendo como um casal em livros clichês, e eu sinceramente não me importava de viver o resto da minha vida daquele modo. O grande problema estava bem a minha frente: contas, com valores altíssimos.

- Posso pedir dinheiro à Liam.

- Ele descontará de seu salário no próximo mês.

- Ao menos teremos abatido uma conta. – Suspirei cansado, cada mês que se passava as contas pareciam apenas aumentar, todas elas acrescentavam mais um zero no final.

- Podemos pedir para Dália.

- Mãe, não vamos envolver ela nisso.

- Ela está morando aqui John, tem que ao menos que nos ajudar com a comida.

- Dália ajuda no que pode, daremos um jeito de pagar tudo isso.

- Estamos nessa a meses querido, e cada vez mais nos afundamos. – Suspirou. – Irei trabalhar, as horas valem ouro atualmente.

- Não precisa se esforçar tanto mãe, a senhora está cansada.

- Tchau querido.

Com um beijo em minha testa Elin saiu de nossa casa, me deixando ali, junto a diversos papeis. Nossa grande dívida era graças a um empréstimo que Elin havia feito quando ainda pagava pela casa que moramos, a mulher não tinha condição de comprar os moveis e optou por um empréstimo, sim, havia sido a pior decisão da vida dela. Juntei todos os papeis espalhados pela mesa, guardando-os em minha mochila, pensaria sobre eles mais tarde.

- Pensei que não estava atrapalhando.

Assustei-me com a voz da ruiva, que adentrava o cômodo. Pensava que estivesse dormindo no quarto, e pelo visto me enganei.

- E não está.

- Não parece.

- Você ouviu?

- Sim, mas não foi de propósito.

- Tudo bem.

- Por que não me deixa ajudar? Não ganho muito, mas posso contribuir nas despesas também John.

- Acolhemos você sem pedir nada em troca, não será agora que pediremos.

- Mas eu estou oferecendo.

- E eu recusando.

- Engula seu orgulho e aceite a ajuda.

- Não precisamos de ajuda, daremos um jeito.

- Falarei com Elin.

Revirei os olhos, me levantando da cadeira em que estava. Cedo demais para lidar com aqueles problemas. Joguei a alça da mochila sobre o ombro, pronto para sair da cozinha, mas me detive na porta, voltei-me para a ruiva, deixando um beijo em sua testa.

- Tenha um bom dia, teimosa.

- Você também, orgulhoso.

Sai da casa com um leve sorriso no rosto, que logo se desfez ao avistar um homem encostado em seu carro. Era o mesmo homem que havia vindo falar com Dália a alguns dias atrás, que a ruiva identificou como Jacob Clarked, seu ex-namorado.

- Dália está?

- O que você quer?

- Falar com ela.

- E quem é você? – Perguntei mesmo já sabendo que ele era, precisava de tempo para pensar no que faria. O homem parecia duas vezes maior que eu, e certamente tinha reflexos mais rápidos que os meus.

- Jacob, noivo da Dália.

- Noivo?

- Ela não contou? – Sorriu, me deixando com vontade de revirar os olhos. Por instantes me senti realmente confuso, Dália já havia mentido antes, o que me certificaria que não tivesse mentido novamente? – Sou Jacob Clarked, noivo de Dália a alguns meses.

- Eu já entendi que são noivos, não precisa repetir em todas suas frases.

- Claro, mas então, ela está? Precisamos conversar sobre o casamento, sabe... – Sorriu, me dando um leve tapa no ombro. Quando ele havia se aproximado? – Os detalhes do casamento... lua de mel, essas coisas.

- Ela ainda está dormindo, sinto em lhe desapontar.

- Tudo bem, irei acordá-la então.

- Desculpa Jason...

- É Jacob. – Me corrigiu rapidamente.

- Claro... Jacob, como eu ia dizendo, peço perdão a você, porém não acho que seja uma boa ideia, Dália teve uma longa noite, por que não volta outra hora?

- Longa noite? – Riu. – E ela fez o que? Tricotou com as senhorinhas da praça? – Riu novamente, desta vez meu sangue ferveu. – Dália não sabe fazer nada além de gastar dinheiro, e pelo que sei, seus cartões estão bloqueados e a faculdade trancada, não acho que tenha muita coisa a se fazer por aqui.

Olhei-o novamente, meu sangue fervia de raiva, mas me contive. Jacob era o dobro de minha pessoa, eu perderia fácil para ele. Respirei fundo, precisava começar a andar logo ou chegaria atrasado.

- Serei direto com você Joshua. – Comecei a falar, errando seu nome propositalmente. – Está é a minha casa e eu não o quero dentro dela, deu para entender?

- Minha noiva está lá dentro.

- E ela sairá quando tiver vontade, no entanto, eu não o quero lá dentro.

- Com medo de que eu roube alguma coisa sua? – O deboche em sua voz era nítido. – Fique tranquilo, o meu carro vale mais que essa casa inteira.

- Não pise na minha casa ou teremos problemas judiciais aqui. – Sorriu. – Tenha um bom dia Jean.

Me coloquei a andar para o trabalho, antes que Liam começasse a me lidar e descontasse de meu salário pelo atraso. Torci para que o homem fosse embora, não queria ter que lidar com advogados, e principalmente, não o queria perto de Dália. A última vez que ela havia visto-a, a ruiva ficou péssima e eu odiava vê-la daquela maneira. 

Um amor de outonoOnde histórias criam vida. Descubra agora