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 Suspirei aliviado ao avistar minha casa, o dia havia sido terrível. Minhas costas ardiam, o sono me dominava e para acabar com tudo havia feito a prova de francês, eu havia me esquecido de estudar. Adentrei a simples construção, me deparando com Dália sentada no sofá com duas xicaras de chá.

- Eu queria me desculpar por ontem.

Aceitei a xicara estendida para mim, me sentando ao lado seu lado. Olhei-a rapidamente, o cabelo preso em coque, a blusa preta de alguma banda de rock que eu nunca havia escutado, porém acabei comprando por conta do preço, e as leves olheiras embaixo dos olhos.

- Ontem?

- É... Bom, por ter mentido para você a semanas e pelo beijo, eu... Eu agi por impulso.

- Tudo bem. – Respondi automaticamente, eu apenas queria um banho e uma boa noite de sono.

- Estamos bem?

- Sim, estamos.

- Como foi o seu dia hoje?

- Terrível, e o seu?

- Bom, consegui fazer uma venda enorme. – Sorriu. – E consegui convencer minha chefe a criarmos um site para loja, vender peças online é uma boa opção.

- Parece que as coisas estão dando certo.

- Sim, tudo está se encaixando tão bem. – O sorriso se mantinha em seu rosto. – Passei no mercado enquanto voltava para cá, e comprei algumas coisas que já não tínhamos mais.

- Obrigado.

- Não foi nada, eu estou morando aqui também.

Foquei no chá em minhas mãos, que já se encontrava gelado. A conversa com o casal Martin ainda estava em minha mente, juntamente com a lembrança do beijo com Dália. Descansei a cabeça no encosto do sofá, sentindo os olhos da ruiva sobre mim.

- O que aconteceu hoje?

- Jones.

- Ele pega muito no seu pé, não é?

- Quase isso... Eu até entendo ele, só é cansativo demais.

- Com dor nas costas?

- O que?

- Está com dor nas costas?

- Não. – Menti rapidamente, ainda com os olhos fechados.

- Você dormiu no sofá John.

- Estou me acostumando com ele.

- Foi por causa do beijo?

- O que? Não. É claro que não.

Abri os olhos, encontrando com os seus, que me analisavam completamente. Nos mantivemos ali, apenas nos olhando fixamente até Dália se mover para frente, e como se fosse seu reflexo eu fiz o mesmo. Nossas bocas a centímetros de distância, os olhos fixos um no outro. Minhas costas estrelaram por conta do movimento feito por mim, a dor se fez presente novamente e Dália sorriu.

- Mentiu para mim.

- Talvez?

- Tira a blusa.

- Perdão? – Olhei-a surpreso.

- Tira a blusa, vou fazer massagem em você.

Seu rosto estava neutro, como se aquele momento fosse algo completamente comum para ela. Retirei minha blusa, ainda com receio. Dália se levantou do sofá, apontando para que eu me deitasse sobre o móvel. Suas mãos logo foram para meus ombros, com fortes pressões. Aos poucos foram descendo por toda minha coluna, a pressão era boa o bastante para me deixar relaxado, como eu ainda não sabia daquela habilidade?

Senti meu corpo se arrepiar quando Dália passou as unhas por uma parte das minhas costas, e eu soube naquele instante o que ela estava fazendo. Minhas costas eram completamente cheias de pintinhas, algumas pequenas outras grandes, e a ruiva estava as traçando com a unha, provavelmente me deixaria marcado.

- Pensei que fosse me fazer massagem.

- Você tem uma constelação nas costas, como eu não vi antes?

- Nunca me viu sem blusa.

- Exceto no domingo.

Prendi a risada na garganta, lembrando do momento constrangedor que havíamos passado naquele dia. Senti uma pressão maior sobre meu corpo, não precisei de muito para descobrir que Dália estava sentada sobre mim, suas mãos ainda desenhavam minhas costas.

- Em relação a domingo, eu queria saber... Se não for muito pessoal é claro.

- Diga.

- A marca na sua cintura.

Deixei o silencio dominar o cômodo, ela havia reparado demais. Esperei até suas mãos saírem das minhas costas, para que eu pudesse me virar de frente para ela. Minhas mãos fixaram em sua cintura, ainda mantendo-a sobre mim. Diferente do que eu havia imaginado, Dália não se envergonhou ou se retirou de cima de mim, pelo ao contrário, levou as mãos até a marca visível em minha cintura.

- Essa aqui.

- É uma queimadura.

- Conseguiu ela enquanto cozinhava?

- Não, eu estava em uma festa junina e não escutei minha mãe. – Suspirei, sentindo o mesmo calor que havia sentido naquele dia. – Perto demais da fogueira.

- Uma criança teimosa você.

Sorri, tendo a atenção total de Dália. Suas mãos ainda percorriam meu peitoral, seus olhos fixos no meu, a ruiva ainda se encontrava sentada sobre minha cintura. Aos poucos Dália se abaixou sobre meu corpo, e novamente nossos lábios se encontrava a centímetros de distância um do outro. Selei nossos lábios, sentindo-a rebolar sobre meu colo, apertei sua cintura. Inverti nossas posições, deixando-a embaixo do meu corpo.

Nos separamos com falta de ar, Dália desceu a boca para meu pescoço, enquanto suas mãos arranhavam minhas costas. Era a primeira vez que eu sentia aquelas coisas, e definitivamente estava amando, a dor parecia ser apenas uma lembrança distante como o cansaço que eu sentia antes de chegar em casa. Eu estava extasiado por ela.

- Acho melhor irmos para o quarto, não seria agradável se Elin aparecesse aqui.

Segui aos beijos com a ruiva até o quarto, que agora era o nosso quarto. Sendo jogado sobre minha cama, e tendo-a em cima de mim novamente. Eu a deixaria comandar naquela noite, afinal, Dália parecia ter mais experiencia que eu e era uma visão maravilhosa tê-la sobre mim.

Um amor de outonoOnde histórias criam vida. Descubra agora