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 O vento jogava o cabelo de Dália em meu rosto, o cheiro de shampoo dominava meu olfato, ela havia comprado um novo, tinha cheiro de amêndoas. O silêncio entre nós estava a me incomodar, no entanto o melhor naquele momento, eu não saberia conversar com a mulher sem entrar o quanto estava mexido por ela.

- Quer ir embora? – Sua voz preencheu o silencio.

Olhei-a, seus olhos estavam fechados, suas bochechas e nariz levemente vermelhos pelo frio. A blusa que Dália usava não parecia grossa o suficiente para aquele lugar, nem mesmo a minha melhor blusa estava sendo o suficiente.

- Melhor irmos, vamos acabar congelados se continuarmos aqui.

- Seria um belo lugar para morrer.

- Não posso discordar.

Dália descansou a cabeça sobre meu ombro, aproveitei o momento para abraça-la de lado. Seu corpo estava gelado, ora ou outra ela tremia sobre meus braços. Suspirei, me levantando e a levando junto.

- Vamos voltar.

- Eu quero ficar mais um pouco aqui.

- Você está congelando Dália.

- Por favor John, só mais um minuto.

- Ficaremos doentes.

- Eu não me importo. – Suspirou, sentando-se novamente. – Não aproveitei o suficiente deste lugar.

Me juntei a ruiva novamente, passando os braços por seu corpo. Dália entrelaçou nossos dedos, fazendo uma leve caricia em minha mão. Prendi o sorriso, por mais frio que estivesse ali, eu me sentia aquecido.

- Obrigada. – Sua fala me chamou a atenção, o que eu havia feito? – Por me acolher na sua casa, me ajudar a conseguir o emprego... Obrigada John.

- Me agradeça quando estivermos quentes.

Dália levantou a cabeça, me deixando perdido no azul dos seus olhos. Em um rápido movimento, nossas bocas estavam unidas em um beijo comandado por ela. Me deixei levar pelo momento, sentido cada parte minha se esquentar. Quando o ar se fez presente nos separamos, e só então me lembrei novamente do frio.

- Vamos, eu necessito de uma boa xicara de chá agora.

Acompanhei a ruiva em silêncio, ainda teve intender o que havia acontecido minutos atrás. Dália havia me beijado? Desejei internamente que não fosse apenas um delírio meu, ou alguma coisa apenas do momento. Eu havia gostado do sabor de mel da sua boca, e adoraria repetir mais vezes.

[...]

- Como foi a visita de vocês? – Elin perguntou ao adentrarmos a casa, o silencio entre a ruiva e eu estava me deixando desconfortável.

- Boa. – Dália sorriu, se sentando ao lado de minha mãe no sofá. – É muito bom voltar a lugares que me marcaram.

- Aonde foram?

- Primeiro fomos ao parque... – Mordeu o lábio inferior, parou uns instantes para pensar antes de continuar. – Não me lembro o nome dele, mas enfim, depois seguimos pela trilha do parque e paramos no meio da montanha.

- Isso explica o seu pé gelado. – Elin disse rindo. – Vão tomar um banho quente, irei preparar um chocolate quente para vocês.

Sem nos deixar falar Elin se dirigiu para a cozinha. Olhei para a ruiva ainda sentada sobre o sofá.

- Vá primeiro John, irei ajudar sua mãe na cozinha.

Assenti, andando rapidamente até o quarto em busca de uma roupa quente. A água quente em meu corpo estava sendo muito bem aceita, apesar de não me esquentar tanto quanto os lábios de Dália, céus, eu deveria esquecer aquele beijo, foi apenas algo do momento, talvez ela tenha agido por impulso. Ao desligar o registro notei que havia esquecido minhas roupas no quarto, obviamente por estar ocupado demais pensando em uma certa ruiva.

Amarrei a toalha na cintura e caminhei rapidamente para o quarto, que felizmente estava vazio. Procurei por minhas roupas, achando-as sobre a mesinha do quarto. Coloquei-as na cama, para facilitar o acesso para mim e voltei para a porta do quarto, a tempo dela ser aberta pela ruiva de meus pensamentos.

- Des-Desculpa não sabia que estava aqui.

- Tudo bem, eu... Veio pegar suas coisas?

- Sim.

A bochecha corada a deixava ainda mais bela, deixei os pensamentos de lado. Peguei minhas roupas sobre a cama e me retirei do quarto, nunca troquei de roupa tão rápido como naquele dia. Evitei encarar Dália quando sai do banheiro, seguindo para a cozinha, seria mais seguro dormir no sofá hoje.

- Que cara é essa?

- Que cara?

- O que aconteceu John?

- Nada. – Menti, recebendo um olhar reprovador de Elin.

- Irá mentir para mim?

- Acabei de trombar com Dália no quarto.

- Pensei que estivessem dividindo a cama.

- E estamos.

- Então qual é o problema?

- Eu estava de toalha... Apenas uma toalha.

Elin riu, voltando sua atenção total para as xicaras a sua frente, aonde ela despejava o chocolate quente. Novamente o beijo de Dália voltou em minha mente, seria sempre assim quando eu estivesse sem nada para fazer? 

Um amor de outonoOnde histórias criam vida. Descubra agora