29 de dezembro de 2019
Matheus
Almocei com meu primo e sua namorada pateta. Eu ficava irritado com a bondade de Marcos. Porã era uma cretina, fazia Marcos se sentir um bosta por conta de seu dedo, mas ele continuava com ela... Ele realmente merecia algo melhor.
- Essa batata frita tava uma delícia - comentei. - Mas não posso comer de novo porque esse povo tá me olhando com cara feia.
- Eles estão te olhando com cara feia porque você já comeu três vezes - disse Porã.
Dei de ombros - porque era verdade, mas eu jamais deixaria aquela escrota saber que eu concordava com ela.
- Você vai lá visitar a Luana? - perguntou Marcos.
- Sim, tô indo agora - respondi. - Tchau pra vocês.
Deixei meu prato na pia e sorri para a moça que estava lavando a louça, mas ela apenas me encarou com cara feia. Gente estranha, pensei.
Fui até o hospital e procurei o quarto de Luana. Quando encontrei, bati na porta e aguardei.
- Pode entrar - Luana disse depois de algum tempo.
Entrei, fechei a porta, puxei a cortina e abri a janela.
- Precisa entrar ar nesse quarto - falei enquanto abraçava Luana e beijava sua testa com cuidado. As pintas da catapora já estavam bem aparentes.
- Tá chovendo pra caramba - Luana respondeu. - E, sei lá, tô aqui sozinha a maior parte do tempo, é meio desanimador.
- Te entendo - concordei. - Mas agora eu tô aqui.
Luana sorriu e sentou na cama. Ela deu dois tapinhas ao seu lado e eu me sentei.
- Você viu a vitrola? - ela perguntou. - Pedi pra enfermeira me trazer uma vitrola e uns discos.
- Orra - falei impressionado. - Só disco legal, hein? Tem até Blondie ali... Posso colocar?
Ela concordou e eu coloquei Parallel Lines para tocar baixinho. A voz de Debbie Harry invadiu o quarto e Luana sorriu.
- Desculpa só ter vindo agora - falei enquanto me sentava novamente. - A líder do grupo veio conversar com a gente na hora do café da manhã, ficou um tempão lá, aí só deu tempo de tomar banho e almoçar.
- Não tem problema - disse Luana. - A Núbia passou aqui antes do almoço, me contou o que a Simone disse e me explicou como seriam as coisas por aqui.
- A Núbia desgrudou da mãe dela? - perguntei surpreso. - Que milagre.
- Pois é...
- Mas o que você achou das condições?
Luana suspirou profundamente e deu de ombros. Sua cabeça caiu para trás antes de responder encarando o teto:
- Acho que tá ok... Sei lá, Matheus, acho que tá tudo bem a gente trabalhar pra pagar pela moradia. Claro que eu preferiria trabalhar criando cosméticos, mas sair em missões também não parece má ideia. - Ela voltou a me encarar. - O que você acha?
- Eu acho ótimo - respondi. - Eu só vim atrás da Ana Carolina com a Núbia porque eu queria sair do Oliveirinha. Foi minha primeira vez aqui fora desde quando cheguei da Coreia e, cá entre nós, eu me saí muito bem.
Luana riu e concordou.
- Melhor que ser o menino das entregas - continuei. - Não que eu odeie o trabalho, mas eu não consigo botar meu treinamento em prática quando faço entregas.
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Verão dos Mortos
AdventureQuando a líder de um grupo de resistência sofre um golpe, é banida e jogada numa horda de zumbis, sua filha decide ir atrás dela para salvá-la. Mas, para que isso aconteça, ela precisará da ajuda de seus amigos e sua namorada, além de estar sempre a...