Capítulo 10 - Cauteloso, mas curioso

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Assim que Neji passou o cinto pelo seu corpo, se permitiu respirar. Na verdade estava mais para farejar, já que instintivamente ele procurava os diversos cheiros que tinham no carro do professor Hatake, ou melhor dizendo, do professor Kakashi, como ele havia pedido para ser chamado. Aspirou todo o ar que podia, enquanto notava que Kakashi falava com um segurança do campus.

Perdido em seus pensamentos e análise, Neji não sentia nenhum cheiro que não fosse o de Kakashi, e aquilo lhe era confortável, mas ao mesmo tempo um incômodo. Como se fosse mesmo tentar algo com o professor. Era um alfa, não deveria está ficando nervoso com isso. Se lembrou da força dele enquanto atirava Sasuke para o outro lado do refeitório e como usou sua voz de submissão nele sem pensar duas vezes. Que vergonhoso tudo aquilo era.

— Neji? — ele deu um leve pulo no banco e olhou — Você está bem? Sinto que seus feromônios estão bagunçados.

— Eu... — como ele sabia? Nem Neji sabia que estava deixando seus feromônios escaparem dessa forma

— Desculpa, eu não deveria ter falado isso. Mas é que tenho o olfato igual de um cão farejador, acabo notando mais do que as outras pessoas. Você está bem?

— Sim, só me distrai mesmo.

Kakashi os conduzia pelas ruas de Konoha até alguma cafeteria, nem se deu conta de que o caminhou que fez foi no modo automático e quando viu estava parado no sinal próximo à loja de Obito. Era estranho falar desse assim, antes era o "loja do meu marido" e agora era só Obito. Mais nada. Apertou a mão envolta do volante. Neji estava com os olhos fixos na frente, não conseguia encarar Kakashi, tinha medo de que se descontrolasse novamente.

— Kakashi...? — aquela voz que Kakashi tanto ja havia escutou em sua vida. Na calçada passava Obito, certamente indo para o café. Neji também escutou e olhou para a janela onde o moreno estava parado com uma expressão que ele não sabia descrever. Mas notou os dedos trêmulos do Hatake apertando cada vez mais o volante

— Professor — tocou em seu ombro — o sinal abriu

O feitiço que o prendia ao olhar de Obito foi rompido. Tanto pelos dedos frios que tocaram levemente seu ombro, como a voz branda de anúncio de algum produto promete te relaxar de imediato. Olhou para frente e acelerou. Entraram em uma rua e Kakashi estacionou abrutamento. Não tirava as mãos do volante, parecia que estavam grudadas.

— Desculpa, eu não acho que vou conseguir fazer nada sobre a matéria hoje. Mas eu te levo em casa, só me falar onde... — Não conseguiu terminar a frase. Sentiu um efeito diferente no ar, seu coração que batia acelerado ia se acalmando. Aquilo eram os feromônios de Neji? Por que ele conseguia esse efeito calmante?

— Não precisa.  Acho melhor eu dirigir até a sua casa. E não aceito não como resposta. — disse de forma calma, mas firme. Kakashi tirou o cinto de segurança e saiu do carro, Neji apenas pulou pra o banco do motorista e esperou ele entrar.

Seguiu as coordenadas do professor e chegarem até a casa. Era grande e vazia. Kakashi insistiu para que Neji entrasse e ao menos tomasse uma xícara de café. O jovem observou os detalhes em madeira escura, as paredes com alguns pregos solitários. Onde estão os quadros? Haviam alguns aqui?; se questionou enquanto seguia um homem com ombros caídos.

Entraram na cozinha, combinava com o restante da casa. Em madeira quase que rústica, o chão com mosaicos gastos em preto e cinza. Parecia gasto, mas tinha sua beleza, era natural, era antigo, o que sustentava aquele homem que agora esquentava a água do modo mais tradicional, em uma chaleira. Ao sentar no balcão notou a cafeteira próximo de si, chegou a conclusão que o que ele queria era apenas um tempo. Não tirou os olhos da chaleira e quando ela apitou anunciando que a temperatura da água atingiu o ponto de ebulição desligou o fogo.

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