16- Rocket

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Gostar de Jay não era estranho como talvez devesse ser.

Claro, nos primeiros dias após essa grande revelação sobre seus sentimentos, Drew ficava lembrando disso toda hora que estava perto do outro garoto, o que lhe causava uma certa estranheza ao refletir se isso mudaria alguma coisa.

Mas não. Eles ainda eram os mesmos, e depois que isso ficou claro, Drew se sentiu confortável novamente – talvez até mais que antes.

Porque a única coisa que mudara era o fato de que agora Drew queria estar perto o tempo todo. E às vezes queria beijar Jay, também, mas isso não vinha ao caso agora. Drew descobriu que gostava de estar fisicamente próximo ao outro, e descobriu que Jay não parecia se importar.

Aliás, isso era eufemismo. Jay parecia gostar mesmo, também.

Drew só precisava desvendar se o "gostar" de Jay era no mesmo sentido que o seu próprio. O resto ele decidiria depois.

———

Drew não era uma pessoa muito idealizadora ou otimista demais. Ele não costumava se iludir em quaisquer circunstâncias, seus pés eram bem firmados no chão.

Dito isso, ele achava que talvez tivesse chances com Jay.

Sua conclusão se devia a algumas semanas de "pesquisa" – todos aqueles toques a mais, além de serem aproveitados por Drew, eram também parte de seu plano para descobrir se Jay o correspondia.

(Ele totalmente não havia procurado na internet "como saber se o garoto que você gosta também gosta de você". Claro que não. Só não olhe o histórico dele.)

Talvez significasse alguma coisa que Jay por vezes ficava sem reação quando ele chegava perto demais, ou que ele se perdia nas palavras quando Drew apoiava-se nele de algum modo.

Um dia, Drew poderia jurar que Jay havia corado, mas também poderia ser a luz do ambiente. Quem sabe.

O que era inegável era que a recente mudança de Drew quanto a contato físico havia, pouco a pouco, desencadeado no próprio Jay uma reação semelhante. Drew gostava de pensar que o outro estava mais confortável agora.

Porque agora Jay bagunçava seu cabelo de brincadeira, e agora Jay apoiava uma mão em seu braço, distraidamente, em meio a uma conversa.

Agora, nesse exato momento, em que os dois estavam no sofá, Jay havia deitado com a cabeça em seu colo, após derrotá-lo no videogame, exigindo, de sua posição como vencedor, cafuné como prêmio.

E Drew nem havia o deixado ganhar. Ele estava com raiva por ter perdido, é claro, mas adorava que Jay era bom o suficiente para ser uma competição dura.

Sinceramente, o quão típico era o fato de que as excelentes habilidades de Jay no videogame eram um dos motivos pelos quais Drew gostava dele?

Ellen, sentada no braço da poltrona perpendicular ao sofá, riu da carência de Jay e anunciou que Vic – que estava ocupando o assento da poltrona – e ela jogariam a seguir.

Apesar da carranca – Drew quase, quase havia ganhado, droga –, ele não pensou duas vezes antes de levar a mão ao cabelo do outro, fazendo um carinho meio desajeitado.

— Você faz um cafuné até decente, quem diria... – comentou Jay, o encarando divertidamente.

Drew de imediato puxou de leve algumas mechas.

— Ai, Drew!

— Só decente?

— Não, é bom, é ótimo!

Drew grunhiu, satisfeito, e voltou ao que fazia antes.

Após as meninas jogarem uma partida após a outra, Drew percebeu que Jay ainda não tinha exigido o controle de volta nenhuma vez. Quando olhou para o garoto, descobriu o porquê.

And They Were NeighborsOnde histórias criam vida. Descubra agora