Metas e Planos

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Parada de ônibus, não sei bem onde no país eu estou. Talvez em algum lugar no interior da Bahia. Significa que tenho ainda muita estrada até Fortaleza.

Procuro uma tomada pois minha bateria está acabando. Tenho que ligar para casa e dizer que estou bem. Minha mãe deve estar preocupada.

Já são quase onze da manhã. Aproveito para comer alguma coisa pois não sei se vai ter uma parada para almoçar.

Nesse ônibus que saiu de Belo Horizonte rumo à Fortaleza somos apenas uns quinze passageiros, mudando poucas pessoas à cada parada. Fico imaginando as histórias dessas pessoas. Devem ser bem diferentes da minha. Os motivos que os estão levando à uma viagem de mais de dois dias de ônibus.

Não devem ter dinheiro para a viagem de avião e nisso somos iguais. Tive algum tempo para me preparar para esta viagem, mas financeiramente foi bem complicado.

Isso porque quando voltamos do serviço missionário não temos qualquer treinamento ou acompanhamento apropriado. E voltar a uma rotina sem regras, sem horários, sem companheiro para ajudar a decidir o que fazer, tudo fica bem complicado. Diria até traumatizante.

Tenho sorte de ter uma família que me apoia muito, mesmo nessa loucura que me propus a fazer.

Demorei um pouco a me acostumar com a "vida normal" pós missão. Mas é algo que não tem remédio, ou você se adapta ou enlouquece.

Tinha que traçar minhas metas. Era final de 2011, então a primeira coisa que precisava fazer era achar um emprego.

Isso não foi assim tão difícil, final do ano existem muitas ofertas de emprego temporário. Não é a melhor opção, mas precisava começar em algum lugar.

Fui chamado para substituir férias de um jovem aprendiz em meu antigo emprego em um departamento público do governo de Minas Gerais. Não era grande coisa, mas o trabalho era pouco e me daria tempo para achar um trabalho fixo.

Enquanto isso, tinha que me fixar na minha segunda meta: uma namorada!

Tudo bem que essa não era exatamente uma meta minha, mas missionários retornados sofrem com muita cobrança no que se refere a casamento, eu não era exceção.

Ao me atualizar nas redes sociais, afinal eram dois anos sem acesso, eu a encontrei de novo. A menina que fazia meu coração bater mais forte desde antes da missão - cujo o nome não será revelado mas iremos chamá-la de "C".

Talvez se eu converssasse com a "C", as coisas podiam dar certo. Mas eu precisaria de um pretexto, não podia dar muito na cara ou eu ia parecer desesperado. Precisava de um álibi. E esse álibi tinha nome... Alessandra, uma grande amiga nossa que frequentava a mesma unidade da igreja que a "C". Ia ser perfeito.

- Oi Lê - tinha que ser rápido, e o facebook me ajudaria nisso.

- Oi Robert. Então, quando vou te ver. Você chegou e nem veio me ver.

- É isso que eu queria falar. Domingo a Igreja começa a que horas?

- Ás nove. E depois você vai almoçar aqui!

- Combinado.

A Lua de FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora