Dezembro de 2011

10 0 0
                                    

Tudo combinado, vesti minha melhor roupa de domingo (e quando digo melhor, falo sobre a que menos ficou desgastada devido o uso na missão) e fui visitar minha grande amiga e conhecer seu namorado que até então eu não conhecia.
As reuniões da Igreja correram normalmente, exceto pelo fato de eu ter encontrado a "C" e combinado de, depois da Igreja irmos juntos a casa da Alessandra para por o "papo em dia".

Santa Alessandra!

A tarde não poderia ter sido mais perfeita e a noite logo chegou. Esse encontro proporcionou um segundo e um terceiro encontro com a "C" e foi nesse terceiro que decidimos namorar.
E assim dezembro foi se passando, eu já tinha emprego e namorada e tinha menos de um mês que havia retornado da missão. Era um feito!
Poderia ser mais feliz? Claro que poderia.

Muitos eram os pensamentos que invadiam minha mente.
Tudo parecia certo demais, lógico demais e as coisas para mim não costumavam ser assim fáceis e lógicas.
Não me levem a mal nem me tomem por pessimista, mas um sábio ditado nos diz que o que vem fácil vai fácil.
Eu queria que as coisas continuassem assim, como estavam. Estava apaixonado e feliz com o trabalho, mesmo sabendo que era temporário.

Já estava procurando minhas novas opções de emprego depois que dezembro acabasse.
--------

Mais uma pausa para outra parada na estrada... dessa vez é noite. Acordo com o cara passando pelo corredor do ônibus falando alto ao telefone e logo fico bravo. Detesto ser acordado. Agora que acordei vou descer pra dar um pouco de carga à bateria do celular. Tem sido um excelente companheiro.
Considero ligar pra casa, mas... mesmo sendo minha família sinto que não é uma boa ideia ligá-los às duas da manhã.
Já estou no segundo dia de viagem e ainda tenho mais de 24 horas pela frente até Fortaleza. Onde eu tava com a cabeça.... pensando agora é até engraçado.
Como uma esfirra e volto para o ônibus aconchegante com o ar condicionado "no talo". Devem estar fazendo menos dois graus celcius aqui dentro, mas não me incomodo porque a manta é quentinha. Minha mente volta a passear em tudo o que aconteceu...

----------
Naquela noite fomos ao cinema mas não vimos o filme. O nome do filme?
"À beira do abismo".
Meio irônico se eu pensasse ou sequer imaginasse que naquela noite eu ia me sentir exatamente assim.
As palavras que ouvi não foram duras nem crueis. Foram palavras amigas. Mas eram palavras que eu não queria ouvir.

"C" terminou o namoro dizendo que os sentimentos dela por mim eram só amizade. Na verdade eu sempre me considerei um bom amigo. Não do tipo que liga sempre e ta no pé o tempo todo, mas do tipo que sempre está lá pra ouvir. E naquela noite, à beira do abismo, eu simplismente ouvi...

Me perguntaram por que não insiti? Porque não falei nada? Porque não lutei pelo amor dela? Por que...? Por que...? Por que...?

Simples... porque fiz o que pude enquanto estavamos namorando. E também porque, pensando com a cabeça e não com o coração ela estava certa. Eu precisava de alguém que me correspondesse... alguém que estivesse disposta em ser "A Eleita" pra mim.

"C" seria o que sempre foi... uma amiga.

Doeu sim... não vou ficar com orgulho machiata bobo e esconder isso. O propósito de escrever aqui é justamente pra expor meus pensamentos e sentimentos. Doeu, mas eu precisava passar por isso... em dezembro de 2011 eu não entendia. Mas hoje eu entendo que eu precisava passar por isso.

A Lua de FogoOnde histórias criam vida. Descubra agora