Capitulo 2 - Come take my hand... (Beyonce, End of the time)

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- Galera, essa é minha irmã. – Os três pares de olhos continuaram a me encarar, sem reação. – E ela vai estar morando com vocês a partir de hoje.

Ainda tinha silêncio. Ninguém acreditava aparentemente que meu irmão estava indo embora e deixando uma substituta de 1,57, ruiva que nem um pimentão e do sexo feminino. É, eu também não acreditava.

- Que? – Uma voz falou atrás de mim e eu virei de uma vez, e encarei o sujeito de preto na porta aberta. Uau de novo. Quantas vezes eu já falei uau em cinco minutos?

Maxilar forte, pele moreno clara e olhos de um azul intenso que roubou o ar do meu peito... e armas por todo lado. Havia um cinto com duas na cintura, dois coldres pendurados no pescoço e pendendo no peito largo, cinto com facas abraçando sua coxa musculosa... obviamente um policial.

- Lucca, bom te ver de novo.

Lucca veio na minha direção com expressão de poucos amigos me fazendo encolher, e no último segundo passou direto e foi até meu irmão. Deixou um rastro de perfume suave por onde passou, algo entre cítrico e levemente doce.

Os quatro fecharam a roda ao redor dele e uma discussão acalorada começou. Deixei o ar escapar dos meus pulmões e observei eles. Meu irmão parecia uma criança perto dos quatro. Aqueles eram os maiores homens que eu já tinha visto, principalmente Lucca. E eu iria morar com eles? Balancei a cabeça, torcendo para eles convencerem meu irmão a me deixar ir embora.

O ponto a favor deles é que todos eram muito bonitos, inclusive o da tanguinha. Mas eram homens, e mais velhos e eu queria aproveitar a facul.... Um movimento frenético do lado de fora me chamou a atenção e antes que pudesse saber o que estava acontecendo, voei porta afora.

- Ooops! – Cai de joelhos, agarrando uma criança segundos antes dela cair no chão. Agradeci pelos reflexos rápidos que eu sempre tive enquanto suspirava de alivio. – Tudo bem?

Ele se endireitou com lágrimas nos olhos e um biquinho fofo e me olhou. Ele tinha síndrome de Down, era óbvio pelos olhos puxadinhos e bochechas fartas. Baguncei seus cabelos e sorri para ele.

- Você se machucou? – Ele balançou a cabeça e eu pisquei para ele. – Bom garoto.

Ele estava se esforçando para segurar as lágrimas e aquela era a cena mais fofa que eu já tinha visto em anos.

- Vou te dar um prêmio por ter sido tão valente. – Tateei meus bolsos e achei uma balinha. Estendi para ele, e ele aceitou com um sorrisão no rosto, enquanto ele ia embora contente e eu sorria de orelha a orelha. Adorava crianças.

Ainda ajoelhada no chão, olhei para dentro do apartamento e os cinco homens me encaravam em um silêncio absoluto.

Queimando de vergonha, eu me endireitei e entrei cautelosamente no apartamento. Me aproximei devagar deles e pigarreei. Mexi meus pés e olhei com firmeza para o meu irmão.

- Daor... posso morar em outro lugar. Não precisa incomodar seus amigos.

- Gal...

Segurei a sua blusa, uma mania que eu tinha desde quando era pequena. Era afeto, amor, suplica.

- Posso morar em outro lugar. – Me virei para eles e sorri sem graça. – Meu irmão surtou quando viu o dormitório da faculdade e me trouxe aqui imediatamente, mas não precisam se preocupar. – Dei um olhar apertado na direção de Gaby – eu posso me virar.

Ainda sem soltar a blusa do meu irmão, puxei ele. Uma gargalhada gostosa atrás de mim me fez congelar no caminho.

- Está decidido! Ela fica.

Virei para trás e recebi um abraço de urso do peladão.

Ele era tão grande que eu batia abaixo de seu ombro. Bagunçou meus cabelos como eu fiz com o menino e sorriu amigavelmente.

- Você será um ótimo bichinho de estimação.

- O que? – Eu grasnei. – Não, eu não vou...

- Estávamos discutindo se você não ia ficar desconfortável de morar conosco. Não se preocupe, você estará bem com a gente e qualquer pessoa querida para o Gaby é querida por nós também. – O loiro sorriu. Ele tinha covinhas, e parecia um príncipe. – A propósito, eu sou o Oliver.

Ele estendeu a mão e eu me aproximei para aperta-la.

- Tem certeza? – Todos eles assentiram, menos Lucca. – Eu sou a Gal.

- Só Gal? – Ben perguntou.

- Estou tentando amenizar o mau gosto que meu pai tinha para nomes – Dei de ombros.

O de cabelo preto gargalhou de forma gostosa e estendeu a mão para mim.

- Sou Oliver. – Ele tinha olhos intensos e tatuagens pelos braços. Meio dark, mas parecia legal.

Me virei para o último deles, mas ele apenas me deu um olhar de aviso.

- Não sou a favor de você morar aqui – Se aproximou até estar a um palmo de distância – Não quero te ver na minha frente. Não quero que me encha o saco. Não quero que se dirija a mim. Se seguir isso, vai conseguir sobreviver nessa casa.

E virou as costas para mim. Enquanto eu assistia sua partida, engoli em seco.

É... ia ser difícil morar aqui. Principalmente pelo inimigo que eu tinha acabado de fazer.

Bad heavenOnde histórias criam vida. Descubra agora