Capitulo 3 - Sometimes you gotta burn (I hate you, i love you - Gnash)

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Meu irmão havia ido embora já faziam alguns minutos, depois de me avisar várias vezes para que eu tomasse cuidado, para que ligasse para ele todos os dias, que ele confiava a vida naqueles homens e repetiu tudo de novo até que eu o expulsasse porta afora. A vida já estava difícil demais por ter que morar com um tarado, um príncipe, um emo e um policial que me odiava sem ter que aguentar meu irmão tagarela.

Agora, eu começava a sentir falta da conversa frenética dele. Eu estava sentada de forma silenciosa em uma cadeira. Observei pela primeira vez aquele lugar. Ao contrário do que eu havia imaginado quando vi a fachada do prédio, o apartamento era bonito e bem mobiliado, apesar de ser pequeno. Eu estava na sala com pé direito duplo e com uma cozinha americana a direita. Grandes janelas que iam até o teto davam uma visão maravilhosa da cidade e ao meu lado uma escada levava até o segundo andar, que ocupava apenas o espaço de um corredor acima de mim. Era possível ver três portas no segundo andar.

Oliver estava conversando com Lucca em algum lugar da casa, depois que ele tinha declarado seu ódio sobre mim e ditado as leis de sobrevivência, Max tinha saído todo animado dizendo que ia me mostrar uma coisa (apesar de eu insistir categoricamente que não precisava ver) e Benjamim estava no sofá perto de mim. Ele ainda dedilhava a guitarra, concentrado na televisão ligada e eu tentava identificar a canção, para controlar meu nervosismo. Até agora eu não tinha visto o resto da casa e não sabia muito bem o que fazer ou como agir. Aquela casa pertencia a quatro caras adultos e eu me sentia uma invasora vendo as roupas espalhadas pela sala, os traços masculinos nos móveis e nas paredes e o cheiro de loção.

Comecei a cantarolar suavemente quando reconheci Rolling in the deep da Adelle, e Benjamin olhou surpreso para mim.

Senti o rosto queimar de vergonha e baixei a cabeça. A timidez as vezes era um saco.

- Não, tava bom – ele me incentivou. – Continua.

Ele me incentivou mais algumas vezes, de forma suave e sensual que fizeram meu coração acelerar. Finalmente, recomecei de onde tinha parado, e ele me seguiu, tocando e criando. Testei elevar minha voz e ele sorriu, criando rugas em torno dos olhos. Ah, ele era lindo de um jeito perigoso.

Quando chegamos na parte do refrão, cantamos juntos em alto e bom som, e eu permiti que aquilo me libertasse. Fechei os olhos e deixei tudo aquilo que eu guardava dentro de mim sair, na voz melodiosa que eu ganhei de mamãe.

Encerramos com aplausos e no final eu sorria abertamente. Benjamin se esticou e ofereceu a palma da mão aberta para que eu batesse, em um sinal de camaradagem.

- Uau! Isso foi muito bom, Gal! – Oliver piscou para mim e eu tive certeza que meu rosto estava da cor de meus cabelos.

Max assentiu em concordância, seus cachinhos negros balançando com ele e mais à frente... Lucca me olhava de forma indiferente. Como se eu fosse um inseto. Engoli em seco e resolvi fazer aquilo que meu pai sempre dizia: se há algum mal entendido, você deve resolvê-lo antes que se torne um péssimo mal entendido.

Levantei e parei na frente dele, engolindo em seco quando recebi um olhar gelado. Um olhar gelado e azul, que me fez arrepiar dos pés à cabeça, e eu não sabia se era de um jeito exatamente bom.

- Se... – hesitei diante dele, com seu olhar me prometendo que a primeiro sinal de fraqueza minha eu seria pisoteada – Se há algum mal entendido entre nós...

- O que eu te disse? Não se dirija a mim. – E passou por mim, batendo no meu ombro com força, me fazendo desequilibrar.

- Lucca! – Oliver gritou.

Max me apoiou gentilmente e eu encolhi quando a porta da frente bateu com força.

- Não se preocupe com ele – Oliver falou, parecendo sem graça. – Ele é assim sempre.

- Tudo bem... – Eu olhei a porta de forma desanimada, com a sensação de que minha vida na faculdade iria ser mais difícil do que eu tinha imaginado.

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⏰ Última atualização: Nov 27, 2020 ⏰

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